Fallen Angel

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— Minha fantasma não poderá fazer a passagem se não aprender a amar. Tenho pensado em como ensinar isso a ela.

Ela só não disse e pensado em como convencê-la afazer a passagem quando, na verdade, quero que fique.

— E acho estranho que tanto eu quanto você tenhamos pegado fantasmas que não fizeram a passagem imediatamente.
— Não estou entendendo.

Eunwoo disse, quando Evette tirou a cabeça de dentro do secador.

— Estou pronta, Kath?

Ela gritou, se abanando com uma revista devido ao calor. Kath olhou para o relógio perto da cadeira.

— Mais dez minutos, Evette. Se você aguentar este tempo, o resultado da coloração será bem melhor.
— Aguento.

Ela disse, e enfiou a cabeça de volta no secador, voltando a ler a revista.

Kath sorriu, olhou para o corte de Eunwoo no espelho e balançou a cabeça em aprovação.

— Você vai arrasar na praia.

Ela pegou uma lata de musse e fez uma grande bola branca do produto sobre a palma da mão. Esfregou as mãos e aplicou o musse nos cachos de Eunwoo.

— Perfeito.

Eunwoo foi pegar a carteira no bolso de trás da calça, mas Kath fez que não com a cabeça.

— Até parece que eu vou lhe cobrar.

Ele com certeza sabia que ela não iria cobrar, pois nem chegou a tirar a carteira totalmente do bolso. Enfiou-a de volta e falou.

— Obrigado. A propósito, não vou sair desta cadeira antes de você me dizer qual carta tem na manga.
— Quero que Lin conheça Chungha.

Ela disse antes de pensar. A verdade era que ela não queria que Lin conhecesse Chungha nem mulher alguma. Infelizmente, a verdade dói.

Ela não podia se importar se Lin Sasinpimon se apaixonasse por alguém, menos ainda se fosse por outro espírito. Mas se Lin conhecesse Chungha e se apaixonasse por ela, acabaria fazendo a passagem, eliminando assim qualquer chance de Kath revê-la do lado de cá. A ideia de não revê-la nunca mais não era só uma dor, mas uma verdadeira pancada, e Kath não entendia o porquê. Passara menos de um dia com o raio da fantasma, mas nesse prazo se dera a ela muito mais do que era capaz. E, ainda assim, queria lhe dar mais. Queria lhe dar tudo.

Mas não podia. E nada poderia mudar essa realidade. Todavia, se ela não fizesse tudo o que estivesse a seu alcance para fazê-la passar para o outro lado antes que o prazo expirasse, jamais se perdoaria. Claro que Lin não pretendia ficar no limbo para sempre, e, se pretendia, era só por não se dar conta de como as coisas podiam ser boas do outro lado da luz.

Tudo era melhor por lá, certo?

Era isso que ela dizia aos fantasmas que ajudava, e nenhum deles jamais retornou para dizer o contrário.

— Você quer que ela conheça Chungha? Por
quê?
— Lin não poderá passar para o outro lado enquanto não aprender a amar. Chungha também está no limbo. Ela é uma fantasma doce e bela, Lin também. Preciso explicar mais?

Kath agia como se a ideia não lhe cortasse o coração.

Era a solução perfeita; bancar o cupido entre as fantasmas, mas isso não queria dizer que ela não estava com vontade de berrar, apesar de forçar um sorriso ao olhar para o reflexo do irmão no espelho.

Ele deu um suspiro resignado e tirou a capa de cima de si, jogando-a na lata de cromo para peças sujas. Então fechou os olhos e balançou a cabeça.

— Sabe de uma coisa?
— O quê?
— Acho que você tem razão. Quase odeio ter de dizer isso, inferno, mas não posso negar que tenho sentido algo por Chungha. Quero dizer, tenho tentado ao máximo agir como se essa missão fosse como as outras, mas não é. Fiquei contente quando Chungha me chamou para acompanhá-las à casa de praia esta semana.

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