A prisão

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Apanhei durante uma hora até eu desmaiar. Hoje tenho cicatrizes nas costas para me lembrar dessa tortura. Recordo-me que eu berrava pedindo clemência ao capataz, porém ele não parava de chicotear e ainda ofendia a mim e ao meu povo. Eu chorava e via meu sangue escorrendo sobre minha pele escura de novo e inundar tudo, inclusive minha alma. Não tive chance de reagir, visto que acorrentaram minhas mãos e meus pés a um tronco.

Depois da surra acordei na prisão onde são levados os escravos rebeldes, despertei cercado de metal e dividindo minha cela com um tal de Malotl.

Malotl era magro, alto e falante. Mal eu havia acordado e ele já estava falando comigo, indagou de onde eu vim, respondi que eu era de Danji e ele me contou que era meu conterrâneo. Perguntei-lhe onde estávamos e ele me disse que estávamos na prisão dos escravos rebeldes. Eu não desconfiava que ele seria mais que um colega de cela e de sofrimento, não podia imaginar que ele se tornaria meu amigo e companheiro de batalha.

Passei uma semana sem fazer coisa alguma na cela e tenho de admitir que essa foi a semana mais longa de minha vida. Durante esse tempo contei para Malotl a causa de meus ferimentos, pois ele me importunava muito para saber a história por trás de minhas feridas. Recordo-me que ele era difícil de aguentar e de ser suportado quando a curiosidade surgia. Ao saber de minha história, Malotl jurou se vingar do pai de Pemi. Como eu estava tomado por uma raiva silenciosa, esqueci-me de que ele era o pai de minha amiga e que se Malotl o matasse, ele a feriria e me machucaria consequentemente, então me calei perante o sinistro juramento de Malotl.

Quinze dias depois eu e Malotl fomos humilhados por um guarda que roubou nosso alimento. O inverno estava próximo e fazia frio, mas por dentro eu ardia em raiva. Voltei revoltado para minha cela e comecei a socar uma parede de ferro, esta se deformou e minha mão não se machucou. Descobri nesse momento um potencial em mim que era ignorava: eu era um mago de metal e poderia usar esse dom para libertar a mim mesmo e ao meu povo. No entanto, para isso ser possível eu deveria ser cauteloso e discreto, porque os guardas da prisão onde me encontrava poderiam frustrar meus planos. Portanto, deixei a parede como estava antes.

Informei ao Malotl o ocorrido e ele me convidou para fazer parte do "Libertadores de Danji", um grupo que tinha como objetivo fazer uma grande rebelião e libertar a colônia do leste do jugo de Sana. Aceitei me tornar um rebelde que lutaria por meu povo e ele me disse que a habilidade que eu possuía seria muito útil para o levante que ele planejava.

Ensinei Malotl a fazer feitiços com metais e juntos fomos aprimorando essa técnica durante um mês. Depois de nos esforçarmos com afinco e estudar a prisão conseguimos fugir através de túneis subterrâneos que construímos. Fomos para uma floresta de relevo acidentado.

Já era inverno quando fugimos, as condições na mata não eram as melhores, estava muito frio e nevava. Se não fosse pelo fato de isso estar quase me matando, eu acharia aquele cenário lindo. O manto da neve cobria tudo, parecia que eu e Malotl estávamos no reino das nuvens. Senti-me como se eu descobrisse o mundo novamente, pois eu era um recém-liberto e até o que era mortal me parecia divino e diáfano.

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