Capítulo 10

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"Não é surpresa que a jovem princesa alemã, Celestine Montague, esteja atraindo olhares desde sua chegada a Londres. Com seus modos impecáveis e sua paixão por arte, ela rapidamente conquistou os círculos mais exclusivos da sociedade. No entanto, parece que não é apenas seu talento com os pincéis que está chamando atenção. A cada evento em que comparece, o Sr. Benedict Bridgerton parece não estar muito longe. Poderia a bela princesa ter encontrado uma alma artística semelhante entre a nobreza londrina? Apenas o tempo dirá, caros leitores, mas esta colunista aposta que haverá mais a observar nas próximas semanas..."

Celestine arregalou os olhos enquanto lia a coluna de Lady Whistledown com sua madrinha, a Rainha Charlotte, sentada ao seu lado. O salão iluminado pela manhã estava calmo, exceto pela leve risada da Rainha ao ver a reação de sua afilhada.

"Ah, Lady Whistledown é mesmo afiada," comentou a Rainha, com um sorriso divertido. "Sempre atenta a tudo o que acontece na alta sociedade. Parece que você se tornou o assunto principal."

Celestine deixou o jornal no colo, seus olhos verdes refletindo uma mistura de surpresa e desconforto. "Eu sabia que seria observada, mas não imaginei que minha associação com o Sr. Bridgerton fosse comentada tão cedo."

Charlotte deu uma risada leve e afetuosa. "Minha querida Lina, você está em Londres. Qualquer interação que você tiver será notada, especialmente se envolver um dos filhos de Lady Bridgerton. Benedict tem uma reputação de ser um pouco... reservado, mas muito talentoso. É claro que isso despertaria curiosidade."

Celestine assentiu, ainda processando as palavras. Embora não tivesse nada contra Benedict, e até se sentisse intrigada por ele, o fato de ser tão rapidamente associada a alguém em um ambiente social tão novo era desconcertante.

"Eu aprecio sua companhia, e nossas conversas sobre arte foram... interessantes," disse ela, tentando disfarçar a inquietação. "Mas não sei se estou pronta para lidar com esses rumores."

A Rainha Charlotte colocou uma mão gentil sobre a de Celestine. "A sociedade pode ser implacável, mas você, minha querida, deve manter sua cabeça erguida. Se é de Benedict Bridgerton que falam, não vejo razão para preocupação. Ele é um homem decente, e seus interesses em comum podem ser uma oportunidade para você se sentir mais à vontade aqui em Londres."

Celestine respirou fundo, tentando relaxar diante das palavras de sua madrinha. A Rainha sempre foi uma fonte de apoio, especialmente em relação a suas paixões artísticas, algo que muitas outras figuras da alta sociedade viam com menos importância.

"Agora, falando em arte," disse Charlotte com um brilho no olhar, "lembre-se de que você tem seu próprio ateliê aqui, ao lado de seu quarto. Preparei tudo com muito cuidado. Por que não aproveita e vai pintar um pouco? Isso sempre a tranquiliza."

Celestine sorriu, grata pela sugestão. "Acho que seria uma boa ideia, madrinha. Talvez eu consiga colocar meus pensamentos em ordem."

A Rainha Charlotte a observou com um olhar carinhoso. "Lina, você é jovem e tem todo o tempo do mundo. Não se sinta pressionada pelas expectativas dos outros. Viva sua própria história, no seu tempo."

Com essas palavras de encorajamento, Celestine se levantou e caminhou em direção ao ateliê. Seus pensamentos ainda estavam agitados, mas ela sabia que, com um pincel em mãos e uma tela em branco à sua frente, poderia encontrar a calma que procurava.

Celestine caminhou pelo longo corredor até seu ateliê, a luz suave da manhã preenchendo os vitrais, criando um jogo de sombras coloridas no chão de mármore. Quando abriu a porta de madeira esculpida, foi recebida pelo aroma familiar de tinta fresca e telas em branco. A visão de seu espaço cuidadosamente preparado fez com que ela se sentisse um pouco mais tranquila, como se ali pudesse escapar da agitação social que Lady Whistledown inevitavelmente traria.

Ela respirou fundo, caminhando até o cavalete no centro do ateliê. A tela em branco diante dela parecia convidá-la a expressar seus pensamentos e sentimentos, que naquele momento eram confusos e agitados. Celestine pegou um pincel e começou a misturar as cores na paleta, os tons de verde e azul refletindo o que pairava em sua mente — a visão dos olhos expressivos de Benedict Bridgerton, que ela mal conhecia, mas já parecia ter deixado uma marca.

Enquanto seus dedos ágeis trabalhavam, mergulhando o pincel nas cores e dando as primeiras pinceladas na tela, sua mente vagava. Havia algo no Sr. Bridgerton que a deixava curiosa, algo além das convenções sociais. Ele parecia compartilhar uma alma artística, uma paixão pela beleza e pela criação, que ela raramente encontrava em homens daquela sociedade. Mas seria suficiente? Seria isso o que realmente a conectaria a ele?

Ela estava perdida em seus pensamentos quando ouviu uma batida suave na porta. Virando-se rapidamente, viu uma criada entrar com um sorriso gentil e um bilhete nas mãos.

"Com licença, princesa," disse a criada, fazendo uma reverência. "A Rainha pediu que eu entregasse isto a você."

Celestine enxugou as mãos em um pano antes de pegar o bilhete e abrir o envelope com o selo real. Era uma nota simples da Rainha Charlotte:

"Querida Lina, há rumores de que Lady Violet Bridgerton está planejando um pequeno encontro em família para esta semana. Pensei que seria uma boa oportunidade para você relaxar entre amigos e também para ver o Sr. Bridgerton novamente. Sei o quanto gosta de bons diálogos. Estarei ansiosa para saber sua resposta. Com carinho, Charlotte."

Celestine sorriu ao ler o bilhete. Era típico de sua madrinha arranjar situações sociais com a sutileza de uma jogadora de xadrez. Charlotte sabia que a jovem princesa estava curiosa sobre Benedict, e essa era uma maneira discreta de proporcionar mais oportunidades para que eles se conhecessem.

Porém, apesar do convite tentador, a pressão de ser o centro das atenções em Londres ainda a incomodava. Ela não queria que sua vida fosse definida pelas expectativas dos outros, muito menos pelos comentários de Lady Whistledown. E ao mesmo tempo, parte de sua mente ficava fascinada pelo fato de Benedict também compartilhar essa fuga da sociedade através da arte.

Celestine pegou uma folha de papel e respondeu à Rainha com um breve agradecimento, confirmando sua presença no encontro. Ela ainda tinha suas reservas, mas sabia que Charlotte tinha um senso aguçado para entender o que seria melhor para sua afilhada.

Quando terminou de escrever, olhou novamente para a tela à sua frente. As pinceladas suaves de verde e azul haviam formado um cenário que ela ainda não conseguia definir completamente, mas algo naquela obra refletia o estado de seu coração — um misto de curiosidade e incerteza.

No salão ao lado, a Rainha Charlotte, sempre perspicaz, sorriu ao ler a resposta de sua afilhada. Ela sabia que Lina precisava encontrar seu caminho em Londres, e que Benedict Bridgerton poderia ser a chave para abrir mais do que portas sociais. Havia algo nele que poderia oferecer à princesa uma companhia verdadeira, algo que ia além do status ou títulos.

Aguardando a semana que viria, a Rainha já planejava os próximos movimentos — com delicadeza e precisão, como apenas Charlotte sabia fazer.

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