ritmo da vitória

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No meio da noite, o quarto estava silencioso, com apenas o som suave da respiração de Maya e Flávia. As luzes da Vila Olímpica filtravam-se levemente pelas cortinas, criando uma atmosfera tranquila. No entanto, o sono de Flávia começou a se agitar. Seu rosto, antes sereno, agora mostrava sinais de desconforto, as sobrancelhas franzidas e pequenos gemidos escapando de seus lábios.

Em seu sonho, tudo parecia caótico. Ela se via em uma competição, mas algo estava errado. Seus movimentos não estavam fluindo como de costume, as barras estavam instáveis, e a arquibancada estava completamente vazia. Maya, que sempre estava presente, não estava lá. Flávia tentava fazer seus movimentos, mas algo a impedia, como se uma força invisível a puxasse para trás. A sensação de medo e solidão crescia a cada segundo.

De repente, Flávia acordou com um sobressalto, o coração acelerado e a respiração pesada. Ela olhou ao redor do quarto escuro, ainda sob o efeito do pesadelo. Sentiu um aperto no peito, uma sensação de angústia que não conseguia afastar.

Maya, que estava dormindo profundamente ao lado dela, foi despertada pelos movimentos bruscos de Flávia. Ela abriu os olhos devagar, piscando para ajustar-se à pouca luz do ambiente, e notou a expressão assustada no rosto da namorada.

— Flávia? — Maya perguntou, com a voz ainda sonolenta, mas cheia de preocupação. — O que aconteceu?

Flávia respirou fundo, tentando acalmar-se, mas ainda sentia o medo dominando seu corpo. Ela se virou para Maya, os olhos cheios de angústia e incerteza.

— Eu... eu tive um sonho ruim... — Flávia murmurou, a voz trêmula. — Foi horrível, Maya. Eu estava sozinha, e tudo estava errado... eu não conseguia te ver.

Maya se sentou na cama, estendendo a mão para segurar o rosto de Flávia com carinho, os polegares acariciando suas bochechas. — Ei, calma. Foi só um sonho, está tudo bem agora. Eu estou aqui com você, não precisa ter medo, tá?

Flávia assentiu, mas ainda sentia o coração batendo rápido e uma sensação de vulnerabilidade que a deixava inquieta. Ela se aproximou de Maya, buscando o conforto que só ela podia oferecer.

— Eu fiquei com tanto medo de estar sozinha... — Flávia sussurrou, aninhando-se no peito de Maya, tentando encontrar segurança nos braços dela.

Maya envolveu Flávia em um abraço apertado, mantendo-a próxima. — Você nunca vai estar sozinha, Flávia. Eu prometo. Sempre estarei aqui com você, não importa o que aconteça.

Flávia fechou os olhos, sentindo o calor e a proteção de Maya ao seu redor. Aos poucos, sua respiração começou a voltar ao normal, e o aperto no peito diminuiu. Mesmo com o medo ainda pairando em sua mente, o conforto de Maya a fazia sentir-se segura novamente.

— Obrigada, Maya — Flávia murmurou, a voz suave e já ficando sonolenta novamente.

— Não precisa agradecer — Maya respondeu, acariciando os cabelos de Flávia enquanto a embalava suavemente. — Agora tenta relaxar, meu amor. Você está segura, estou aqui com você.

Com as palavras tranquilizadoras de Maya, Flávia sentiu-se finalmente capaz de deixar o pesadelo para trás. Ela se aconchegou ainda mais nos braços da namorada, fechando os olhos com a certeza de que, com Maya ao seu lado, não havia medo ou sonho ruim que pudesse derrotá-la.
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Pela manhã, a luz suave do sol começava a invadir o quarto através das cortinas. O ar estava tranquilo, e o silêncio só era quebrado pelos sons da Vila Olímpica ao longe, com os primeiros atletas já se preparando para mais um dia. Maya acordou primeiro, sentindo o calor do corpo de Flávia ainda aninhado em seus braços. Olhou para baixo e viu a expressão mais calma da namorada, que agora dormia pacificamente após a noite conturbada.

Entre Odiar E AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora