Perspectiva de Mon
Assim que vi a mensagem de John, larguei tudo na Diversity e fui direto à mesa de Jesse. Ela parecia ter acabado de chegar.
– Me dá sua chave do carro – pedi, a urgência evidente na minha voz.
Olhei para o rosto dela e estava coberto de lágrimas.
– Filha, o que se passa? – perguntei, nervosa ao vê-la assim.
– Você vai ver o John? – perguntou ela, sem parar de chorar.
– Sim – respondi, confusa. – O que aconteceu? O que está acontecendo?
Jesse me pegou pelo braço e me levou ao estacionamento, ainda chorando. Quando chegamos ao carro dela, eu a puxei, parando-a.
– Jesse, o que está acontecendo?
– Foi a Sam, mãe – disse ela, chamando Sam pelo nome, como John havia feito na mensagem. Meu coração acelerou. – Pong viu ela com uma mulher no gabinete. Elas estavam... bem... estavam...
Sem pensar duas vezes, retirei a chave da mão da minha filha e arranquei com o carro. Conduzi com uma pressa que nunca havia sentido antes. Quando cheguei ao prédio de John, tentei estacionar o carro, mas a pressa me fez bater de leve a frente do veículo em um poste de eletricidade. Nada grave, ao menos para mim. O carro, no entanto, sofreu alguns danos. Subi correndo até o andar de John e bati na porta com desespero.
Assim que John abriu, Pong correu para os meus braços.
– Mamãe! – ele gritou, chorando. – Não me deixa, por favor! Não me leva de novo para o orfanato!
Sam se levantou, tentando se aproximar de nós. Eu ainda estava na porta, com Pong agarrado a mim, e John nos observava em lágrimas. Quando Sam se aproximou, instintivamente me desviei dela, entrando na casa.
– Pong, ninguém vai tirar você de mim, meu filho. Eu sou sua mamãe – tentei acalmá-lo, sem sequer olhar para Sam. Ele era a minha prioridade naquele momento.
– Eu disse a você, Pong – John se aproximou de nós e envolveu ambos em um abraço. – Você é meu irmãozinho para sempre. Você vai ficar com a gente para sempre – ele disse, tentando devolver um sorriso ao rosto do pequeno.
Pong devia estar chorando há horas, porque em poucos segundos adormeceu agarrado a mim.
– John, posso deitá-lo na sua cama? Ele está ficando pesado para mim – pedi ao meu filho.
– Deixa que eu faço isso – respondeu John, pegando Pong com delicadeza e levando-o para o quarto.
Agora, eu e Sam estávamos sozinhas. Ao olhar seu rosto, vermelho de tanto chorar, uma única lágrima escorreu pelo meu rosto. Mas foi apenas uma, porque eu não me permitiria chorar. Chorei anos da minha vida nos braços de Napat; não deixaria mais ninguém me ferir assim.
– Sai da casa do meu filho, Khun Sam – disse com a calma que me restava, apontando para a porta. – Depois falamos sobre o Pong, como faremos, como dividiremos o tempo dele entre nós. Mas agora... sai!
– Mon, eu não fiz o que Pong acha que viu! – Sam disse, mas eu não conseguia olhá-la. – Eu nunca faria isso.
– Só sai, Khun Sam! – repeti. – A prioridade agora é acalmar o Pong. Há quantas horas nosso filho está assim, chorando por sua causa? – A raiva começou a crescer dentro de mim. Eu amo Khun Sam, mas ela sabe, sempre soube, que meus filhos vêm em primeiro lugar.
– Mon – ela se aproximou de mim –, foi a Hana que veio para cima de mim. Eu não fiz nada, nem deixei ela fazer nada...
– Hana? – me lembrei do nome. – Sua ex? Aquela do Japão? Aquela com quem você ia morar? – Eu a empurrei, a raiva tomando conta. – Eu confiei em você, Khun Sam!

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Mon & Sam - Entre Laços E Liberdade
FanfictionApós um divórcio marcado por uma suposta traição, Mon e Sam seguiram caminhos separados. Vinte e um anos depois, a vida de ambas toma um rumo inesperado quando Jesse, a filha mais velha de Mon, começa a estagiar na empresa de Sam, a Diversity. Sem s...