Olhei para Tader e me senti orgulhoso dele. Ele ainda não havia esquecido totalmente da razão e seus pensamentos não deveriam ser tão confusos quanto os meus. Para meu amigo, o dever e o amor que ele sentia pelos seus eram certezas incontestáveis. Apesar de gostar de Gaia e sentir saudades dela, ele estava disposto a impedi-la de arruinar a todos. No fundo, ele continuava nutrindo um grande afeto por sua irmã mais velha, porém não a impediria de sofrer as consequências de seus terríveis atos, ele sabia que ela era um perigo a ser contido. Tader estava certo em amá-la assim.
Eu e Tader permanecemos quietos assistindo à animação de Miya e Hualca. Apesar de tudo pelo que passaram os dois ainda mantinham o espírito da infância vivo em suas almas, eu percebia isso não somente através de suas brincadeiras e gargalhadas: a meninice estava vívida em seus olhares risonhos e brilhantes.
Depois de algum tempo Burdealdea voltou carregando algumas frutas locais. Eu nunca vira frutos assim em Danji, eram frutas azuis e do tamanho de um palmo. Quando a filha do Lua nos ofereceu esses estranhos alimentos, aceitamos sem receio e todos os morderam com grande apetite. Para a nossa surpresa, das frutas saíram um suco rubro, abundante e doce. Famintos, tomamos todo o suco e nos restou a parte carnosa do fruto, esta era rubra, macia e com um gosto divinamente agridoce.
Após acabarmos a refeição, guardamos as frutas restantes e prosseguimos viagem. Hualca insistiu em nos levar até a entrada do túnel por onde eu e ele chegamos aquela região na esperança dele ainda estar aberto e isso nos ajudar na viagem, mas o túnel havia se fechado como eu suspeitava que aconteceria.
Ao perceber que o túnel se fechou, Hualca começou a chorar e chamar a nossa irmã mais velha. Naquele instante, o meu coração ficou muito apertado.
Naquele instante, ficou extremamente escancarado que ele era praticamente uma criança apesar dele ser um prodígio e o campeão do deus da magia. Hualca era tão menino, não deveria estar em meio à guerra e ao jogo dos deuses, ele não deveria ter que lidar com a possível perda da irmã.
Quando eu iria chorar junto do meu irmão, lembrei que ele ainda tinha a mim e o abracei até ele se acalmar. Falei para ele que a nossa irmã provavelmente fechou o túnel para que o exército de Malotl não viesse atrás de nós e que eu realmente não sabia o que aconteceu com ela, eu só estava ciente de que tínhamos que honrar todos os esforços da Tla para nos defender. Hualca enxugou as lágrimas e concordou comigo. Então, eu e as pessoas que estavam me acompanhando resolvemos ir para Danji através do caminho tradicional no qual teríamos que percorrer todo o interior de Dai.
Andamos continuamente até chegar a uma zona de conflito na entrada da terra dos esquecidos. Os corpos dos mortos formavam um tapeta tétrico e o sangue tingia um quadro macabro de guerra e destruição. Infelizmente, nós não poderíamos regressar, pois para chegar a Danji era preciso passar por esse campo de batalhas.
Naquele momento, perguntei a cada um do grupo qual era seu poder, porque isso definiria quem ficaria à frente e quem ficaria na retaguarda ao atravessar o campo de guerra.
Burdealdea era uma rara bruxa do ar, Miya era uma feiticeira da água especializada em feitiços do gelo e Tader não era propriamente um mago, mas se revelou ser o campeão do deus do vazio e possuir um dom peculiar de retirar temporariamente o poder dos seus oponentes. Certamente, poderíamos contar com a habilidade de meu irmão com encantos de terra e eu além de bruxo da terra, eu tinha as foices lunares.
Quando fiquei ciente dos pontos fortes de cada um, propus que eu e Burdealdea ficássemos à frente dos outros enquanto o resto do grupo ficaria na retaguarda. No entanto, Hualca, Miya e Tader não gostaram dessa ideia, visto que eles não queriam se sentir fracos.
Meu amigo falou: quem é poupado de entrar no front da batalha, é o mais frágil, pelo menos é assim em Aima. Meus companheiros estavam longe de serem frágeis, eram guerreiros, porém uma boa estratégia é sempre bem-vinda em todos os combates.
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A independência de Dai
FantasyZoco é um jovem bruxo escravizado de Dai. Não bastando as condições adversas ao qual ele é submetido, ele se apaixona por Pemi, a filha do representante da metrópole em Dai... Um amor proibido. Os deuses, principalmente o deus da guerra, não quisera...