Roberto

79 11 14
                                    


Os caras do batalhão decidiram fazer uma resenha na casa do Bocão em função do aniversário dele. Eu não estava muito a fim de ir, mas o André, como um bom persuadista, conseguiu me convencer a aparecer. Quando cheguei lá, praticamente transformaram a casa do cara em uma boate. As luzes piscando, a música alta, e o barulho das risadas e conversas pareciam insuportáveis.


Meu Deus, eu sabia que estava errado. Nathália tinha acabado de perder o nosso bebê, e aqui estava eu, em uma festa, tentando esquecer a dor que me acompanhava. A culpa pesava sobre mim, mas, ao mesmo tempo, a atmosfera da festa me puxava, como se eu pudesse escapar, mesmo que por um momento, do que realmente estava acontecendo.


Relutei por um instante, mas, assim que coloquei o primeiro gole da bebida na boca, a sensação de liberação começou a tomar conta de mim. A música pulsava, e eu sentia a tensão se dissipar um pouco. O ambiente vibrante me envolvia, e logo meu olhar começou a cruzar mais de uma vez com o de uma dançarina que se movia com confiança na pista.


Havia algo hipnotizante nela, e eu me vi momentaneamente esquecido da dor que carregava. Cada olhar trocado parecia intensificar a atmosfera, como se eu estivesse sendo puxado para algo maior, mesmo sabendo que, no fundo, era um erro.


Ela dançava de um jeito hipnotizante, com movimentos fluidos e sensuais que capturavam toda a atenção da sala. Seu corpo era perfeito, e, com o efeito da bebida, aquela atração se intensificava a cada instante. A música parecia combinar com seus movimentos, e eu não conseguia desviar o olhar, fascinado por sua presença.


Era como se, por um momento, toda a dor e a culpa fossem esquecidas, substituídas por uma onda de adrenalina e desejo. O ambiente ao meu redor se tornava um borrão enquanto eu me deixava levar, sentindo a excitação da festa. Mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim se lembrava de Nathália e da situação que deixei para trás.


Já estava mais bêbado do que nunca, e a bebida bateu forte, trazendo um desejo avassalador que parecia não ter controle. Bingo. Foi naquele momento que cometi a pior besteira da minha vida: trai a Nathália com uma garota de programa.


A sensação de euforia foi rápida, mas logo se transformou em uma avalanche de culpa e arrependimento. Naquela fração de segundo, tudo que era real se perdeu, e a responsabilidade se dissolveu na embriaguez. Mas, ao acordar no dia seguinte, a realidade do que eu havia feito caiu como uma pesada rocha sobre mim, me deixando paralisado pelo horror da traição.


 Eu era um monstro, um idiota, o pior ser humano do mundo. A pior parte de tudo foi o olhar da Nathália quando ela me encarou. Aqueles olhinhos, que antes brilhavam de amor e confiança, agora refletiam pura decepção. Eu podia sentir o peso daquela confiança despedaçada, e a dor era quase insuportável.

Ela sempre acreditou em mim, e eu fui um moleque. O arrependimento me consumia, e cada pensamento sobre o que fiz parecia um punhal cravado no meu peito. Como eu pude deixar que tudo isso acontecesse? A culpa me envolvia como uma nuvem escura, e eu sabia que nada que eu dissesse ou fizesse poderia apagar a dor que causei a ela.


Já se passavam mais de três semanas desde o acontecido, e a realidade era devastadora. Fui bloqueado de todas as redes sociais, completamente excluído da vida da Nathália. O silêncio era ensurdecedor, e a ausência dela se tornava cada vez mais difícil de suportar.

DestinosOnde histórias criam vida. Descubra agora