Capítulo 8 - Porque eu te amo

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Perspectiva de Mon

Já tinham se passado alguns dias desde a festa na casa de Kate. Aquele momento ainda pesava na minha mente. Eu saí de lá correndo, sem rumo, e acabei voltando para a casa dos meus pais. Meu coração estava em um turbilhão. O que pensar de tudo aquilo?

Mas não podia simplesmente ignorar o fato de que havia um pedaço de mim, com 21 anos, andando por aí. Não importava quanta raiva eu sentisse de Sam; eu precisava entender o que realmente tinha acontecido. Peguei o carro da minha filha e dirigi até a Diversity. O dia já ia pela metade quando finalmente cheguei.

Entrei naquele prédio e fui atingida por uma onda avassaladora de nostalgia. Muita coisa havia mudado — estava tudo tão mais moderno —, mas, de algum modo, ainda era a mesma Diversity de sempre.

Na recepção, pedi para falar com Khun Kob.

— Quem devo anunciar? — perguntou a recepcionista, uma jovem que eu nunca tinha visto antes.

— Diga a ele que é a Mon.

Ela fez uma ligação rápida.

— Khun Kob, tenho aqui a senhora Mon para vê-lo... Certo. — Ela desligou e voltou-se para mim. — Ele pediu que subisse. Os escritórios dos diretores são...

Antes que ela pudesse continuar, interrompi.

— Não se preocupe, eu sei onde fica. Obrigada.

Subi, respirando fundo, tentando me preparar para o que viria. Vi minha filha na sala de reuniões, e senti um alívio imediato. "Ótimo, ela não me verá." Caminhei até a porta de Khun Kob e bati.

— Entre — disse uma voz firme do outro lado.

Abri a porta e o vi sentado atrás da mesa, trajando um elegante terno preto. Estava imerso no computador, a expressão séria. Naquele instante, uma imagem de Sam surgiu em minha mente; a postura dele era idêntica à dela.

— Olá, Khun Kob. Posso? — perguntei, hesitante.

Ele levantou o olhar e, ao me reconhecer, abriu um leve sorriso. Aquele sorriso não pertencia a Sam; era meu.

— Claro, senhora Mon — respondeu, ainda sorrindo.

Sentei-me à sua frente, sentindo o desconforto crescer dentro de mim. Eu não sabia bem como começar aquela conversa; não havia preparado nada.

— Peço desculpas por ter saído daquela forma da festa. Não tivemos a chance de conversar — comecei, tentando ser o mais educada possível.

— Eu entendi, não se preocupe. Foi uma surpresa para a senhora — ele respondeu, gentilmente. A doçura em sua voz contrastava com sua postura rígida.

— Sim, foi uma surpresa. — Fiz uma pausa, nervosa. — O que pretendo falar com você, Khun Kob...

— Por favor, não me trate por Kob — respondeu ele, ainda sorrindo.

— Combinado, Kob — concordei, retribuindo o sorriso, mas logo voltando ao meu tom mais sério. — Para ser honesta, eu não preparei nada. Não acho que alguém possa realmente se preparar para uma conversa como esta.

— Concordo, senhora Mon. Quero que saiba que eu soube há pouco tempo como fui gerado.

— Khun Sam também escondeu de você?

— Não, minha mãe nunca escondeu nada. Eu sempre soube do casamento de vocês, do amor que minha mãe sentia por você e do desejo de formarem uma família. Só não sabia que ela havia usado seus óvulos para me conceber. Para mim, isso não fazia diferença. Eu fui gerado por inseminação, o DNA não me diz nada... era irrelevante, até eu conhecer você. Acho que antes de falar comigo, deveria conversar com minha mãe. Eu não tenho respostas para suas dúvidas. Sou apenas uma consequência do que vocês viveram. Esse assunto é entre vocês.

Mon & Sam - Entre Laços E LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora