Nathália

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Deitada no peito dele, eu podia sentir as batidas do seu coração desacelerarem aos poucos, enquanto o silêncio da sala era quebrado por uma declaração abrupta:

- Obrigado por aparecer assim na minha vida. Eu nem sei a quem devo agradecer, se é ao universo, ao destino ou a Deus. Faz muito tempo que ninguém me faz sentir desse jeito - disse ele, brincando com os berloques da minha pulseira.

Levantei suavemente a cabeça do seu peito, olhei em seus olhos e respondi:

- Você virou minha vida de cabeça para baixo e, para minha surpresa, descobri que esse é o jeito certo! Não consigo mais ficar longe de você.

Acariciei seu rosto enquanto ele fechava os olhos, como se estivesse absorvendo cada palavra minha. De repente, ele se levantou rapidamente e me puxou em direção ao banheiro. Tomamos um banho quente e demorado, onde ele passava o sabonete delicadamente pelo meu corpo, explorando cada detalhe, enquanto eu fazia uma massagem no seu cabelo. A água caía sobre nós, e eu podia sentir sua respiração ofegante, como se aquele momento fosse algo inexplicável. A química entre nós era inegável, nossos corpos se encaixavam perfeitamente.

Ao sair do chuveiro, nos secamos, e ele me emprestou uma camiseta velha do uniforme dele, para que eu ficasse mais confortável. Já passavam das 10 horas da manhã, e, abraçados na cama, ficamos em silêncio. Eu me perdi em meus próprios pensamentos, relembrando como aquela semana havia sido agitada. Naquele dia, completava uma semana desde que conheci Roberto, durante o incidente com Gouveia. Parecia impossível, mas eu estava apaixonada por ele. Como diz minha amiga Mile, o coração tem suas próprias razões, que a razão desconhece.

Enquanto ele dormia, observei sua respiração tranquila e sua expressão satisfeita. Fiquei admirando-o por alguns minutos, até que me levantei, cuidadosamente, para não acordá-lo. Cobri-o com o lençol e o deixei descansar, ciente de quanto plantões podem ser desgastantes. Saí do quarto em silêncio, recolhi nossas roupas espalhadas pela sala e as organizei em um canto.

No apartamento, explorei as fotos na estante, que, provavelmente, eram de familiares. O celular dele vibrava incessantemente, exibindo o nome "Vitória" na tela. Revirei os olhos, sorrindo sarcasticamente, e deixei o aparelho ali, com mais de 20 chamadas não atendidas.

- Essa mulher vai me trazer problemas. - murmurei baixinho.

Com o estômago roncando, caminhei até a cozinha, mas a preguiça de cozinhar me dominou. Tendo vivido fora do Brasil, sempre me virei bem na cozinha, mas hoje não era o dia. Peguei meu celular e pedi almoço pelo iFood: um risoto de camarão de um dos meus restaurantes favoritos. A previsão de entrega era de uma hora e meia.

Troquei a camiseta dele pelas minhas roupas, sentei no sofá e, ao abrir o WhatsApp, deparei-me com um status da minha amiga ginecologista Rebeca. Meu coração gelou ao lembrar que ele havia gozado dentro de mim, e eu não tomava anticoncepcional. Massageei minhas têmporas e enviei uma mensagem urgente para Rebeca.

Mensagem:

Nathália: Oi, Rê... deu ruim. Tive uma relação sem proteção... Qual pílula do dia seguinte é a melhor?

Rebeca: Nathy... Oi! Só você mesmo, né? Quando foi? Faz muito tempo?

Nathália: Foi agora há pouco...

Rebeca: Hmmm... Olha ela... Vai na farmácia e compra a Saya Control 1,5 mg, é uma caixa com 1 comprimido. É sob prescrição médica, mas como você é médica, vão te vender tranquilo! Amiga, não abusa dessas pílulas, você sabe dos riscos, né?

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