Capítulo 71 - O Pressentimento

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Perspectiva de Mon

Depois do café da manhã em família, agora com a presença de Yu e Jesse, que se mudaram para a casa em frente à nossa, continuamos com a tradição de nos reunirmos para essa primeira refeição do dia. As duas estão sempre por aqui, a nosso convite, o que só deixa a mesa mais animada.

Assim que todos seguem com suas rotinas, subo para o quarto para terminar de me arrumar. Meus filhos e minha amada esposa já saíram para o trabalho, exceto Bennie, que, claro, decidiu voltar a dormir – ela só tem show à noite, afinal. Enquanto isso, eu pego um teste de gravidez que comprei no dia anterior e vou para o banheiro. Não quis fazer com Sam por perto, porque o médico nos alertou sobre as chances de insucesso devido à minha idade.

Aguardei poucos minutos, mas pareceram uma eternidade. Quando finalmente viro o teste para ver o resultado: grávida!

Minhas pernas fraquejam e eu praticamente me arrasto até a cama para não desabar no chão. "Ai, Khun Sam, você devia estar aqui! Que burrice a minha fazer isso sozinha! Ai, eu preciso ir até ela." Deixo o teste na mesa de cabeceira e desço as escadas rapidamente, em direção à garagem. Peguei Duanpen, já que Jesse ainda dormia, e segui direto para a academia onde Sam estava.

Perspectiva de Sam

Estou no meu escritório, mergulhada no trabalho, quando Nueng entra pela porta como se fosse dona do lugar.

– Bom dia, pequena! – Diz ela com um sorriso gigante, quase assustador. – A vida é linda, não é?

Ela se joga na minha mesa com a cara mais boba que já vi.

– É normal. – Respondo sem muito ânimo, focada nos papéis.

– Como assim "normal"? A vida é maravilhosa! O sol está brilhando lá fora! Estamos vivas! Muito vivas! O amor está no ar, tudo é perfeito!

– Nueng, você comeu algo estragado? – Pergunto, levantando os olhos e já começando a me preocupar com o estado "animado" demais da minha irmã.

– Ai, Sam, que chata você. – Ela responde, se jogando na cadeira. – Eu dormi com a Anueng! Quer dizer, "dormir" não é bem o que fizemos, né...

Continuo fingindo que estou prestando atenção no que ela diz, mas, para ser sincera, mal estou ouvindo. Hoje acordei com um pressentimento esquisito.

– Sam! – Ela praticamente grita. – Você me ouviu?

– Sim, sim... você transou com Anueng. Que bom. Eu transo todos os dias. – Respondo de forma automática, tentando ver se ela desiste de falar.

– Todos os dias?! – Ela pergunta, surpresa.

– Isso não é uma competição, Nueng. – Falo, ainda com os olhos grudados nos documentos.

– O que tá acontecendo, Sam? Você tá mais estranha que o normal. – Ela pergunta, inclinando-se para me observar mais de perto.

Me encosto na cadeira, pensativa.

– Não sei... acordei com um mau pressentimento. Algo não parece certo.

– Desde quando você é uma pessoa de "pressentimentos"?

– Nueng, me deixa em paz. Sério. Preciso trabalhar e ficar um pouco sozinha. – Peço, já exausta da conversa.

O dia passa arrastado até que, finalmente, o fim da tarde chega. Desço do escritório e encontro Kit e Pong esperando para irmos para casa.

– Mamãe! – Meu pequeno corre para os meus braços, cheio de energia.

– Oi, filho! Como foi seu dia? – Pergunto, sorrindo.

– Foi ótimo! Tirei boas notas no teste hoje. – Ele diz, orgulhoso.

– Não podia estar mais orgulhosa de você. – Respondo, colocando-o no chão. Ele está crescendo tão rápido e ficando mais pesado a cada dia.

Abraço Kit, que parece sempre um pouco envergonhado por ser professor na academia, especialmente com a mãe por perto.

– E você, meu amor? Tudo correu bem? – Pergunto, depositando um beijo na testa dele.

Kit fica todo vermelho e tenta se afastar.

– Mãe... as pessoas estão olhando. – Diz ele, todo sem graça.

– Tá bom, tá bom, vamos para o carro. – Digo, rindo.

Somos os primeiros a chegar em casa. Kit vai direto para o sofá, todo animado, provavelmente para mandar mensagens para Puu. Pong sobe para o quarto. Pouco depois, Bennie desce já pronta para ir trabalhar, toda produzida.

– Boa tarde. – Digo com um tom levemente irritado, já que ela passou a manhã e a tarde toda trancada no quarto.

– Bom dia, mãe. – Ela me dá um beijo na bochecha, ignorando minha cara de reprovação. – Tô indo.

– Juízo lá, hein? – Peço.

Dois minutos depois, ouço Bennie resmungando da garagem.

– Cadê Duanpen???

Horas depois...

Jesse me informou que Mon não foi à Diversity hoje. Estou há horas tentando ligar para ela, mas vai direto para o correio de voz. O pânico toma conta da casa.

– Onde diabos Mon se meteu? - Eu digo, chorando. - Ela nunca fica tanto tempo sem dizer onde está.

– Calma, mãe. Ela pode ter se distraído com o tempo. - Diz Kob, me abraçando com força.

– Você também não acredita nisso. Se ela não está na Diversity, não tinha motivo para se distrair.

John se levanta do sofá rapidamente.

– Eu vou procurá-la. Sei lá, pode ser que ela tenha passado mal na rua. - Ele diz, decidido.

– Uau, John, que conclusão reconfortante. - Resmunga Kit.

– Eu vou ligar para os hospitais! - Diz Jesse, agarrando o telefone com urgência.

Enquanto estamos em pânico, Pong desce até a sala. Mantivemos ele no quarto para que não perceba o que está acontecendo. Eu rapidamente seco as lágrimas para que ele não as veja.

– Mamãe... mamãe... - Diz ele, segurando algo na mão. - Mamãe Mon tinha um pauzinho na mesa de cabeceira.

– Filho, quantas vezes já te disse para não mexer nas coisas que não são... - Comecei a dizer, mas antes que eu pudesse terminar, peguei o objeto da mão dele e percebi que era um teste de gravidez.

Virei-o para mim e li "Grávida". Meu mundo desabou. Senti minhas pernas fraquejarem e caí aos pés do meu filho Pong, em um choro profundo e descontrolado. Jesse correu até mim, tentando me levantar.

– Mãe, calma... - Ela olhou para o que eu estava segurando e entendeu a gravidade da situação. - Mamãe Mon está grávida?

– E desaparecida. - Completei, em pânico total.

–Onde está mamãe Mon? - Perguntou Pong, vendo-me desmoronar aos seus pés.



Nota da Autora: Apostas para o próximo capítulo?

Mon & Sam - Entre Laços E LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora