Nathália

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Acordei no dia seguinte com o aroma maravilhoso de café fresco invadindo a sala. Fiquei alguns minutos deitada, quieta, revivendo cada momento da noite anterior. Roberto estava se esforçando tanto para reconquistar um amor que, no fundo, sempre foi dele. Levantei devagar e fui até a cozinha, onde encontrei Roberto e o pequeno Léo assando pão de queijo. Roberto ensinava o pequeno a pôr a mesa e a preparar o próprio café, uma cena tão doce que fiquei parada na porta, observando-os por vários minutos.

"Bom dia, tia!" disse o pequeno, ainda de pijama de dinossauros, com um sorriso tímido. Aproximei-me e dei um beijo em sua testa.

"Eu não ganho beijo?" perguntou Roberto, fazendo um biquinho que me fez sorrir. Neguei com a cabeça, escondendo um sorriso, e me retirei em direção ao banheiro.

"E o café?" — Roberto perguntou, com uma voz frustrada que deixava transparecer sua decepção.

"Deixa para outro dia!" — respondi, olhando para trás com uma expressão fria, mantendo o tom distante. Sabia que isso o afetaria, mas algo em mim ainda queria que ele se esforçasse um pouco mais, que mostrasse que realmente estava disposto a reconquistar tudo o que tínhamos perdido. Antes de virar o corredor, vi Roberto apertando os punhos, claramente frustrado. Um sorriso satisfeito nos meus lábios. Havia algo de reconfortante em saber que ele ainda se importava, que aquela antiga chama entre nós ainda o afetava.

Entrei no quarto e coloquei uma playlist para tocar enquanto mepreparava para um banho. Precisava tirar o cheiro dele de mim, como se, dealguma forma, isso pudesse clarear meus sentimentos. Assim que entrei no banho, a porta se abriu e vi Roberto entrando no banheiro, me observando através do reflexo no espelho. A música *Seu Amor Ainda é Tudo* ainda tocava ao fundo, as palavras enchendo o ambiente com um toque melancólico e intenso. Roberto ficou ali, parado, me encarando com um olhar carregado de tudo o que ele não precisava dizer. Por um momento, o som da música e a presença dele tornaram o ar quase palpável, criando um instante em que todas as nossas emoções pareciam se misturar e ficar suspensas no espaço entre nós.

Senti seus braços me envolverem por trás, trazendo consigo um calor que me desarmou por completo. Ele começou a cantar baixinho no meu ouvido:"É, minha cara, mudei minha cara Mas por dentro eu não mudo O sentimento não para, a doença não sara Seu amor ainda é tudo, tudo..."A voz dele era suave, cheia de arrependimento e saudade. Cada palavra tocava fundo, como se ele estivesse se confessando, abrindo o coração. Enquanto continuava, o som da música e a proximidade faziam com que toda a mágoa que ainda restava em mim começasse a derreter."Daquele momento até hoje esperei você Daquele maldito momento até hoje, só você Eu sei que o culpado de não ter você sou eu..."

Essas últimas palavras ficaram no ar, pesadas e verdadeiras. Senti o peso de sua culpa, e ao mesmo tempo, uma onda de sentimentos que eu nem sabia que ainda estavam ali. Senti o rosto dele afundar no meu pescoço, e logo percebi que ele estava chorando. Pela primeira vez, vi Roberto tão vulnerável, deixando cair a máscara de força que ele sempre usava. O choro dele era silencioso, mas carregava uma dor profunda, como se ele estivesse liberando anos de arrependimento e saudade. 

"Você tem alguém, né, Nathália?" ele disse, a voz embargada, tentando segurar o choro. "Você tá com aquele idiota do Instagram? Aquele gringo?" As palavras saíram em meio aos soluços, como se cada uma fosse um peso a mais no peito dele.

"Não, Roberto, não tem ninguém", respondeu, soltando um suspiro, tentando deixar claro que, apesar de tudo o que ele imaginava, ele ainda era o único que realmente importava.

"Não?" ele repetiu, com uma mistura de interrupção e desejo na voz. Senti sua mão deslizando pelo meu corpo até parar no meio dos meus seios, o toque suave, mas cheio de intenção.

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