Capítulo 32 - Não sabe sorrir

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Perspectiva de Bennie

Chego em casa às quatro da manhã, exausta e tentando fazer o mínimo de barulho possível. Meus irmãos, com certeza, já estão mergulhados no sono. Fecho a porta com cuidado e, ao virar para a sala, dou de cara com minha mãe e Sam deitadas no sofá, completamente tortas e desajeitadas, ainda com as roupas da boate, um cheiro forte de álcool impregnando o ar.

Eu suspiro. Pego uma manta que está jogada na poltrona e cubro as duas, ajeitando as pernas de Sam que estão caindo do sofá. "Vocês são duas idiotas, mas eu amo vocês", penso, balançando a cabeça.

Subo para o meu quarto exausta. Apesar de amar o que faço, cada show me suga uma energia que eu nem sabia que tinha.

Perspectiva de Mon

— Ai... minha cabeça... — murmuro, pressionando as têmporas como se isso pudesse afastar a dor latejante.

— Ai, minhas costas! — Sam reclama ao meu lado, tentando se levantar do sofá.

— Que horas são? — pergunto, piscando os olhos inchados.

— São 9h! — Kob grita da mesa de jantar.

Eu e Sam nos levantamos em um pulo, como dois suricatas alertas.

— Bom dia! — Jesse diz com um sorriso malicioso, se divertindo com a nossa situação. — Noite longa, hein? Recomendo um banho frio, um café da manhã reforçado e muitos copos de água pra essa ressaca.

— Quem disse que estamos de ressaca? — Sam refila, tentando soar convincente, mas a voz sai arrastada e o cheiro de uísque é inegável.

— Esse cheirinho de uísque está impregnado na casa! — Jesse comenta.

— A Bennie já desceu? — pergunto, mais interessada em saber como ela está do que em me defender.

— Não, ainda está dormindo — Jesse responde.

Subo as escadas devagar. Abro a porta do quarto de Bennie devagarinho e a vejo dormindo profundamente, os cabelos espalhados no travesseiro, o rosto sereno. Me aproximo, sentando na beirada da cama com cuidado. Meu movimento faz o colchão afundar levemente, o que a desperta.

— Mãe? — Bennie murmura, a voz sonolenta, tentando entender o que está acontecendo.

— Bom dia, filha. — Digo suavemente, acariciando seu cabelo.

— Deixa eu dormir mais um pouco... — Ela pede, enterrando o rosto na almofada, fugindo da luz do dia.

— Claro, deixo sim. Mas eu queria pedir desculpas antes.

Ela levanta o rosto devagar, me encarando surpresa, como se não acreditasse no que acabou de ouvir.

— Não devia ter feito o que fiz ontem. Me desculpa, filha. Eu prometo que não vai se repetir.

— Obrigada, mãe... — Ela responde, ainda meio desconfiada, mas com um brilho de alívio nos olhos.

— Você promete uma coisa pra mim? — Pergunto, tentando não soar desesperada, mas genuinamente preocupada.

— O que é?

— Que vai conversar comigo se precisar de qualquer coisa. Prometo que, se fizer isso, não vou mais tentar controlar sua vida. — Digo, sabendo que é um pedido difícil, mas necessário.

— Prometo, mãe. — Ela se senta na cama e me abraça, e eu sinto o peso da noite passada finalmente se dissolver um pouco.

— Filha...

— Sim, mãe?

— Quão séria é essa relação? — Pergunto, um pouco sem jeito, mas precisando saber.

Mon & Sam - Entre Laços E LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora