Capítulo 36 - A garota do bar

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Perspectiva de Bennie

O sol da manhã invade meu quarto como um intruso, e na cama ao lado, Jesse ressona como se fosse um hipopótamo de uma tonelada tentando engolir um cortador de grama. Era um inferno. Hoje é fim de semana, não tenho aula na universidade, então decidi passar no "Insônia" para ver minha mulher. Tenho tentado ficar mais em casa, curtindo a família, principalmente agora que minhas mães finalmente aceitaram meu trabalho. É como se eu devesse compensar todo o drama que causei. Além disso, tem o pequeno Pong. Nem pensar que vou deixar meus irmãos passarem mais tempo com ele do que eu, porque não quero que o moleque acabe gostando mais daqueles desajeitados do que de mim. Eu sou incrível!

Pego meu travesseiro e lanço na cara de Jesse, na tentativa de calar o som perturbador dela.

— Ai! — Ela reclama, acordando com cara de poucos amigos.

— Você ronca a noite inteira, Jesse. Parece uma britadeira atravessando concreto.

— Me deixa dormir, Ben — diz Jesse, virando para o outro lado, afundando o rosto no travesseiro.

Eu e minha irmã sempre estamos às turras, mas nos últimos dias a convivência familiar forçada nos aproximou. Tanta reunião de família nos fez passar mais tempo juntas do que gostaríamos.

— O que você vai fazer hoje? — pergunto, me espreguiçando enquanto levanto da cama.

— Ouvir minha irmã me interrogando logo de manhã quando tudo o que eu quero é dormir...

— Vem comigo na "Insônia", quero te apresentar à Fah!

Jesse se vira para mim, com uma cara de quem não entendeu nada, franzindo a testa.

— Você quer me apresentar? A mim? A sua irmã? A irmã de quem você tem vergonha? — Ela diz, cruzando os braços.

Reviro os olhos, meu Deus, ela é dramática demais. Ela e a mãe Mon acham que o mundo todo as considera ridículas. E bem... talvez sejam mesmo, mas eu ainda as amo, fazer o quê?

— Eu não tenho vergonha de você! — Digo, sem muita convicção. — Só do seu cabelo, das suas roupas, do jeito que você fala, da forma como você anda...

— Uau, tá. Nenhuma vergonha, zero. — Ela responde com ironia.

— Vai, Jesse. Fah só conheceu nossas mães, e como você pode imaginar, não foi um encontro lá muito agradável.

Ela faz cara de quem não quer ceder, mas depois de uns segundos de silêncio...

— Tá bom, vou levar o Kob ou o Kit então.

— Eu voooouuuuuu! — Ela responde emburrada, mas cede.

Ambas começamos a nos arrumar, e eu fico de olho nas escolhas de roupa da minha irmã. Ela opta por um vestido solto, até o joelho, de um azul turquesa que parece ter sido escolhido por um daltônico. Está horrível.

Descemos juntas, e nossas mães já estão tomando café da manhã com os meninos.

— Jesse, você está tão linda, adorei o vestido! — A mãe Mon diz para Jesse, e eu juro que revirei os olhos tão forte que quase fiquei vesga.

— Pra onde vocês vão todas bonitas? — Pergunta Sam, toda curiosa.

— Vamos no "In..." — Jesse começa a falar, mas eu cubro a boca dela com a mão.

— Vamos ao café encontrar uns amigos — completo, com um sorriso falso.

— Ok, mas voltem cedo pra jantarmos todos juntos. — Pede Sam.

Mon & Sam - Entre Laços E LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora