Capítulo 38

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Na manhã seguinte, o sol nascente lançava uma luz suave pelos corredores da casa de campo Bridgerton. O ar estava calmo, mas Celestine sentia um turbilhão dentro de si. Seus pensamentos estavam confusos enquanto ela se arrumava para descer ao café da manhã, os acontecimentos da noite passada ainda frescos em sua mente.

Ela e Benedict. O jardim. O beijo que levou a algo muito mais profundo e íntimo do que ela jamais havia imaginado. O calor de seus toques ainda a fazia estremecer, e seu corpo parecia recordar cada detalhe do momento que compartilharam.

Enquanto colocava um vestido simples e prendia os cabelos, Celestine tentava organizar seus pensamentos. Tudo parecia tão irreal, mas ao mesmo tempo, profundamente verdadeiro. O que havia acontecido entre eles mudava tudo. E o que mais a perturbava era o que viria a seguir.

Quando finalmente saiu do quarto, o corredor parecia silencioso demais, como se o mundo estivesse aguardando a reação dela. Ao descer as escadas, ela se esforçou para manter a compostura, sentindo uma mistura de excitação e apreensão. O que Benedict estaria pensando? Ele agiria diferente? O olhar dele mudaria?

Quando ela chegou à sala de jantar, encontrou Violet Bridgerton, Daphne, e alguns dos irmãos já reunidos, conversando alegremente. Ela se juntou a eles, tentando esconder o leve rubor que subia por suas bochechas.

"Bom dia, Celestine," disse Violet com um sorriso caloroso, enquanto lhe oferecia um lugar à mesa. "Dormiu bem, minha querida?"

Celestine hesitou por um segundo antes de responder. "Sim, muito bem. Obrigada, Lady Bridgerton."

Ela olhou ao redor, procurando por Benedict. Ele ainda não havia descido. Um misto de alívio e decepção percorreu seu peito. Talvez fosse melhor assim; ela precisava de um momento para se recompor, para processar tudo o que havia acontecido.

A conversa à mesa continuou leve e descontraída, mas Celestine não conseguia se concentrar. Seus pensamentos estavam presos na noite anterior, e ela mal notou quando Benedict finalmente entrou na sala. O som de passos a fez erguer os olhos, e lá estava ele, impecavelmente vestido, com o mesmo charme descontraído de sempre.

Seus olhos se encontraram por um breve momento, e ela sentiu um frio percorrer sua espinha. Benedict sorriu suavemente, como se nada tivesse mudado, e sentou-se à mesa como de costume. No entanto, havia algo nos olhos dele – uma faísca de entendimento, de uma nova intimidade compartilhada – que ninguém mais parecia perceber.

"Bom dia a todos," ele disse, sua voz casual, mas ao mesmo tempo carregada de algo que só ela podia identificar. "Espero que tenham dormido bem."

Celestine abaixou o olhar para seu prato, tentando esconder o rubor que ameaçava tomar conta de seu rosto novamente. A presença dele era sufocante, mas de uma forma que a fazia querer estar ainda mais perto. Ela sabia que aquela manhã seria difícil, que ambos teriam que agir como se nada houvesse acontecido entre eles – ao menos até encontrarem um momento a sós para conversar.

Enquanto o café da manhã seguia, Benedict manteve seu comportamento habitual, conversando com os irmãos e Violet, mas em um momento em que ninguém estava prestando atenção, ele se inclinou ligeiramente em direção a Celestine e sussurrou, com um leve sorriso: "Precisamos conversar mais tarde."

Ela apenas assentiu, seu coração batendo forte.

O café da manhã continuou como de costume, mas para Celestine, cada momento parecia mais prolongado, cada palavra dita ao redor da mesa se misturava com seus próprios pensamentos sobre o que aconteceria a seguir. Ela mal conseguia se concentrar na conversa que os Bridgertons mantinham. Violet estava falando sobre os preparativos para o próximo evento social, e Francesca fazia uma piada sobre os irmãos mais novos, mas tudo parecia um borrão distante para Celestine.

A presença de Benedict à sua frente era impossível de ignorar, especialmente depois do sussurro rápido que ele lhe dirigiu. O que ele queria conversar? Ela sabia, claro, que o que havia acontecido entre eles na noite anterior era algo grande, mas e agora? Quais seriam os próximos passos?

Ela respirou fundo, tentando recuperar o controle, mas a ansiedade e a excitação formavam um turbilhão dentro dela. Tudo havia mudado. Ela sabia que, de certa forma, não haveria como voltar atrás.

Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, os membros da família começaram a deixar a mesa um por um. Violet saiu primeiro, murmurando algo sobre cartas que precisava enviar, e logo Daphne e Francesca se levantaram, dizendo que iriam para o jardim. Era apenas uma questão de tempo até que ela e Benedict ficassem sozinhos.

E, de fato, quando Eloise saiu por último, após fazer uma breve observação espirituosa sobre os casais que se formavam na temporada, o silêncio finalmente caiu sobre a sala de jantar.

Benedict se levantou, movendo-se lentamente até a janela, e olhou para fora por um momento, suas mãos atrás das costas. Celestine observava cada movimento dele, sentindo a tensão no ar aumentar. Ele ainda parecia relaxado, mas havia algo no jeito como ele respirava, como mantinha os olhos distantes, que revelava sua própria apreensão.

"Celestine..." Ele começou, ainda sem olhar diretamente para ela.

Ela se levantou também, ficando ao lado da cadeira, o coração batendo forte. "Sim?"

Benedict virou-se para finalmente encará-la, seu rosto sério, mas os olhos ainda carregados daquela intensidade que a atraía desde o início. "Precisamos falar sobre o que aconteceu na noite passada."

Celestine mordeu o lábio inferior, assentindo lentamente. "Eu sei... foi... inesperado." Ela fez uma pausa, tentando encontrar as palavras certas. "Eu não... eu não estava pensando direito."

Ele deu alguns passos em direção a ela, sua expressão suavizando um pouco. "Nem eu. Mas eu não me arrependo, Celestine."

Essas palavras a pegaram de surpresa. Seus olhos se arregalaram levemente, e ela sentiu um calor tomar conta de seu corpo novamente. "Você... não se arrepende?"

Benedict balançou a cabeça, agora mais perto dela, a voz baixa e sincera. "Não. Eu só... eu só quero saber onde isso nos deixa. Onde você quer que isso nos leve."

O ar entre eles parecia eletrizado. Celestine, por mais nervosa que estivesse, sabia a resposta. Sentia isso desde o momento em que seus lábios se encontraram na noite anterior, e especialmente depois do que aconteceu no jardim.

"Eu também não me arrependo," ela confessou, sua voz quase um sussurro. "Mas... isso é complicado, Benedict. Minha posição, minha família... tudo isso pesa."

Ele assentiu, entendendo perfeitamente a situação. "Eu sei. E eu não quero te pressionar. Mas... eu quero estar com você, Celestine. De verdade. Não apenas em segredo."

Ela sentiu um nó se formar em sua garganta. A sinceridade nos olhos dele, a vulnerabilidade que ele estava mostrando, tocava algo profundo dentro dela. Estar com Benedict era o que seu coração desejava, mas as obrigações com sua família e com a sociedade eram um fardo que ela não podia simplesmente ignorar.

"Eu preciso de um tempo," ela finalmente disse, sua voz trêmula. "Preciso pensar em como isso... como nós poderíamos fazer isso funcionar."

Benedict respirou fundo, aproximando-se ainda mais. Ele ergueu a mão e tocou suavemente o rosto dela, seu polegar traçando uma linha delicada ao longo de sua bochecha. "Eu esperaria o tempo que fosse necessário por você."

Celestine fechou os olhos por um momento, sentindo o calor de sua pele sob o toque dele, e tudo o que queria era se render àquele momento, àquele sentimento. Mas sabia que não seria tão simples.

"Vamos dar um passo de cada vez," ela sussurrou, abrindo os olhos e encontrando os dele. "Eu preciso descobrir como... como faremos isso sem arruinar tudo."

Benedict assentiu, com uma suavidade no olhar que a fez sentir-se segura. "Eu estarei aqui, qualquer que seja sua decisão."

Os dois ficaram em silêncio por um momento, apenas olhando um para o outro, compartilhando a intimidade daquele momento antes de se afastarem, sabendo que aquele era apenas o início de uma longa jornada juntos.

A Royal Brush with LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora