Perspectiva de John
Já haviam se passado alguns dias desde o jantar desastroso. Eu estava ocupado gerindo as empresas do meu pai, que continuava ausente como sempre. Hoje, cheguei a uma das empresas para uma reunião com os acionistas e garantir que tudo estava em ordem. Mas ao entrar no meu gabinete, fui pego de surpresa. Lá estava ele, sentado na minha cadeira, como se fosse o dono do lugar — o que tecnicamente ainda era, mas há tempos eu não o via.
— Bom dia, John. — Ele disse com uma voz autoritária, mantendo a postura rígida e os olhos penetrantes.
— Bom dia. — Respondi, tentando não demonstrar minha irritação.
— Precisamos conversar sobre os negócios. Sente-se. — Ele ordenou, apontando para a cadeira à minha frente, ignorando completamente o fato de que era meu pai e não me via há meses.
Sentei-me em silêncio, mantendo uma postura séria e impenetrável.
— Quero te agradecer por teres mantido tudo sob controle durante minha ausência. Pelas minhas análises, as coisas não desandaram. Parece que te ensinei bem como ser um gestor competente. — Ele disse, sem qualquer tom de reconhecimento genuíno, como se tudo fosse um favor dele para mim.
— Minha mãe tem me ajudado muito. Você sumiu, e metade das coisas eu não sabia como fazer sem orientação. Então, é a ela que você deve agradecer. — Respondi, firme.
— Sua mãe? Aquela mulher não consegue nem se gerenciar, quanto mais uma empresa! Agora está na Diversity, e dou menos de um ano para aquele negócio ir pro ralo. — Ele debochou com um sorriso cínico.
— A mãe Sam tem me ajudado. E, aliás, minha mãe Mon está indo muito bem na Diversity. — Respondi, mantendo a calma.
— Não chame aquela mulher de mãe. Isso é ridículo. Você está procurando atenção? Já é um homem, John. Pare de chorar por atenção! — Ele resmungou, perdendo a paciência.
Eu respirei fundo, mantendo o controle.
— O que você quer de mim? Se é só para discutir e me insultar, eu vou embora. — Disse, encarando-o diretamente.
— Quero saber de você e dos seus irmãos. — Ele respondeu, baixando o olhar pela primeira vez.
— Estamos bem. — Respondi seco, sem vontade de prolongar a conversa.
— Por favor, filho. Faz meses que não tenho notícias. Eles estão enfiados na casa daquela mulher com a sua mãe, e eu não posso me aproximar sem causar problemas. Você sabe que eu estou arrependido, não me faça pedir desculpas.
— Arrependido de quê? De ter espancado minha mãe? De ter apontado uma arma para a minha irmã? Só para eu entender qual parte do seu comportamento é motivo de arrependimento. — Falei com ironia, sentindo o desprezo crescer.
— John! Eu sempre tentei ser um bom pai. Pode me acusar de ser um mau marido, mas nunca de ser um mau pai. — Ele retrucou, tentando defender o indefensável.
Eu sabia que ele não desistiria facilmente, então decidi dar-lhe o mínimo de informação.
— Jesse está trabalhando com a mãe, Kit é professor de arte, e Bennie... — Pensei um momento antes de continuar. — ... Ela está terminando a faculdade.
— Você poderia pedir para eles virem jantar comigo? Gostaria de vê-los.
— Nem pensar. E se não precisa de mais nada de mim, com licença. — Levantei-me, determinado a sair dali o mais rápido possível.
Deixei-o no gabinete e fui direto para o meu carro. Liguei para meu irmão Kob.
— Alô, irmãozinho. — Ele atendeu.
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Mon & Sam - Entre Laços E Liberdade
FanficApós um divórcio marcado por uma suposta traição, Mon e Sam seguiram caminhos separados. Vinte e um anos depois, a vida de ambas toma um rumo inesperado quando Jesse, a filha mais velha de Mon, começa a estagiar na empresa de Sam, a Diversity. Sem s...