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Oi genteee, aqui vai mais uma fanfic, essa é uma adaptação do livro "garota traficada"  da escritora LUA DAVES espero que gostem ....
- terá palavras de baixo calão, uso de drogas e bebidas alcoólicas, terá também cenas de sexo explicito, então se não gosta não lê, peço ainda aqui no começo que interajam comentando e votando muito porque ajuda muito, incetiva a escrever
Aproveitem bastante e ai está A GAROTA TRAFICADA

Ana Flávia povs

Se fosse possível fazer uma avaliação da minha vida, certamente a maior parte dela seria
baseada na dor, miséria e angústia. Mas apesar disso, nunca me faltou amor; e esse sentimento é o
bastante para me fazer feliz, afinal, ele é o pertence de valia mais inestimável que possuo.
Os meus pais são minha base e inspiração e foi ao lado deles que atravessei os altos e
baixos do início da minha doença. Muito nova, fui diagnosticada com artrite reumatóide nas mãos.
Para os que não conhecem, essa doença tem como característica dores quase insuportáveis nos
músculos e nas articulações. Há dias que mal consigo segurar um copo.
Desde que tomaram conhecimento da minha triste realidade, meus pais começaram a
trabalhar incansavelmente, a fim de me oferecer o melhor tratamento. Entretanto, as coisas foram
ficando difíceis mesmo assim, pois muitas vezes passamos necessidades.
Por mais que tentássemos conseguir algum benefício do governo por vias normais, não conseguimos. Chegamos a procurar um advogado, mas o preço cobrado foi muito alto e por isso
desistimos.

Meus pais foram aos poucos se desfazendo das coisas para manter meu tratamento e hoje moramos de aluguel.
Quando mais nova, sonhava em estudar, me formar, trabalhar e, com isso, proporcionar uma vida melhor para os meus pais. Lembro-me o quanto amava a escola. A doença não me impossibilita de ter uma vida normal, todavia, como citei anteriormente, tem dias que minhas mãos enfraquecem e
o medo da dor faz com que eu evite o contato físico. No fim, acabei abandonando os estudos. Como
sempre, meus pais apoiaram a minha decisão, e é por esse e outros motivos que eu os amo muito.
Eles são meu tudo, minha fortaleza.
Hoje particularmente estou preocupada. Já passa da meia noite e eles ainda não chegaram.
No entanto, resolvo esperar mais um pouco para ir atrás deles, afinal, às vezes eles fazem horas extras.
Os minutos não se apressam em passar e estou exausta. Decido ir dormir um pouco. e se eles demorarem muito eu vejo o que faço. Sigo em direção ao meu colchão, ajeitando-o no chão da
sala para logo em seguida montar a minha cama improvisada. A casa é pequena, só tem um cômodo
que é dividido pelo guarda-roupa e uma cortina e, mesmo a contragosto dos meus pais, o cedi para
eles. Um casal precisa de privacidade, certo?!
Sorrio me lembrando da pequena discussão que tivemos até que eles entendessem que eu não
iria mudar de opinião. O sorriso se vai e meu corpo relaxa dando espaço ao sono.
Adormeço.
— Ana Flávia! Querida, acorda! — alguém agita levemente meus ombros. Abro os olhos
sentindo a claridade sobre mim, uma vez que, já amanheceu.
Sigo a mão que toca meus ombros e encontro Dona Lila, a única pessoa que meus pais confiam neste lugar perigoso chamado favela e, por isso, tem a chave da nossa casa para um caso de
emergência. Noto lágrimas em seus olhos. Sento-me rapidamente sentindo meu coração ser esmagado pela dedução de que algo não vai bem e, como se fosse um alerta, recordo dos meus pais. Levantome à procura deles, afinal, a pobre senhora apenas chora. A aflição toma conta de mim fazendo-me
tremer quando vou até o quarto improvisado e vejo que a cama continua arrumada. Ninguém dormiu
ali.
— Mãe... Pai... — os chamo mesmo sabendo que eles não voltaram ontem. Olho para Dona Lila que agora me fita com pena. — Onde eles estão?

A mulher enfim fala algo.
— Meu amor vo... — ela funga e tenta secar as lágrimas que não param de descer. — Você precisa ser forte. — completa com muito custo.
— O que aconteceu? — indago num sussurro temeroso. — Me diz que e-eles estão b-bem!
— imploro gaguejando.
Meu coração me avisara que algo muito ruim estava por vir, mas eu não estava preparada
para as suas próximas palavras.
— Eles, Aninha, eles estão m-mortos, meu amor. — balanço a cabeça atordoada. — Foram vítimas de balas perdidas em um tiroteio.
Meu mundo gira e é como se o chão abrisse me levando diretamente para o inferno. As lágrimas turvaram minha visão que aos poucos escurece, tombo para o lado e me apoio na parede de
tijolos logo atrás de mim.
— Não eram eles, não podem ser eles, Deus não faria uma injustiça dessas!
Os sorrisos de minha mãe...
Os olhos gentis de meu pai...
Eu nunca mais vou tê-los...
Nunca mais vou vê-los... Eles se foram.
Não consigo acreditar! Ontem, antes de saírem, estavam tão contentes, sorriam abertamente e beijaram minha testa dizendo o quanto me amavam...
— Meu Deus, por quê? — minha voz sai embargada. — Por quê? Por quê? — grito repetidas vezes, tentando esvair a dor que me sufoca. Aos poucos minha voz vai diminuindo e vou deslizando até estar sentada no chão, com o rosto entre os joelhos. — Por quê? — minha voz já não passa de um simples sussurro.

Garota traficada-miotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora