Nathália

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Roberto saiu de casa fardado, e eu não podia deixar de notar o quanto ele ficava estranhamente atraente naquele uniforme. Isso só aumentava minha vontade de sentar horrores nele. Enquanto Mile ainda dormia tranquilamente no quarto do meu irmão, provando que o melhor calmante, sem dúvida, é o sexo, eu aproveitei o restante da tarde à beira da piscina. Não foi necessário muito tempo para que minha marquinha de biquíni voltasse a aparecer.

De repente, vejo de soslaio Milena caminhando em minha direção, com uma postura meio desconfortável, e não consigo evitar uma expressão curiosa, misturada com deboche. Eu a avalio de cima a baixo e, com um olhar por cima dos óculos de sol, pergunto:

— O que foi, mulher? — começo a rir de forma irônica.

Ela se senta ao meu lado em uma espreguiçadeira, claramente sentindo dor, e comenta, escorando-se e esticando as pernas:

— Teu irmão, Nathália!

Tento disfarçar a vontade de rir, mas ela logo se adianta:

— Não ria, Nathália! — diz ela, com uma expressão de dor.

— O que vocês fizeram? — pergunto, curiosa.

Com uma expressão frustrada, ela responde:

— Dei meu botico!

Foi impossível segurar. Caí na gargalhada, rindo de forma sincera.


— Eu não acredito, Mile! — exclamei, levando a mão à boca, tentando conter o riso. — Tinha que ter sido devagar, mulher. Se  foi a tua primeira vez, ainda assim, não podia ter sido desse jeito.


Eu tentava controlar minha gargalhada, mas era quase impossível. Milena me olhou de soslaio, ainda com uma expressão de dor, e comentou com um ar de deboche:


— É, mas e essas marcas de mão na tua bunda aí? São do caveira?


Automaticamente, virei de ladinho, tentando olhar as marcas e, constrangida, cocei a nuca.


— São, sim. — respondi, ainda com um sorriso no rosto, lembrando das palmadas enquanto ele me comia.


— Ele te pegou de jeito então... — provocou ela.


Balancei a cabeça afirmando que sim, e, juntas, caímos na gargalhada.

— Mas falando de trabalho, amanhã você volta, né? Temos um plantãozinho na UTI amanhã! — disse Milena, animada.


— Temos, Mile... Amanhã é o dia de reduzir a sedação do Gouveia... — franzi o cenho, preocupada. — Logo no meu plantão... Mas ele tem se comportado bem nesses últimos dias, né?


— Sim, Nathy... Alguma sequela ele vai ter, é provável, mas o que importa é que ele está bem e vivo. Todos nós sabemos que foi um milagre ele ter sobrevivido! — respondeu ela, dando de ombros.


— Mile... eu não sei, mas não era a hora dele morrer. Aquilo foi obra de Deus!A tarde transcorreu de forma maravilhosa na companhia de Milena. As conversas, as risadas... nossa conexão era algo especial. Nos entendíamos apenas pelo olhar.
Meu celular começou a tocar insistentemente. Era minha mãe.


— Lembrou que tem casa e filhos? — atendi em tom de deboche.


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