Capitulo Dezesseis

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— Helena! — Caio se juntou a mim próximo à beirada da montanha, me puxando para trás. — Não fique tão próximo do topo assim, está escuro e é perigoso!

Eu deixo que ele me guie até retornarmos às nossas barracas. Aparentemente, todos já se apressaram e colocaram seus pijamas para dormir. Me sinto um pouco boba por ter me perdido do plano por um momento. O ar da noite estava fresco, e a lua cheia iluminava a paisagem ao nosso redor, criando sombras longas e misteriosas.

— Acho que o dia foi cansativo para todos, então vamos nos deitar para que possamos acordar cedo amanhã, pessoal — Ana diz, entrando na sua barraca com Maria, e grita lá de dentro: — Boa noite a todos! Ah, Helena, se quiser deixar sua lanterna ligada, não tem problema, nós também deixaremos a nossa! — Ela sorri calorosamente e eu não consigo deixar de retribuir.

— Bellie, se você precisar, é só gritar, sabe disso, né? Dorme bem, estou aqui, ok? — Assim que Caio ve Higor ele se afasta para falar algo com Ana e Maria, e meu irmão mais velho, sempre protetor, me dá um beijo na testa e entra na barraca dos meninos. Ele me chamou de Bellie pela primeira vez em muitos anos. Quando éramos crianças, eu insisti que ele me chamasse assim por causa do nosso sobrenome, Bellini, que significa "belos". Desde o ocorrido na floresta, ele está ainda mais protetor do que antes. Mesmo que seja fofo, tenho um pouco de vergonha, já que eu o forcei tanto que ele não teve muita opção a não ser ceder. Mas eu gosto de me sentir querida por ele, afinal, ele é meu irmão.

Assim que ele se afasta, vejo a sombra de uma pessoa que parece estar atrás de mim, mas o cheiro de Matteo era inconfundível para mim, e eu amava isso. Respiro fundo antes de me virar e dar de cara com ele, me encarando com um sorriso de lado meio... sombrio? Eu realmente não sei descrever o que ele está parecendo, é meio estranho na verdade.

— Então... Bellie? — Ele dá uma risadinha provocante e eu sinto meu rosto ficar vermelho. Ah... agora entendi o motivo do sorriso provocador, ele está zombando de mim.

— Ah, sim, é claro que você faria isso — reviro os olhos e me viro para me afastar furiosa. Ele até parece ter duas personalidades.

Assim que me viro, sua mão segura meu pulso e me vira rapidamente contra seu corpo, fazendo com que eu batesse nele com força.

— Mas o que? Por que isso? Estou aqui, Matteo! Se quiser falar algo, só diga! — Eu falo sussurrando e franzindo a testa, brava com ele por fazer essa brincadeira sem graça. Estamos tão perto que sinto seu peito inflar e murchar com sua respiração.

— Boa noite, Bellie... — Ele pigarreou, tossindo um pouco e cobrindo sua boca. — Ainda não tivemos tempo para conversar sobre o que aconteceu, mas logo irá acontecer... Por hoje, só tente dormir, ok? — Ele sorri tão fofo que fico paralisada o vendo se afastar e até esqueço o porquê estava brava. Esse é o mesmo Matteo com quem falei ainda hoje? Ele me parece alguém completamente diferente. Ainda estou olhando para suas costas quando Caio chega correndo até mim e me abraça de lado.

— Ei, achei que estava esquecendo de mim — ele faz biquinho e eu me pergunto se ele acha que temos algo para que possa me abraçar assim. Eu sorrio para ele, mas viro o rosto ainda querendo ver Matteo, mas quando olho, ele parece ter sumido, tão rápido quanto chegou.

— Ah, sim, claro que não, e eu só vou dormir, está tudo bem — eu sorrio fraco para ele e me solto de seus braços. — Acho melhor irmos logo, não quero acordar atrasada para o nascer do sol — eu digo já me afastando. — Tenha uma boa noite, Caio, nos vemos logo, tudo bem? — Eu lhe dou o melhor sorriso que tenho e entro em minha barraca. Meu Deus, por que tenho que dar boa noite para todos um por um? Era simplesmente só falar tchau e bença, mas virou uma festa. Estou cansada...

Eu sei que não vou conseguir dormir imediatamente, então penso em ler mais um pouco do meu livro. Ao pegar o livro no canto onde deixei, noto algo diferente. Debaixo dele, há um caderno rosa, o mesmo que vi na loja mais cedo e achei lindo. Com curiosidade, abro o caderno e, para minha surpresa, vejo um desenho que se parece muito... comigo? Mas com total certeza não é, essa jovem parece de uma época completamente diferente. Eu nunca me vesti assim, mesmo achando lindo, e meu cabelo está bem mais curto do que atualmente. Certo, essa não sou eu. Mas ainda assim, é linda. A arte é detalhada e impressionante, lembra um pouco obras antigas. Suas texturas e a forma de desenhar a expressão de paixão e brilho nos olhos da mulher fazem meu coração palpitar desesperadamente. Logo abaixo do desenho, há algo escrito, um poema talvez? É fofo... e sombrio?

"Nos olhos dela, o mistério da noite, No sorriso, a promessa do amanhecer. Quem a vê, não esquece jamais, Pois ela é a musa dos meus sonhos mais reais."

Fico encantada com o poema, mas ao mesmo tempo, um arrepio percorre minha espinha. Quem poderia ter deixado isso aqui? Será que foi Caio?

Ele me viu com o caderno e acho que deve ter percebido que gostei... bom, ele não é tão ruim, só um pouco grudento, mas ele me trata bem e acho que gosta de mim também... eu deveria dar uma chance a ele? Me pego sorrindo enquanto traço os dedos pelo desenho delicadamente. Mas por que eu sinto essa mistura de gratidão e desconforto ao pensar nisso? Talvez eu esteja lendo demais nas intenções dele.

Eu fecho minha barraca, o som do zíper ecoando na quietude da noite, e sento no meu colchão de ar. O tecido da barraca balança levemente com a brisa, e eu ainda observo o desenho, perdido em pensamentos. Por que ela se parece tanto comigo? Ela não tem todos os traços do meu rosto, mas qualquer um poderia dizer que sou eu. O que isso significa? Foi Caio que me deu e desenhou isso? Ele faria tudo isso por mim mesmo não me conhecendo há muito tempo? Ou... foi Matteo?

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Feita por IA.

Amor e Maldição - Um reconto inspirado na lenda do Corpo SecoOnde histórias criam vida. Descubra agora