Mon & Sam - Entre Laços E Liberdade

Capítulo 38 - A dança

Perspectiva de Jesse

Saí do armazém quase correndo e, quando cheguei à boate, o show da minha irmã já estava acontecendo. Parei, lembrando que tinha vindo para apoiá-la. Observei a dança da Bennie e vi uma confiança que eu invejava. Ela se movia sem pudor, sorria quando assobiavam para ela... Essa garota é uma força da natureza.

— Finalmente te achei! — Era o Kob. — A Bennie nos convidou. — Ele apontou para o Kit e o John que estavam logo atrás dele.

Eles se aproximaram.

— Por favor, Jesse, fica aqui com a gente. Nada mais estranho do que ver um monte de caras babando pela nossa irmãzinha. — John disse, se agarrando no meu braço.

— Ei, não exagera. Ela está feliz, e já basta nossas mães pegando no pé dela por isso. Vamos só apoiar, beleza? — disse Kit, antes de começar a gritar para o palco, onde Bennie dançava. — Uh uh!

Enquanto meus irmãos falavam, eu ainda estava com o coração a mil e a cabeça cheia de dúvidas. Foi quando vi a Yu passar em direção ao bar. O sorriso que ela tinha quando me beijou tinha sumido.

— Bora pegar uma bebida? — sugeriu Kob.

Eu nem me mexi, mas John me puxou sem notar meu desconforto.

— Oi, moça. — disse Kob para Yu, se virando na direção dela. — Manda quatro cervejas pra gente, por favor.

Yu olhou para mim e viu John agarrado no meu braço. John apertava meu braço com força — um nervosismo que eu conhecia bem, por causa da ansiedade de ver a Bennie no palco. Eu desviei o olhar, envergonhada.

Yu não disse nada, só colocou quatro cervejas no balcão e estendeu a mão para Kob, esperando o pagamento.

— Putz, esqueci a carteira. — ele disse, apalpando os bolsos. — Jesse, paga aí.

Procurei algum trocado na minha bolsa e entreguei a Yu.

— Valeu. — disse Kob, sorrindo para ela.

Kit ainda estava eufórico, dançando perto do bar como um louco ao som da música. Acabamos ficando no bar mesmo, para minha frustração, porque parecia esquisito sentar nas poltronas perto do palco.

— Kit, a Puu não vem? — perguntou Kob.

— Hoje sou um passarinho livre! — ele respondeu, continuando a dançar.

— Quanto ele já bebeu? — perguntei, preocupada com Kit, que parecia um doido.

— Um pouquinho. — disse Kob, rindo do nosso irmão.

Ficamos ali, e eu, de costas para Yu o tempo todo, morrendo de vergonha. O show da Bennie acabou, e ela logo saiu do camarim, já vestida com algo mais decente, mas nem tanto, correndo na nossa direção.

— Ahhh, vocês vieram! — Ela nos abraçou, genuinamente feliz por ter os irmãos ali. — Yu! — Ela chamou a moça no bar, e eu congelei. — Serve generosamente esses quatro otários, são meus irmãos. Jesse você já conhece... — disse ela, apontando para mim, que estava olhando para o chão como se tivesse algo interessante ali. — Esse tiozinho é meu irmão John, o pirralho é o Kit, e esse é o Kob.

Bennie estava claramente orgulhosa de nos ter ali, e Yu pareceu relaxar quando percebeu que o cara que estava agarrado a mim era, na verdade, meu irmão.

Perspectiva de Bennie

Só quem não conhece a Jesse como eu ficaria confuso com essa atitude dela. Parecia que eu tinha trazido uma anormal para a boate; estava vermelha como um tomate, sem olhar para ninguém... Essa garota precisa da minha ajuda, ou vai continuar namorando um bando de garotas sem graça.