― É segunda-feira.
Jim disse. Ela usava um vestido de verão amarelo-claro com um xale vermelho amarrado na cintura e sandálias da mesma cor, a própria imagem do verão: cintilante e radiante.
Kath, por sua vez, optara por preto.
Brincos pretos, colar preto, vestido preto, sandálias pretas. Mundo preto. Tudo parecia muito escuro, muito vazio, muito... frio. Sem Lin. Ao ver que não recebia resposta, Jim continuou.
— Você não trabalha às segundas-feiras.
— Hoje sim.Kath disse, e encontrou a xícara preta, que encheu de café... preto. Ela se sentou à mesa e envolveu a xícara com as mãos enquanto contemplava a volta ao mundo real, à rotina de sempre, sem Lin ao lado. Sinceramente, a única coisa que tinha para fazer no salão era o cabelo de Inez, pois os funcionários marcavam os próprios tratamentos para as segundas-feiras, quando os clientes de Kath e de Inez sabiam que a loja fechava. Todavia, Kath planejara ficar no salão mesmo depois de terminar o cabelo de Inez. Queria ficar sozinha, queria pensar, queria
chafurdar na infelicidade. Queria Lin.— Kirk recebeu uma tarefa ontem à noite.
Jim disse, aparentemente tentando puxar assunto mais uma vez.
Apesar de Kath não estar realmente disposta a conversar, estava curiosa sobre o novo fantasma de Kirk.
Os fantasmas estavam no destino da família, afinal de contas.
— De noite?
— É. Levantei para pegar um copo de suco e o encontrei saindo da sala. Esta é uma garotinha que estava naquele edifício em LaPlace que pegou fogo semana passada. Kirk na verdade ajudou a apagar o incêndio e disse que duas pessoas morreram. Obviamente o homem fez a passagem sem problemas, mas a filhinha precisa se despedir da avó. Kirk pretende visitar a senhora hoje para ajudar a menina a fazer
a transição
— Que ótimo.Kath disse, depois bebeu mais um gole de café amargo.
Nada de açúcar hoje. Ela não estava no clima para nada que fosse doce.
— E Mile disse que começou a ouvir alguém chorando. Ele diz que ainda é algo que está longe, mas que deve acabar recebendo uma tarefa em breve.
— Que ótimo.Kath repetiu. Jim completou a xícara de café e foi se sentar à mesa em frente a Kath.
— Bem que queria não ter de ir à escola hoje. Acho que você precisa de companhia, mas hoje é dia de plantão dos professores antes do recomeço das aulas na semana que vem, não posso deixar de ir.
Ela franziu o cenho ao provar do café.
— O que vou dizer vai parecer esquisito vindo de mim, mas lamento que ela tenha feito a passagem. Porém, se ela ficasse, estaria para sempre presa no meio-termo, no limbo. Você fez a coisa certa ao convencê-la a partir.
— O problema não foi convencê-la a partir. Eu a estava ensinando a amar. E ensinei. Só que ela não se apaixonou por Chungha.Ela sentiu um aperto na garganta, mas se forçou a continuar falando.
— Ela se apaixonou por mim.
— Ah, meu bem, sinto muito.Jim disse, e Eunwoo entrou na cozinha de paletó escuro e gravata azul-royal.
— De volta ao trabalho, como sempre.
Ele disse, mal-humorado, e começou a abrir as portas dos armários à procura do café da manhã.
Pegou uma caixa de farinha de aveia, abriu dois pacotes e os jogou em uma tigela exageradamente grande. Depois acrescentou água, pôs no micro-ondas e se virou para olhar para elas.
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Paradise
FanfictionKath Raywatt tem um segredo: ela é uma médium dedicada a ajudar os espíritos a passar para o outro lado. Infelizmente, Kath tem estado tão ocupada com o mundo etéreo que se descuidou de sua vida terrena. Ao encontrar a falecida, porém sexy, Lin Sas...