Roberto

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Finalmente, parecia que minhas preces estavam sendo atendidos, e eu não seria tolo de perder essa chance novamente. Aquela mulher era tudo que eu sempre quis, e eu sabia que não podia deixar passar a oportunidade de estar com ela outra vez. Matei a saudade que havia me consumido aos poucos,aquele corpo aquela boca, aquela buceta o calor de seu corpo, o toque de sua pele e a essência que tanto me faltava. Naquele momento, tudo parecia se encaixar, como se o tempo e a distância fossem apenas fortalecidos o desejo que agora eu não pretendia perder.

Há algo que não posso deixar de admitir: já não sou o mesmo de cinco anos atrás. Ter essa nova experiência com Nathália, foder ela em pé, trouxe à tona uma leve dor na coluna que me fez sorrir por dentro, lembrando-me de que o tempo passa para todos nós. Ainda assim, estar com ela novamente, revivendo a intensidade que compartilhamos, fez cada momento valer a pena, mesmo com esse lembrete sutil de que a vida mudou.

Aguentei o domingo em silêncio, mal me movendo de tanta dor, mas, como um macho determinado a reconquistar o amor da mulher que me preenchia de todas as formas, passei o dia ao lado dela, paparicando-a e aproveitando para comer aquela buceta maravilhosa. Eu sabia que aquilo não era exatamente uma volta completa, mas estar ao lado de Nathália já era o suficiente por enquanto. Ela parecia diferente, mais reservada, sem a mesma entrega de antes, e isso me fazia avançar com cuidado. Eu estava disposto a ir devagar, conquistando-a novamente, pouco a pouco.

Durante a tarde, Nathália e Mile se ocuparam separando as lembrancinhas do casamento, envolvidas naquele papo típico de mulher. Eu preferi ficar mais afastado, sem querer me intrometer muito. Aos poucos, todos em casa já tinham percebido que estávamos nos acertando, então não havia muito o que explicar. A conversa entre elas fluía naturalmente, até que começaram a falar do vocalista da banda Imagine Dragons e a comentar, entre risadas, sobre como ele era "gostoso", como elas mesmas disseram.

Aquele comentário me atingiu como um soco inesperado de ciúme. A forma como elas riam e elogiavam o vocalista, chamando-o de "gostoso" sem o menor pudor, trouxe à tona uma insegurança que eu nem sabia que ainda existia. Era como se cada palavra fosse um lembrete de que, apesar de estarmos nos acertando, eu ainda não tinha certeza se havia reconquistado completamente o coração de Nathália. A ideia de que alguém, mesmo que fosse uma celebridade distante, pudesse despertar esse tipo de atenção nela me deixava inquieto. Mesmo sabendo que era uma conversa leve, parte de mim não conseguia afastar o incômodo, como se eu precisasse lutar ainda mais para assegurar meu lugar ao lado dela.

Eu tive que aguentar firme enquanto elas continuavam a conversa, rindo e até mencionando o assunto de nudes, como se fosse a coisa mais natural do mundo. O ciúme parecia subir em ondas, mas eu sabia que não podia me dar ao luxo de explodir ou criar uma cena. Por mais que eu quisesse reagir, estava claro que, se eu desse qualquer indício de crise de ciúmes, Nathália não viria atrás de mim para me consolar ou acalmar. Ela estava diferente, mais reservada e em seu próprio ritmo, então era a mim que cabia a paciência. Fiquei na minha, tentando digerir aquilo com um esforço que eu não demonstrava, mas que sentia em cada fibra do meu corpo.

"Essa mulher vai acabar comigo", pensando, sentindo o peso de tudo que estava por vir. Decidi agir sem dizer uma palavra e me ajoelhei no chão, no tapete onde ela estava sentada, me posicionando atrás dela. Passei meus braços ao redor dela, abraçando-a com uma mistura de necessidade e vulnerabilidade, como quem silenciosamente pede por carinho, amor e atenção. Sentir sua presença tão próxima trouxe uma onda de conforto e desejo de estar mais perto, de ser acolhido e de saber que, ali, eu ainda tinha um lugar.


Envolvido naquele abraço, sentindo o calor do corpo dela contra o meu, não posso evitar que as dúvidas invadissem minha mente. "Será que ela vai mesmo me perdoar? Será que vai me dar mais uma chance?" Pensava se tivesse um caminho de volta para nós, se ela conseguisse abrir seu coração novamente para tudo o que construímos. Em silêncio, lembrei da nossa aliança, que ainda guardava com todo o amor do mundo, esperando pelo dia em que talvez ela estivesse pronta para voltarmos a ser um só. A esperança e a incerteza se misturavam, enquanto eu me segurava naquele momento, desejando que ela sentisse o quanto ainda significativo.

Parado ali, preso no tempo com ela entre as minhas pernas, bloqueava e apagava qualquer contato de outras mulheres que pudessem ter no meu celular. A presença de Nathália ao meu lado tornava tudo o que era superficial e insignificante. Enquanto meus dedos deslizavam pela tela, eu me sentia decidido a deixar para trás qualquer vestígio do passado que pudesse ameaçar o que estávamos reconstruindo. A cada toque, uma renovação de compromisso, uma reafirmação de que era ela quem eu queria, e nada mais importanteva além daquele momento.

"Está tão calado!" ela murmurou baixinho, quebrando o silêncio que pairava entre nós.

 Em resposta, beijei delicadamente o pescoço dela, sentindo o calor da sua pele e a fragância familiar que me envolve. Contudo, não consegui esconder meu descontentamento com o assunto anterior. 

"É que vocês estavam falando daquele vocalista...", murmurei, inclinando a cabeça, frustrado. A menção dele me incomodava profundamente, a ideia de que ela pudesse admirar outra pessoa, mesmo que de forma casual, acendesse uma chama de ciúmes dentro de mim. Eu não gostei de me medir onde não era chamado, mas a insegurança me corroía.


"Roberto!" Ela suspirou, falando baixinho, como se tentasse acalmar a tempestade que se formava dentro de mim. "É só um cara qualquer, não é nada de mais. Relaxa e sem drama!" Suas palavras foram como um balde de água fria, mas a verdade é que o ciúme ainda queimava em meu peito. Era fácil para ela falar assim, mas eu não conseguia evitar a sensação de que aquele "cara qualquer" representava uma ameaça ao que estávamos tentando reconstruir. Enquanto a olhava, desejava que ela percebesse o quanto eu ainda me importava, não apenas com ela, mas com a possibilidade de perdê-la para alguém que poderia ser tão insignificante e, ao mesmo tempo, tão ameaçador. 


"Somos velhos demais para crises de ciúmes!" Ela disse, jogando mais um balde de água fria sobre mim, como se suas palavras pudessem apagar a chama que ardia dentro do meu peito. A frustração era evidente, e eu não podia deixar de sentir que, enquanto ela tentava aliviar a tensão, eu me afundava ainda mais nas inseguranças. A verdade era que, apesar de sermos mais velhos e informados mais sábios, o ciúme não diminuía, ele se tornava mais complicado. Cada palavra dela parecia um lembrete de que eu deveria ser mais maduro, mas não poderia evitar o medo de perdê-la, mesmo para alguém que ela considerava irrelevante.

Como eu poderia ser tão idiota a ponto de agir como uma criança ciumenta? Aquilo não era digno de um coronel do BOPE. A sensação de vulnerabilidade me consumia, e eu percebia que estava completamente doente, presa em um ciclo de insegurança que só me afastou de Nathália. A luta interna entre a imagem que eu queria projetar e que realmente se sentia insuportável. Aquela situação não ia dar certo se eu não conseguisse controlar esses impulsos, e a ideia de perder o que tínhamos reconstruído me deixava ainda mais angustiado. Era preciso encontrar um jeito de lidar com isso antes que se tornasse insustentável.

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