Capítulo 7

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Benedict Bridgerton estava sentado em seu estúdio, uma grande sala nos fundos da residência dos Bridgertons, que ele havia transformado em um espaço para sua arte. A luz do amanhecer entrava suavemente pelas janelas altas, iluminando as telas e os esboços espalhados pelo chão e pelas paredes. O aroma familiar de tinta fresca e carvão pairava no ar, proporcionando-lhe uma sensação de conforto e propósito.

Naquela manhã, porém, sua mente estava inquieta, não conseguindo se concentrar em nenhum dos projetos que ele havia iniciado. A noite anterior, no baile de Lady Dumbry, ainda estava fresca em sua memória, especialmente um certo encontro que o deixara particularmente intrigado.

A Princesa Celestine Montague.

O nome ecoava em sua mente enquanto ele tentava focar em um esboço. Ele havia dançado com inúmeras mulheres na alta sociedade, mas havia algo na jovem princesa que o fascinava. Talvez fosse a maneira como seus olhos verdes brilhavam sob a luz dos lustres, ou o jeito gracioso com que ela se movia pelo salão, como se estivesse em seu próprio mundo, alheia às intrigas e fofocas ao seu redor.

Benedict soltou um suspiro profundo e afastou-se da tela. Sentou-se em uma cadeira próxima, apoiando os cotovelos nos joelhos e passando as mãos pelos cabelos castanhos. Ele não podia negar o impacto que Celestine tivera sobre ele. Durante a dança, ele sentira uma conexão que não conseguia explicar, como se seus mundos, tão diferentes, tivessem se cruzado de uma maneira inesperada e irresistível.

E havia algo mais. Algo que ele não conseguia tirar da cabeça.

"Ela é diferente," murmurou para si mesmo, como se ao dizer isso em voz alta pudesse compreender melhor o que o perturbava. Diferente de todas as outras jovens que ele conhecera, diferente das mulheres que estavam mais interessadas em seu título e riqueza do que nele como pessoa.

Celestine parecia genuína, e isso o intrigava. Além disso, havia mencionado algo sobre arte durante a conversa, uma breve troca de palavras que ele desejava ter explorado mais. Poucas eram as mulheres que se interessavam pelas artes, pelo menos da maneira como ele o fazia. E uma princesa, ainda mais!

Benedict levantou-se novamente, sentindo a urgência de fazer algo, de capturar aquela lembrança antes que ela escapasse. Caminhou até uma tela em branco e, sem pensar muito, começou a esboçar. Não era uma pintura, nem um desenho detalhado, mas um simples esboço de uma figura feminina, com os traços suaves e graciosos que ele associava a Celestine.

Os minutos passaram, e Benedict se perdeu no trabalho, as mãos movendo-se com rapidez e precisão. Ele desenhava com uma intensidade que raramente experimentava, como se precisasse tirar aquelas imagens da cabeça para poder pensar com clareza novamente.

Quando finalmente parou, deu um passo para trás para observar o que havia criado. A figura na tela não era um retrato exato, mas havia algo na postura, na expressão sutil, que capturava a essência da princesa como ele a lembrava. Seus olhos, apesar de não terem cor na tela, pareciam vivos, observando-o com aquela mesma curiosidade que ele sentira na noite anterior.

Benedict sorriu para o esboço, satisfeito com o resultado. "Quem diria que uma princesa alemã poderia ser uma fonte de tanta inspiração?" murmurou para si mesmo, sentindo uma nova onda de determinação. Ele sabia que precisaria vê-la novamente, não apenas para entender o que o atraía tanto, mas para descobrir mais sobre aquela jovem mulher que parecia esconder tanto em seu olhar.

Seu pensamento foi interrompido pelo som de passos na porta do estúdio. Ele se virou para ver seu irmão Anthony entrando, a expressão séria como sempre. "Benedict, estava procurando por você. Parece que está ocupado," comentou Anthony, observando o esboço com interesse.

A Royal Brush with LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora