Capítulo 45 - O plano de Mon

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Perspectiva de Sam

Eu andava em círculos naquele escritório decadente, escuro e cheio de caixas, tentando achar uma solução. Mon estava agarrada às nossas filhas, Jesse chorava sem parar, e Bennie, pela primeira vez, parecia estar sem palavras. De repente, alguém bateu à porta, e Fah ergueu o taco novamente, mas o abaixou assim que viu que era Yu.

— Os seguranças conseguiram tirar todos da boate, chefe. Mas eles ainda estão lá fora. — Disse Yu, olhando para Fah. — Como vocês estão?

Jesse se soltou dos braços da mãe e correu para Yu, que a abraçou com força.

— Ei, princesa, vai ficar tudo bem. — Disse Yu, acariciando a cabeça da minha filha mais velha.

Mon me olhou com receio, buscando em mim respostas que eu claramente não tinha.

— Vocês têm uma porta dos fundos? — Perguntei a Fah.

— Esqueça, Khun Sam. Eu verifiquei, tem jornalistas lá também. — Respondeu Yu, apertando Jesse ainda mais contra si.

— Mãe. — Era Bennie finalmente falando. — Que história é essa de irmos ser da realeza?

Suspirei, sabendo que não havia como fugir do assunto, mas também era o último lugar onde eu queria ter essa conversa. Ajoelhei-me na frente dela, tentando achar as palavras certas.

— Bennie, eu dei entrada num processo de adoção para vocês e Kit. Eu queria primeiro ter certeza de que seria possível, antes de falar com vocês. Deve ter vazado. — Disse, olhando nos olhos dela. — Desculpa, filha. Não queria que soubessem disso assim.

— Vocês vão ser princesas tailandesas? — Perguntou Yu, surpresa, afrouxando o abraço em Jesse.

— Não! — Gritaram Jesse e Bennie em uníssono.

Aquela resposta rápida me partiu o coração. Todo o meu plano de adotá-las parecia ser algo que elas não queriam. Mon percebeu minha tristeza enquanto eu ainda estava ajoelhada na frente de Bennie e deu-me um carinho no rosto, limpando uma lágrima teimosa que escapou.

— Bem, temos que pensar numa forma de tirar vocês daqui. — Disse Fah, claramente tentando quebrar o clima pesado que se instalou.

— Eu não vejo como. — Disse Jesse, puxando Yu para perto, encostando seu rostinho no ombro da garota.

Mon, de repente, se levantou como se tivesse tido uma ideia genial.

— Troquem de roupa! — Disse Mon, apontando para mim e Fah.

— Desculpa? — Perguntei, incrédula.

— Façam o que eu digo! — Insistiu Mon. — Passe seus óculos de sol para a Fah e lhe dê as chaves do carro.

— Sua mãe é louca? — Perguntou Fah, olhando para Bennie, que apenas deu de ombros.

Mon se irritou e se aproximou furiosa de Fah, ficando cara a cara com ela. Mon, que normalmente parecia pequena perto de Fah, parecia ganhar uns centímetros extras quando se tratava dos seus filhos.

— Se você gosta da minha filha, vai fazer o que eu disser! É o mínimo depois de tudo o que já me fez passar. — Disse Mon, apontando o dedo perto do rosto de Fah.

Mon se afastou, respirou fundo e voltou a falar.

— Vocês são parecidas, Khun Sam. — Disse ela.

— Não somos nada! — Eu e Fah gritamos ao mesmo tempo, revoltadas.

— Silêncio! — Mon bateu o pé. — Fah vai sair daqui fingindo ser você e vai dirigir nosso carro para longe. Os jornalistas vão segui-la, mas... — Ela fez uma pausa e se virou para Fah. — ... eles vão desistir assim que perceberem que você não é Khun Sam. Enquanto isso, nós saímos pelas traseiras quando eles arrancarem atrás de você.

— A Duanpen está estacionada em frente à boate, mãe. — Disse Bennie, lembrando do seu carro extravagante que só atraía mais atenção.

— Eu levo vocês. — Disse Yu. — Ninguém vai achar que estão num carro comum.

Revirei os olhos ao pensar em entrar naquela lata velha que Yu chamava de carro. Todos ficamos parados, olhando para Mon e seu plano completamente absurdo. Ela começou a nos encarar, irritada.

— Vá, vá... troquem de roupa! — Gritou Mon, impaciente.

— Aqui? — Perguntei, olhando para Fah e Yu.

— Hoje, Khun Sam! Eu quero ir para casa! — Refilou Mon, cruzando os braços.

Sem escolha, eu e Fah começamos a trocar nossas roupas ali mesmo. Yu, gentilmente, virou de costas, mas nada disso fez o momento ser menos estranho ou constrangedor. Tentamos trocar rapidamente, mas a combinação de estresse e o fato de estarmos literalmente no meio de um plano insano da Mon nos fez fazer tudo meio atrapalhadas.

— Isso é um pesadelo! — Murmurou Fah, tentando vestir minha blusa que claramente era dois tamanhos menor que a dela.

— Você acha?! — Respondi, tentando fechar o zíper da calça de Fah, que estava longe de servir.

Mon estava impaciente, batendo o pé no chão como uma treinadora de futebol gritando pela equipe para apressar. Finalmente, trocamos de roupa, Fah colocou meus óculos de sol e estávamos prontas para a "operação fuga ridícula". Eu e Fah nos olhamos no espelho e não pudemos esconder o constrangimento.

— Não somos nada parecidas! — Disse Fah, ajustando o óculos de sol que estavam quase caindo do rosto.

— É, porque somos mesmo! — Respondi.

Fah saiu do escritório vestida como eu, com uma confiança exagerada e gestos teatrais, enquanto Mon acenava para que continuássemos o plano. Quando ela passou pela porta, todo o grupo de jornalistas foi atrás, como se tivessem avistado a maior celebridade do mundo. "Não acredito que eles acham que eu sou aquela desengonçada ridícula."

— Deu certo, eles foram! — Sussurrou Mon, com um sorriso vitorioso. — Ok, agora é com a gente!

Saímos pela porta dos fundos, tentando não fazer barulho, entrando na lata velha de Yu que, obviamente, não chamou a atenção de ninguém. Nos esprememos lá dentro, com Mon na frente dando orientações.



Mon & Sam - Entre Laços E LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora