Capítulo Seis

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Acordei com a luz do sol entrando pelas frestas da cortina. Sentia-me muito bem contando tudo que aconteceu na última noite, como se o peso dos últimos dias tivesse finalmente se dissipado. Olhei para o relógio ao lado da cama e vi que já passava das 12:00. "Nossa, dormi demais!", pensei, levantando-me rapidamente.

Vesti um conjunto canelado, uma calça e um cropped azul claro com manga longa, como sempre gostei de usar e desci as escadas, seguindo para a cozinha. Ao entrar, encontrei Matteo, Maria, Higor e meu tio Marlon terminando de comer. O cheiro de café fresco e pão recém-assado preenchia o ar.

— Bom dia, dorminhoca! — brincou Higor, com um sorriso no rosto.

— Bom dia, pessoal — respondi, sentindo-me um pouco envergonhada por ter dormido tanto. — Parece que perdi a manhã inteira.

— Não se preocupe, ainda temos bastante dia pela frente — disse Maria, com um sorriso acolhedor.

Aproximei-me de Higor e sentei ao seu lado direito, pois Maria estava no esquerdo. Eu estava bem mais observadora agora.

— Venha, Helena. Ainda tem pãezinhos quentes para você — disse Maria, apontando para a mesa e sorrindo.

Servi-me e comecei a comer enquanto ouvia a conversa animada ao redor da mesa. Os pães estavam divinos, eram doces e tinham um creme que realmente me fazia querer comer dez deles.

— Então, sobre a noite passada... — começou meu tio Marlon, olhando para todos nós. Eu prendi a respiração por um momento, não queria lembrar. — Foi um susto e tanto. Helena, você está realmente bem?

Assenti, tentando não lembrar dos momentos de pânico e tentando me recuperar.

— Sim, sim... Está tudo bem, foi só um susto... — eu disse, tentando ao máximo acreditar nessas palavras.

— Precisamos ser mais cuidadosos — continuou ele. — Não podemos nos dar ao luxo de correr riscos desnecessários.

Matteo, que estava sentado em silêncio, finalmente falou, sua voz baixa e controlada.

— Concordo. Precisamos estar mais atentos. Não podemos permitir que algo assim aconteça novamente. — Ele me olhou como se me achasse um incômodo e depois virou o rosto rapidamente.

Higor assentiu, parecendo ainda um pouco abalado. Sendo sincera, eu só queria poder abraçá-lo e prometer que ia ficar tudo bem, mas eu não podia prometer algo que sentia que ainda não havia acabado.

— Onde estão os outros? — perguntei, olhando ao redor e vendo que não havia mais ninguém por perto.

— Eles foram ao centro comprar algumas coisas que faltavam para os novos acomodados na casa — explicou Maria, sorrindo atenciosamente. Eu ainda estava de olho nela, então todo seu movimento estava sendo calculado por mim. Será que ela acha que vai poder ficar com meu irmão sem nem me contar antes?

— Helena, estava pensando... — começou meu tio, vindo até o meu lado do balcão e mudando de assunto. — Você poderia ajudar Matteo nos estábulos nos próximos dias. Ele está precisando de uma mão extra, e acho que seria uma boa experiência para você.

Olhei surpresa para o tio Marlon e em seguida para Matteo. Ele ergueu as sobrancelhas e me encarou como se fosse um desperdício eu ajudar, mas depois de um momento, vendo que ele estava me subestimando, eu obviamente assenti.

— Claro, tio Marlon. Eu adoraria ajudar. — respondi, sentindo uma mistura de excitação e nervosismo, mas sorrindo ao máximo para novamente fingir que estava bem.

Matteo apenas me lançou um olhar frio e disse:

— Só não atrapalhe. Se for para causar problemas, prefiro fazer sozinho. — Ele falou como se eu realmente tivesse pedido isso. Meu querido, por que eu gostaria de ficar num lugar fedorento com cavalos? Ele só podia estar louco, pensei comigo mesma.

Amor e Maldição - Um reconto inspirado na lenda do Corpo SecoOnde histórias criam vida. Descubra agora