Capítulo Cinco

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Acordei com uma dor latejante na cabeça e a sensação de frio na pele. A escuridão ainda me envolvia, mas agora havia uma luz fraca e trêmula ao longe. Pisquei várias vezes, tentando ajustar a visão, e percebi que estava deitada no chão da floresta. O diário que eu segurava com tanta força havia desaparecido.

— Onde estou? — murmurei, tentando me levantar. A dor na cabeça me fez cambalear, mas consegui me apoiar em uma árvore próxima.

De repente, ouvi vozes ao longe, chamando meu nome. Gritos desesperados e o brilho de lanternas cortavam a escuridão.

— Helena! Onde você está? — a voz de Caio ecoou desesperada pela floresta.

— Aqui! — tentei gritar, mas minha voz saiu fraca e trêmula. Respirei fundo e tentei novamente. — Aqui! Estou aqui!

As luzes das lanternas se aproximaram rapidamente, e logo vi as silhuetas dos meus amigos correndo em minha direção. Caio foi o primeiro a me alcançar, seguido por Maria, Higor, Ana e Lucas.

— Helena! Graças a Deus, te encontramos! — exclamou Caio, me ajudando a levantar. Eu me apoiei nele, aliviada.

— O que aconteceu? — perguntou Maria, com os olhos arregalados de preocupação. — Estamos procurando você há mais de 20 minutos!

— Eu... eu não sei. Achei um diário, mas ele sumiu. E tinha alguém na floresta... uma figura encapuzada... — minha voz tremia enquanto eu tentava explicar, sentindo as lágrimas se acumularem.
Ana olhou ao redor, nervosa.

— Precisamos sair daqui. Agora.

Com a ajuda dos meus amigos, comecei a caminhar de volta para a fogueira. A sensação de ser observada ainda estava presente, mas o alívio de estar com eles me deu forças para continuar.

Finalmente, chegamos à segurança da fogueira. Me sentei, tentando processar tudo o que havia acontecido, enquanto meus amigos se reuniam ao meu redor, ainda preocupados.

Lucas, com uma expressão de culpa, se aproximou.

— Helena, me desculpa. Eu não devia ter te desafiado a entrar na floresta. Foi uma brincadeira estúpida.

Assenti, olhando de cima para ele, ainda tremendo.

— Tudo bem, Lucas. Só... só preciso descansar um pouco.

Enquanto tentávamos entender o que havia acontecido, Higor começou a andar de um lado para o outro, visivelmente nervoso. Ele passava as mãos pelos cabelos repetidamente, seu rosto pálido e os olhos arregalados.

— Isso não podia ter acontecido — murmurou ele, quase para si mesmo. — Eu sabia que essa brincadeira era uma má ideia.

Maria tentou acalmá-lo, colocando uma mão em seu ombro.

— Higor, ela está aqui agora. Está tudo bem.

Mas Higor não parecia ouvir. Ele se virou para mim, os olhos cheios de preocupação, medo e principalmente raiva.

— Helena, você não pode fazer isso de novo! Eu fiquei apavorado! — ele caminhou até mim e segurou meus ombros. Sua voz tremia, e ele parecia à beira das lágrimas. — E se algo tivesse acontecido com você?

Fiquei surpresa com a intensidade da reação de Higor. Eu sempre achei que ninguém se importava o suficiente comigo para se preocupar em me proteger. Ver meu irmão tão abalado por causa do meu desaparecimento me tocou profundamente.

Segurei em sua cintura e olhei para seu rosto.

— Higor, eu estou bem. Eu prometo que não vou fazer isso de novo. Foi uma situação assustadora, mas estou aqui agora, me desculpe. — respondi como um sussurro e olhei para minhas pernas que agora estavam machucadas e sujas.

Amor e Maldição - Um reconto inspirado na lenda do Corpo SecoOnde histórias criam vida. Descubra agora