Capítulo 15

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"Meus queridos leitores, parece que o foco da nossa sociedade está se voltando, mais uma vez, para a nossa encantadora princesa Celestine. Depois de uma noite repleta de olhares significativos e danças harmoniosas, a jovem princesa continua a ser o centro das atenções. Mas, como sempre, o que se passa à vista de todos pode não ser o que realmente importa. Há rumores de que a princesa e um certo Bridgerton compartilham mais do que simples passos de dança... O que será que está por vir? Só o tempo — e esta colunista — poderão dizer."

Celestine colocou o jornal sobre a mesa de mármore, suspirando levemente enquanto seus dedos tamborilavam contra o papel. Ela havia se acostumado com o estilo perspicaz de Lady Whistledown, mas ler algo tão próximo da verdade a deixou inquieta. A menção de que "um certo Bridgerton" poderia estar envolvido fez seu coração acelerar de imediato. Ela e Benedict haviam sido discretos, ou ao menos assim pensaram.

A princesa estava no ateliê montado pela rainha, o único lugar onde podia se perder em suas pinturas sem se preocupar com as opiniões da sociedade. Mas, naquele momento, até mesmo o pincel entre seus dedos parecia pesar. Sua mente estava ocupada demais com os eventos do baile e com o que aquilo significava.

Enquanto observava o quadro que havia começado mais cedo, uma representação abstrata de emoções que ela não conseguia descrever em palavras, ouviu o som de passos suaves do lado de fora. Era a rainha Charlotte, entrando no ateliê com um sorriso calmo.

"Lina," a voz da rainha soou familiar e acolhedora. "Vejo que a coluna de Lady Whistledown fez uma forte impressão em você esta manhã."

Celestine se virou para sua madrinha, tentando manter a expressão serena. "Ela parece ter um talento especial para capturar os momentos mais... significativos, mesmo quando não deveria."

A rainha se aproximou, observando as pinceladas no quadro que Celestine havia começado. "Você está preocupada com o que foi escrito?" Ela virou-se para a afilhada, os olhos claros e sagazes, já prevendo a resposta.

"Um pouco," admitiu Celestine, mordendo o lábio inferior. "Eu sabia que minha chegada em Londres atrairia atenções, mas agora parece que qualquer passo em falso pode se transformar em algo... maior do que deveria."

A rainha Charlotte assentiu, colocando uma mão leve no ombro de Celestine. "Sei que é uma situação delicada, minha querida. Mas você é forte, e sua reputação está nas mãos de pessoas que te respeitam. Benedict Bridgerton, por exemplo, é um homem honrado. Eu conheço a família dele, e eles sabem como lidar com a sociedade."

Celestine sentiu o calor subir ao seu rosto ao ouvir o nome de Benedict. A rainha, como sempre, sabia mais do que deixava transparecer.

"Mas," continuou a rainha, seus olhos cintilando com um misto de afeto e advertência, "se algo mais sério se desenrolar entre você e ele, saiba que Londres nunca fecha os olhos. Se houver algo mais... você precisará estar preparada."

Celestine olhou para sua madrinha, compreendendo as implicações. Se o beijo secreto fosse descoberto, ou se qualquer relacionamento mais profundo surgisse entre ela e Benedict, o casamento seria inevitável.

"Entendo, madrinha," disse Celestine, em voz baixa. "Só espero que, se algo acontecer, seja pelos motivos certos, e não por uma imposição social."

A rainha sorriu suavemente, admirando a força e a sabedoria da jovem princesa. "Ah, minha querida, o amor nunca deveria ser uma imposição. Mas saiba que estou ao seu lado, independentemente do que decidir."

Celestine sorriu, grata pelo apoio incondicional de sua madrinha. Mesmo com a pressão da sociedade, ela sabia que sempre poderia contar com Charlotte.

Enquanto isso, na casa dos Bridgerton, Benedict ainda estava imerso em seus pensamentos sobre o que havia compartilhado com Colin. Desde o momento em que havia revelado o beijo para seu irmão, a realidade de sua situação parecia mais pesada. Ele sabia que estava se apaixonando por Celestine, mas também sabia que qualquer movimento imprudente poderia comprometer o futuro de ambos.

No fundo, Benedict sentia que precisaria agir logo, antes que a sociedade tomasse o controle de suas vidas. A pergunta que o atormentava era: ele estava pronto para tomar a decisão que poderia mudar tudo?

Na casa dos Bridgerton, Benedict ainda não conseguia afastar os pensamentos que o consumiam desde o baile. Depois de sua conversa com Colin, ele estava mais ciente do risco que corria, mas também da intensidade de seus sentimentos por Celestine. Algo nele mudara depois daquele beijo. Não era apenas atração física, mas uma conexão genuína, como se ela o compreendesse de uma forma que ele nunca havia sentido antes.

O aroma suave do chá fresco trouxe Benedict de volta à realidade. Lady Violet, sua mãe, estava sentada à mesa com um ar sereno. "Benedict," ela chamou, enquanto lhe servia uma xícara. "Você parece estar muito distante esta manhã. Algo o incomoda?"

Ele tentou disfarçar o turbilhão de pensamentos que o cercava, mas sua mãe sempre fora perceptiva. "Nada demais, mãe," respondeu, pegando a xícara de chá e dando um gole. "Apenas... refletindo sobre algumas coisas."

Lady Violet observou o filho com um sorriso calmo, mas com aquele brilho curioso no olhar. "Essas reflexões teriam algo a ver com uma certa princesa que esteve em nosso baile?"

Benedict quase engasgou com o chá, o que fez sua mãe dar uma risada baixa. "Ora, meu filho, eu observo as interações nos meus bailes. Não pense que algo me passa despercebido."

Ele suspirou, resignado. "A senhorita Montague é... fascinante, mãe. Mas nossa situação é... complicada." Não podia, ainda, mencionar o beijo. Não para ela.

"Fascinante, é?" Violet respondeu, com uma sobrancelha arqueada. "Bem, meu querido, eu conheço aquele olhar. Só lhe peço que tenha cuidado. As paixões podem se acender rapidamente, e com a reputação dela envolvida, você sabe como Londres pode ser impiedosa."

Benedict assentiu, sentindo o peso das palavras de sua mãe. Ele sabia que precisava ter cautela, mas algo dentro dele também ansiava por mais. Ele queria conhecer Celestine de verdade, e não deixar a sociedade decidir o destino deles antes mesmo que pudessem fazer isso por si mesmos.

Mais tarde naquele dia, Benedict encontrou-se novamente na companhia de Colin, que estava mais animado do que de costume. "Então, irmão, o que decidiu sobre a nossa princesa?" Colin perguntou, sem rodeios, enquanto ambos caminhavam pelo jardim da casa.

Benedict soltou um suspiro pesado, mas uma pequena chama de determinação já começava a brilhar em seu peito. "Eu preciso me aproximar dela de maneira adequada, Colin. Não posso simplesmente esperar que o destino resolva tudo por nós."

Colin olhou para ele com uma expressão intrigada. "E como pretende fazer isso? Lady Violet não vai ficar muito feliz se descobrir que você está tentando cortejar a princesa sem ser discreto. E a rainha Charlotte? Ela certamente terá algo a dizer."

Benedict olhou para o céu, contemplando a complexidade da situação. "Eu ainda não sei, mas vou descobrir. E vou fazer isso sem comprometer a reputação dela. Ela merece muito mais do que apenas um romance às escondidas."

Colin sorriu, dando-lhe um tapa amigável no ombro. "Esse é o espírito, irmão. Agora, seja cuidadoso. A última coisa que queremos é ver seu nome nas colunas de Lady Whistledown como protagonista de um escândalo."

Benedict riu, mas sabia que Colin estava certo. Ele precisava agir com sabedoria, e cada passo que desse em direção a Celestine teria que ser calculado.

Enquanto isso, no palácio, Celestine ainda estava perdida em seus pensamentos quando sua dama de companhia entrou na sala de pintura, anunciando que havia uma correspondência para ela. A carta, marcada com o selo da família Bridgerton, fez o coração da jovem princesa acelerar.

Ela abriu o envelope com cuidado e, ao ler as palavras de Benedict, seu coração se encheu de uma mistura de emoção e incerteza.

"Minha querida princesa,
Não posso evitar escrever-lhe, embora saiba que nossas interações recentes exigem discrição. Porém, depois do baile e dos momentos que compartilhamos, sinto que preciso conhecê-la de verdade.
Permita-me cortejá-la como você merece, com respeito e consideração, sem pressa, mas com a intenção de entender melhor essa conexão que parece nos cercar.
Seja qual for a sua resposta, estarei à sua disposição."

Celestine sorriu ao terminar de ler a carta, mas a preocupação ainda pairava em sua mente. Benedict estava pedindo por algo mais, algo verdadeiro, mas eles teriam que navegar cuidadosamente pelos olhos atentos da sociedade.

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