Capítulo 25

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A luz suave do fim da tarde iluminava os corredores do palácio, preenchendo os quartos com uma serenidade dourada. Celestine estava sentada em sua sala de leitura particular, uma caneta nas mãos enquanto terminava de escrever mais uma carta para seus pais. Suas palavras fluíam com mais certeza do que nunca, declarando, de forma firme e respeitosa, que não se casaria com o príncipe Friedrich. Sabia que aquela carta demoraria semanas para chegar à Alemanha, e que o processo de negociação entre as famílias seria, no mínimo, tenso. Mas, pela primeira vez, ela sentia que estava tomando controle do seu destino.

Ao lacrar a carta, um leve som de batidas à porta interrompeu seu pensamento. Sua dama de companhia entrou com uma caixa nas mãos, cuidadosamente embrulhada e decorada com uma fita simples.

"Vossa Alteza, este presente foi entregue para você," disse ela, oferecendo o pacote. "Veio da casa dos Bridgerton."

O coração de Celestine saltou em seu peito ao ouvir o nome da família. O que poderia ser? Com uma mistura de curiosidade e antecipação, ela pegou o presente e, delicadamente, desfez o laço. Ao abrir a tampa da caixa, seus olhos se arregalaram ao ver o conteúdo.

Dentro, havia um esboço — um retrato detalhado de uma figura feminina que, sem sombra de dúvida, era ela. Os traços delicados de seu rosto, a curva do seu pescoço, a forma graciosa com que seus cabelos ruivos caíam sobre seus ombros. Mas o mais impressionante eram os olhos... Benedict havia capturado sua expressão com uma profundidade que ela nunca havia visto em nenhum outro artista. Era como se ele pudesse ver além da sua aparência exterior e enxergar diretamente sua alma.

Ela se sentiu tocada de uma forma que não esperava. Era um presente tão íntimo, tão pessoal. Benedict não estava apenas lhe enviando um simples esboço; ele estava lhe mostrando o quanto a observava, o quanto a compreendia. Suas mãos tremiam ligeiramente enquanto passava os dedos pela borda do papel, tentando absorver tudo aquilo.

"É maravilhoso," murmurou para si mesma, quase incapaz de acreditar que Benedict havia capturado algo tão profundo com apenas alguns traços de carvão.

Sua dama de companhia, que observava de longe, sorriu suavemente. "Parece que o Sr. Bridgerton tem um grande talento... e admiração por Vossa Alteza."

Celestine não pôde evitar corar. Sabia que havia algo crescendo entre eles, mas a intensidade daquele gesto a surpreendeu. Segurando o esboço com cuidado, ela se levantou e caminhou até a janela, onde a luz da tarde refletia nas cores suaves do papel. Podia sentir a ligação entre eles se fortalecendo a cada encontro, a cada troca de olhares. E agora, esse presente confirmava o que ela já suspeitava: Benedict não era apenas um admirador distante. Ele a via de verdade.

Antes que pudesse se perder completamente em seus pensamentos, outra lembrança lhe ocorreu: a carta de seus pais. Seus olhos se voltaram para a escrivaninha, onde a carta que acabara de lacrar ainda estava à sua frente. O peso de sua decisão a alcançou. Ao recusar o casamento com o príncipe Friedrich, ela sabia que estava abrindo mão de uma aliança política e social que teria sido considerada ideal. Mas Celestine não queria viver uma vida ditada por convenções.

Ela havia considerado essa decisão profundamente. Friedrich, apesar de sua bondade e compreensão, não era o homem com quem ela queria compartilhar seu futuro. E agora, depois de receber o esboço de Benedict, a ideia de seguir seu coração e não o protocolo parecia ainda mais certa.

"Não me casarei com Friedrich," disse ela em voz alta, mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa.

A dama de companhia, discreta como sempre, limitou-se a inclinar levemente a cabeça em sinal de aprovação. "Os seus pais entenderão, com o tempo."

Celestine esperava que sim. Sabia que a carta levaria semanas, talvez até um mês, para chegar à Alemanha, e até que uma resposta fosse enviada de volta, ela teria algum tempo de liberdade. Era um espaço de tempo curto, mas precioso. E, nesse meio-tempo, sabia que seu coração já estava caminhando em outra direção — uma direção que levava diretamente a Benedict Bridgerton.

Ela guardou o esboço com cuidado, sentindo uma nova confiança crescer dentro de si. O futuro era incerto, mas pela primeira vez, Celestine sentia que estava no controle.

Celestine ficou em silêncio por alguns instantes, ainda absorvendo a profundidade do presente que havia recebido. O esboço era mais do que um simples gesto; era uma declaração silenciosa, um reflexo de tudo o que eles haviam vivido desde o primeiro encontro. A ideia de que Benedict Bridgerton, com todo o seu talento e mistério, a via dessa forma a deixava ao mesmo tempo nervosa e animada.

Ela cuidadosamente colocou o esboço sobre a mesa ao lado da janela e se voltou para a carta que havia acabado de lacrar. Sentia-se mais determinada do que nunca. O príncipe Friedrich era um homem gentil, mas o compromisso entre eles era uma aliança política, não uma escolha de coração. E agora que ela sabia o que sentia por Benedict, não havia mais dúvidas. Com um suspiro profundo, Celestine pegou a carta e entregou à sua dama de companhia.

"Por favor, certifique-se de que seja enviada imediatamente," disse ela, a voz firme, mas gentil.

"Sim, Vossa Alteza," respondeu a dama de companhia, saindo silenciosamente da sala com a carta em mãos.

Assim que a porta se fechou, Celestine se voltou novamente para o esboço. Aproximou-se dele, inclinando-se levemente, observando cada detalhe, cada linha desenhada por Benedict. O calor no peito aumentava à medida que ela reconhecia o quanto ele havia capturado dela, não apenas sua aparência, mas a essência de quem ela era. Ela sabia que precisaria responder a ele — agradecê-lo de alguma forma. No entanto, sabia que palavras não seriam suficientes.

Enquanto suas mãos acariciavam levemente o papel, o som de passos suaves ecoou pelo corredor, seguido por uma batida discreta na porta.

"Entre," disse Celestine, endireitando-se rapidamente.

A porta se abriu para revelar uma das damas de companhia da Rainha. "Vossa Majestade gostaria de vê-la no jardim, Vossa Alteza," informou a dama, com um sorriso. "Ela mencionou que há algo de especial que gostaria de lhe mostrar."

Celestine assentiu, sentindo a curiosidade borbulhar em seu peito. "Diga à Rainha que estarei lá em breve."

Assim que a dama de companhia saiu, Celestine olhou uma última vez para o esboço. Havia algo de simbólico naquela obra, um marco silencioso do que ela estava disposta a fazer por si mesma. Ela sabia que não podia mais viver para agradar a corte ou seguir os desejos dos outros. A partir de agora, ela escolheria o seu próprio caminho.

Com um último olhar para a obra, ela deixou a sala, o coração cheio de novas esperanças e incertezas, mas uma coisa era clara: Benedict estava se tornando uma parte fundamental desse caminho.

Ao cruzar os corredores em direção ao jardim da Rainha, onde novas flores exóticas e os sempre impressionantes animais aguardavam, Celestine não conseguia afastar os pensamentos de como responderia ao presente dele. O tempo parecia estar contra ela — mas, por outro lado, talvez fosse exatamente o tempo que eles precisassem.

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