Nathália

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Perder minha avó foi algo que não estava no contexto de nossas vidas; foi uma verdadeira tragédia. Sabemos que ninguém vive para sempre, mas nunca estamos verdadeiramente preparados para essa realidade. Para lidar com essa perda, tirei sete dias de afastamento do trabalho para passar um tempo com meus pais.

Na terça-feira pela manhã, permiti-me o luxo de dormir um pouco mais. Já eram cerca de 9:30 da manhã quando acordei, com o sol entrando suavemente pela persiana da janela. Fiquei deitada, olhando para o teto e refletindo sobre como minha vida havia mudado tanto em tão pouco tempo. Desde aquele fatídico sábado em que minha querida avó faleceu, passei a existir apenas mecanicamente, evitando qualquer reflexão profunda. A maior parte do tempo, permaneci reclusa, descendo apenas para me alimentar. O sentimento de culpa me consumia, por ser médica e não ter conseguido salvá-la. Aquilo corroía-me internamente. Contudo, por outro lado, eu sentia uma espécie de alívio, pois havia conseguido salvar um policial da morte iminente. Esse feito fez-me sentir grandiosa, quase heroica, como se fosse a protagonista de uma narrativa épica. Que sentimento extraordinário.

De repente, senti meu celular vibrar ao meu lado. Peguei-o rapidamente e, ao olhar para a tela, vi uma mensagem de um número desconhecido, mas com a foto de perfil era do policial, era do Capitão Nascimento

 Peguei-o rapidamente e, ao olhar para a tela, vi uma mensagem de um número desconhecido, mas com a foto de perfil era do policial, era do Capitão Nascimento

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Recebi a mensagem dele, e meu coração falhou uma batida ao lê-la. Ele me avisava que, na correria, eu havia perdido meu jaleco. Só então percebi que não havia notado sua ausência. Agradeci e perguntei onde poderia recuperá-lo. Ele respondeu prontamente que poderia fazê-lo no batalhão do BOPE. Pensei comigo mesma: "Claro, Nathália, onde mais seria? Em um restaurante?"

Impulsivamente, saltei da cama, e um sorriso iluminou meu rosto. Refleti por um momento: "Nathália, vamos parar com isso; paixão é coisa de adolescente." Decidi ir tomar banho. Após secar o corpo, senti a toalha macia deslizar por cada parte dele. Dirigi-me ao guarda-roupa, peguei um hidratante e espalhei suavemente nas pernas e braços. Para o rosto, utilizei um produto específico para a região. Em frente às portas abertas, passei um bom tempo decidindo o que vestir. Como filha e irmã de militares, sabia que não poderia usar qualquer coisa lá dentro. Optei por um pretinho básico, um macacão comportado, e finalizei o look com um sapato de salto alto. Pensei: "O que seria das baixinhas sem um bom scarpin?"

Desci para tomar café, e logo começaram as perguntas do meu irmão, Gabriel.
Gabriel: "Vai aonde desse jeito, Nathália? Está bonita!" Ele me abraçou e me deu um beijo na testa. Aquele beijo era tão familiar, eu me sentia bem com o carinho que sempre tivemos.
Nathália: "Vou sair... mas não vou te contar aonde... depois eu conto, ok?"
Gabriel: "Tá... mas tome cuidado!" Ele disse, com aquele tom super protetor.

Ele se dirigiu à porta de casa e saiu. Provavelmente, estava indo para o quartel, já que ele é médico do Exército Brasileiro.

Terminei meu café rapidamente, tirei as coisas da mesa e subi para escovar os dentes. No caminho, encontrei nossa empregada, Valda.
Nathália: "Bom dia, Valdinha!" Digo, com um sorriso no rosto.
Valda: "Bom dia, minha menininha!"

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