Celestine sentia o calor do beijo ainda pulsar em seus lábios, o coração batendo acelerado. A sala de pintura de Benedict, iluminada apenas pela suave luz das velas, parecia isolada do mundo exterior, como se tivessem se refugiado em um universo só deles. Cada linha de expressão no rosto de Benedict, cada respiração profunda, a fazia sentir-se mais próxima dele do que jamais estivera de outra pessoa.
Ela sabia que o que estavam fazendo era arriscado. Sabia das regras da sociedade, das expectativas de sua posição como princesa, da vigilância constante que sua madrinha e os olhares atentos da sociedade mantinham sobre ela. Mas ali, naquele momento, tudo parecia irrelevante. Ela não queria parar. Não sabia quando, ou se, teria a chance de estar com Benedict assim novamente.
"Benedict..." A voz dela saiu baixa, quase um sussurro.
Ele a olhou com intensidade, o olhar profundo e cheio de algo que Celestine não sabia como nomear, mas que sentia se refletir dentro de si. Havia desejo, mas também uma compreensão mútua, um respeito que apenas tornava aquele momento ainda mais profundo.
"Eu sei que devemos voltar," disse ele, a voz rouca de emoção, "mas é difícil... deixá-la ir."
Celestine hesitou, sabendo que ele tinha razão, mas o conflito em seu peito era real. "E se não houver outra oportunidade, Benedict? E se... este for o último momento que temos?" Sua mão estava sobre o peito dele, sentindo o batimento forte de seu coração. O calor entre eles era quase palpável.
Benedict suspirou, puxando-a para mais perto, as mãos firmes em sua cintura. "Não vai ser o último momento, Lina. Não pode ser. Eu não vou permitir que isso acabe aqui."
Ela fitou os olhos azuis de Benedict, cheios de promessas não ditas. A responsabilidade pesava sobre ela — o dever que tinha com sua família, com seu título, com seu país. Mas, ao mesmo tempo, havia o desejo crescente de seguir seu coração, de encontrar sua própria felicidade ao lado do homem que a fazia sentir-se viva.
"Eu não quero parar," ela confessou, a voz suave e carregada de emoção. "Não quero voltar a ser apenas a princesa que todos esperam que eu seja."
Ele a encarou por um longo momento, como se estivesse tentando decifrar seus pensamentos. "Lina..." Ele começou, mas antes que pudesse continuar, ela se inclinou para frente, os lábios colidindo com os dele em um beijo cheio de urgência.
Era como se o tempo tivesse parado. Suas mãos envolveram o rosto de Benedict, os dedos entrelaçando-se em seus cabelos enquanto ele a puxava ainda mais para perto, correspondendo com igual intensidade. O som do coração dela parecia ecoar por toda a sala, e tudo o que ela conseguia sentir era a proximidade de Benedict, o calor de seus corpos.
A razão, por um breve instante, se perdeu completamente.
Quando se afastaram, ambos ofegantes, ele tocou o rosto dela com uma suavidade que a fez estremecer. "Eu não quero que você sinta que precisa fazer algo contra sua vontade," ele disse baixinho, os olhos fixos nos dela. "Mas, Lina... eu também não sei quando terei a chance de estar com você assim de novo."
Ela sabia que estavam no limite. Um escândalo, se descobertos, não só prejudicaria sua reputação, mas poderia obrigá-los a um futuro incerto — um futuro que ela não tinha certeza se estava pronta para encarar. Mas o medo de nunca mais sentir aquilo, de nunca mais ter aquele tipo de conexão com ele, a fez balançar.
"O que fazemos agora?" perguntou ela, a voz tão leve quanto o ar ao redor deles.
Benedict sorriu, suave e compreensivo. "Agora, voltamos para o baile... mas prometo que esta não será a última vez que estaremos juntos. Vamos encontrar uma maneira."
Celestine assentiu, sentindo uma mistura de tristeza e esperança. Ela não queria que aquele momento acabasse, mas sabia que, por agora, precisava. Eles não podiam permanecer ali por mais tempo sem que alguém notasse.
Antes de saírem, ela olhou uma última vez para o esboço que Benedict havia feito dela. Ele capturara algo mais do que sua imagem; capturara a essência de quem ela realmente era. E, naquele momento, ela se sentiu verdadeiramente vista, como nunca antes.
Com uma última troca de olhares cúmplices, eles se separaram e deixaram a sala de pintura, prontos para voltar ao mundo ao qual pertenciam, mesmo que apenas por enquanto.
Celestine respirou fundo enquanto eles deixavam a sala de pintura. O corredor parecia mais frio em contraste com o calor do estúdio, e o som distante do baile começou a preencher seus ouvidos novamente. Cada passo que dava ao lado de Benedict a trazia de volta à realidade, e, por mais que desejasse prolongar aquele momento, sabia que o dever e a etiqueta da sociedade os aguardavam.
Benedict andava ao seu lado em silêncio, mas seus olhares se cruzavam de tempos em tempos, cúmplices, carregados de significados que não precisavam ser ditos em palavras. Celestine sentia o peso da decisão que haviam tomado — de voltar ao baile, de se separar por ora —, mas também havia uma chama de esperança em seu peito. Ele prometera que aquilo não seria o fim, e ela queria acreditar nisso.
Quando se aproximaram da entrada do salão, o som da música e das risadas ficou mais forte, e a ilusão de que tinham o mundo só para eles começou a se dissipar. Antes de entrarem, Benedict parou por um momento, olhando para Celestine com um sorriso discreto.
"Vai ficar tudo bem," disse ele, sua voz baixa, mas cheia de convicção. "Você confia em mim?"
Celestine sorriu de volta, sentindo uma onda de ternura por ele. "Sim, confio."
Com isso, eles voltaram ao baile, misturando-se novamente aos convidados. Celestine sentiu a atenção dos olhares voltados para ela, como sempre acontecia em qualquer evento social, mas agora havia algo diferente. Ela não se sentia mais apenas uma princesa; sentia-se Lina, a mulher que Benedict via, a mulher que começava a descobrir quem realmente era.
Lady Violet Bridgerton estava conversando com alguns convidados próximos à pista de dança, e quando viu os dois voltarem, ofereceu-lhes um sorriso gentil. Não havia sinal de que alguém suspeitasse de onde estiveram. Celestine sentiu um leve alívio, embora ainda sentisse o calor do beijo em seus lábios e o desejo de estar novamente sozinha com Benedict.
Antes que pudessem ser engolidos pela multidão de dançarinos, Benedict se inclinou ligeiramente e sussurrou no ouvido de Celestine: "Lembre-se do que eu disse. Não acabou."
Ela assentiu, o coração batendo mais rápido. Com um último olhar, ele se afastou, sendo puxado por algum conhecido para uma conversa que ela mal percebeu.
A noite continuou, mas a mente de Celestine estava distante, voltando sempre ao esboço que ele fizera dela, ao toque de seus lábios e ao fato de que o que tinham era algo mais forte do que qualquer obrigação imposta pela sociedade.
Quando a dama de companhia finalmente retornou ao seu lado, Celestine estava pronta para se perder na música e nas conversas até que a noite acabasse. Ela sabia que o amanhã traria novas complicações, mas por enquanto, naquele momento, guardava o segredo de seu encontro com Benedict como algo precioso.
O beijo deles, o esboço, o corredor afastado... Aquilo não seria o fim, e ela sabia disso.
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A Royal Brush with Love
FanfictionEm uma Londres vibrante, repleta de bailes e intrigas da alta sociedade, Celestine Montague, uma jovem princesa da Alemanha, chega para passar a temporada ao lado de sua madrinha, a Rainha Charlotte. Com seus cabelos ruivos e olhos verdes brilhantes...