Capítulo 35 - Hana

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Perspectiva de Mon

Cheguei cedo à Diversity, muito antes de Kob e Jesse, que ficaram mais umas horas na cama. Tinha muitos assuntos para tratar na empresa. Mal me sentei, minha secretária entrou apressada.

— Senhora Mon, tem uma pessoa aqui para você.

Antes que pudesse anunciar quem era, uma mulher alta, magra e com um sorriso malicioso que eu nunca esqueci abriu a porta e entrou, ignorando completamente minha secretária. Meu corpo inteiro ficou tenso.

— Não acredito! — disse Nitta, com um tom sarcástico. — Quando falei que queria falar com a diretora-geral, não imaginei que seria você que eu encontraria aqui.

Era ela. Nitta. Aquela mulher que destruiu tanto da minha vida. Ela estava ali, na minha frente, desfilando como se tivesse direito de estar ali. Eu devolvi-lhe o olhar mais furioso que pude, sentindo uma mistura de raiva e repulsa. Minha secretária saiu rapidamente, deixando-nos a sós. Eu não tinha dito uma única palavra, mas minha vontade era de arrancar aquele sorriso debochado do rosto dela.

— Então a gata borralheira virou Cinderela, hein? — provocou ela, deixando escapar um riso venenoso.

— O que você quer aqui, Nitta? — soltei entre os dentes, tentando controlar a raiva.

— Vim falar com a Khun Sam, claro. — respondeu, com um sorriso falso.

— Ela não está. Sou eu que estou. E faça o favor de sair, ou eu mesma vou chamar os seguranças. Não preciso de você aqui. — disse, tentando manter a calma enquanto minhas mãos tremiam de raiva.

— Mon... Mon... — Nitta disse em um tom de condescendente, como se estivesse saboreando cada palavra. — A pequena Mon... Diretora de uma empresa deste tamanho. Khun Sam perdeu a cabeça mesmo, não é?

— Nitta, saia! — Levantei-me de repente, batendo as mãos na mesa. O som ecoou na sala, mas ela não se intimidou.

— Achei que ela tinha enlouquecido de vez quando decidiu engravidar. — continuou Nitta, sua voz venenosa. — Estragar aquele corpinho com uma gravidez... que desperdício.

— Para de falar assim da minha mulher! — gritei, perdendo o controle.

— Mulher? Casaram de novo? Que gracinha. — Ela me olhou de cima a baixo, com aquele olhar crítico que eu odiava. — Mas olha, Mon, elogio a sua coragem de voltar para ela. Depois de tudo o que ela fez comigo... que, aliás, foi muito gostoso...

Eu a interrompi antes que pudesse terminar.

— Cala a boca, sua víbora! Eu sei que você a drogou! — berrei, me aproximando dela. — Te deu prazer tentar foder minha mulher enquanto ela gritava meu nome? Você acha que não sei?

— Eu não sou ciumenta, Mon. — disse Nitta, rindo com desprezo. — Mas enfim, já que não posso encontrar Khun Sam aqui, onde é que posso?

— Como se eu fosse te dizer.

— Tudo bem, então passe um recado pra ela. — Nitta sorriu. — Diz pra Khun Sam que tem uma japonesa muito gostosa, enlouquecida procurando por ela. E é bom que ela me contate. Não dá para prometer mundos e fundos a uma mulher e depois sair do país deixando-a na mão.

Eu franzi a testa, sem entender direito o que ela dizia.

— Ops, ela não te contou, né? — Nitta zombou, percebendo minha confusão. — Depois que o bebê nasceu, ela arranjou uma namoradinha no Japão, transou o quanto quis com a garota e depois voltou pra Tailândia, deixando-a pra trás. A japonesa contratou meu escritório de advogados para encontrá-la. Parece que Khun Sam prometeu muita coisa antes de fugir. Fale com sua "mulher" — Nitta fez aspas no ar com os dedos, como se Sam fosse uma mentira, uma ilusão minha.

Mon & Sam - Entre Laços E LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora