Eu e Tader esperamos a noite ansiosos como noivos aguardando as suas noivas no altar em um casamento. Aproveitamos o dia para nos despedir mesmo que não avisamos sobre isso para quem amamos, foram momentos agridoce.
Quando a noite enfim chegou, esperamos os nossos amigos e parentes se entregarem ao sono para podermos sair e enfrentar Gaia, Niana ou qualquer humano ou deus que resolvesse fazer mal a quem amamos e ao meu povo.
Ao percebermos que eles dormiam, pois foram às suas barracas e não saíram, nós aproveitamos o silêncio noturno e a inspiradora lua cheia a nos iluminar com o seu luzir prateado para sair furtivamente do acampamento.
Tader não conhecia Danji tão bem e foi conduzido por mim. Tudo corria bem conforme o nosso plano, conseguimos enganar os rebeldes que vigiavam o acampamento durante a noite, até um ataque surpresa de Malotl, Gaia, monstros e do exército deles a onde os nossos amigos e parentes estavam. Tivemos de retornar ao ouvir as ordens inclementes e os gritos de terror.
Vimos monstros parecidos com aquele que atacou Miya, pedi para Tader voltar ao acampamento e proteger os nossos entes queridos. Ele resistiu, parou e disse que não queria que eu enfrentasse quem quer que estava liderando aquele caos. Sorri e me proclamei o escolhido do Lua, eu estava no auge do meu poder, eu era o mais forte e deveria defender os mais fracos acabando com os maus pessoalmente. Nenhum dos meus amigos voltaria a chorar se dependesse de mim.
Relutante, Tader retornou ao acampamento enquanto eu enfrentava os soldados e os monstros. Eu desviei dos ataques dos meus oponentes com movimentos rápidos, ninguém era capaz de me tocar enquanto o luar fazia as minhas foices luzir prateadamente. Com o meu poder de terra e as foices lunares consegui fazer chover grandes esferas de pedra do céu em cima dos meus oponentes, elas pareciam pequenas luas e eu era o senhor dessa chuva assustadora, criava crateras e um mundo que eles jamais haviam conhecido.
Eles eram milhares, mas eu tinha a confiança de um deus, experiência em batalhas épicas e eu tinha a força de quem protege os seus entes queridos. Eles eram muitos, mas eu tinha a força. Eu os derrotei com a tempestade lunar convocada pela junção dos meus poderes e da foice lunar. Restaram apenas Gaia e Malotl.
Fiquei emocionado ao ver que o meu amigo traidor estava vivo, quase corri na direção dele, porque eu desejava respostas dele, eu almejava saber o motivo de ele ter sido tão mau e traiçoeiro. No entanto, eu me contive ao ver Gaia. Soube que ela era a irmã do gigante de Aima e de Miya pela grande semelhança entre eles. Gaia era loira, alta, olhos cinzentos, magra e com a pele queimada pelo sol do deserto. Eu a achei tão linda quanto a sua irmã Miya e tão imponente quanto o seu irmão Tader, porém ela tinha marcas roxas nos braços e em um dos olhos indicando que ela era agredida por algum covarde. Eu já tive essas marcas quando eu era mais jovens e sabia o quanto era doloroso ganhá-las, eu já estive no lugar de Gaia e decidi confrontar Malotl, pois eu suspeitava que ele era o agressor de Gaia.
Malotl matou a minha irmã e teve a sua responsabilidade na morte de Pemi, quem tinha sangue de duas mulheres nas suas mãos poderia maltratar e bater em outra. Eu queria confrontá-lo e impedi-lo de fazer mais maldades. Perguntei à Gaia quem fez aquilo com ela, porém ela olhou para o chão e permaneceu quieta no que parecia ser uma mistura de vergonha e medo.
Malotl a chamou de inútil e ordenou que ela fizesse algo para me calar. Gaia me pediu desculpas antes de me aprisionar e eu disse que a entendia e que ela merecia respeito.
Gaia foi gentil comigo, tentou me aprisionar em uma feliz ilusão onde eu, Tla, Hualca, Miya, Tader e Pemi éramos uma família feliz vivendo com simplicidade em uma casa perto de uma das praias de Danji. Na ilusão éramos jovens e livres em um dia de primavera, as flores laranjas enchiam o verde campo perto da casa, a dispensa estava cheia, a lenha do fogão era consumida na cozinha e a maresia do esverdeado oceano próximo invadia tudo e todos. Quase sucumbi a essa ilusão, mas lembrei que nada traria a minha irmã de volta e que ela desejaria que eu vivesse a verdade.
Sorri e disse bela tentativa enquanto consegui me libertar da ilusão e me desviar de um ataque de terra do Malotl. Aproximei-me de Gaia e lhe falei que ela merecia algo melhor do que permanecer ao lado de alguém que certamente não a amava. Ela gritou que ele era o único a se importar com ela.
Eu falei que quem ama não machuca, não deixa olho roxo. Eu a lembrei dos irmãos e disse que eles vieram buscá-la. Ela permaneceu indecisa, eu aproveitei isso e afirmei que eles a amavam e só queriam ser livres quando fugiram da casa onde ela os aprisionou. Ela caiu em prantos e me pediu para levá-la de volta para os irmãos dela.
Em um momento de covardia, Malotl atravessou o corpo de Gaia com uma pedra afiada controlada por ele. Após isso ele sorriu para mim e disse que eu seria o próximo. Neste momento, eu me senti fracassado, pois não pude proteger a irmã de Tader do traidor que um dia chamei de amigo. Restava-me proteger os meus amigos e o meu irmão.
Malotl convocou mais alguns monstros para me atacar, mas usando o brilho supremo da lua os carbonizei com apenas um movimento das foices lunares. Ensandecido pela raiva, o traidor tentou me atacar com uma chuva de lâminas afiadas feitas pelas armaduras dos soldados que derrotei e com a combinação do meu poder de controlar metal e das foices lunares consegui fazer um escudo prateado super resistente. O que eu não esperava era que após se chocarem com o escudo, algumas lâminas voaram muito rapidamente em direção ao Malotl e o perfuraram mortalmente.
Não tive tempo de chorar o luto pela perda daquele miserável que só tinha ao poder, pois surgiu o deus do mal, Malo, em meio a chamas infernais e monstros.
Ele era alto, tinha o corpo era coberto de escamas vermelhas, grandes chifres, fogo no olhar, grandes dentes afia e asas de dragão. A aparência de Malo era assustadora, parecia ter saído de um dos piores pesadelos. E para piorar, estava com raiva de mim.
Ele me perguntou como ousei matar o campeão dele, falei que eu apenas me defendi. Ele me mandou ficar quieto e disse que a minha sorte era que eu era um dos campeões dos jogos divinos e ele não poderia me matar, mas nada impediria ele de acabar com os meus amigos que não eram campeões divinos.
Ao ouvir essa ameaça, nem tive tempo de pensar, porque fui dominado por uma ira profunda, ataquei o Malo com as foices lunares, acertei o coração dele e o m4t3i. Acho que isso ocorreu, pois eu usei armas divinas para o golpear.
Assim que perfurei o seu coração, o corpo dele começou a se desfazer e isso me deixou com um misto de culpa e alívio. Eu senti o remorso de ter sido um assassin0, mas me senti aliviado por proteger Miya, Yaiza e Burdealdea.
Após essa inesperada morte, o próprio deus da justiça, Justo, veio do céu e proclamou que eu estava a ser convocado para o julgamento dos deuses por ter matado Malo, o deus primordial do mal. Aceitei ir ao lar dos deuses acompanhado de Justo, pois eu concordava em ser julgado e receber a pena pelos meus atos, era o certo e eu não deveria ser considerado alguém especial só por ter matado um deus. O certo e o errado ainda se aplicam a mim.
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A independência de Dai
FantasyZoco é um jovem bruxo escravizado de Dai. Não bastando as condições adversas ao qual ele é submetido, ele se apaixona por Pemi, a filha do representante da metrópole em Dai... Um amor proibido. Os deuses, principalmente o deus da guerra, não quisera...