"Então aqui estou eu, engolindo meu orgulho e, de pé na sua frente, pedindo desculpas por tudo que aconteceu naquela noite."
***
Voltar para dezembro nunca foi fácil. Toda vez que o mês chega, a culpa volta com força total, me lembrando das palavras que nunca tive coragem de dizer. Tom está sempre nas minhas lembranças, especialmente quando o tempo esfria e as luzes de Natal começam a aparecer nas ruas.
Era dezembro quando nos afastamos. Ele estava na estrada, viajando pelo mundo, promovendo Homem-Aranha e fazendo sessões de fotos, enquanto eu... Bem, eu estava aqui, presa em meus próprios medos, sem conseguir lidar com a distância. Lembro-me de como ele tentava, sempre me ligando no meio das gravações, cansado mas ainda disposto a conversar. E eu? Eu apenas me afastei, dizendo que precisava de tempo.
Agora, a saudade é insuportável. O arrependimento pesa. Pego o telefone, olhando para o nome dele na tela, sem saber se devo realmente mandar a mensagem. Faz quase um ano desde que nos falamos. Ele estava na Austrália filmando e não sei o que andou acontecendo desde então, mas eu não conseguia mais adiar. Preciso vê-lo, preciso tentar consertar o que destruí.
"Podemos nos encontrar?" envio a mensagem antes que eu perca a coragem.
Não demora muito para ele responder. A notificação pisca, e o coração quase salta no peito.
"Claro, amanhã no café da esquina?"
Aquela resposta tão simples me faz soltar o ar que eu nem percebi que estava prendendo. Tom sempre foi assim: direto, prático, sem rodeios. Parte de mim esperava uma resposta mais fria, algo que deixasse claro que ele já tinha seguido em frente. Mas ele ainda quer me ver.
No dia seguinte, chego mais cedo ao café que costumávamos frequentar quando ele estava em Londres. O ar frio de dezembro me envolve, e eu me forço a respirar fundo, tentando acalmar os nervos. Eu olho para a porta a cada som de passos, até que finalmente ele entra.
Tom parece o mesmo, mas ao mesmo tempo diferente. Ele está com o cabelo um pouco mais curto, vestindo um casaco grosso, as bochechas rosadas pelo frio. Ele sorri ao me ver, aquele sorriso tímido que eu conheço tão bem. Ele se aproxima e se senta na minha frente, deixando a bolsa no chão.
— Oi, Sn — ele diz, e é como se todo o tempo entre nós desaparecesse por um segundo.
— Oi, Tom.
O silêncio cai entre nós. Ele parece esperar que eu diga algo, e eu sei que sou eu quem deve falar. É a minha vez de explicar o que aconteceu, o que eu estava sentindo.
— Eu sinto muito — começo, minha voz trêmula. — Por tudo. Pelo jeito que terminei as coisas... Eu estava confusa, com medo de te perder por causa da distância, de tudo que estava acontecendo na sua vida.
Ele me encara, os olhos castanhos fixos nos meus, e não diz nada. Ele sempre soube como ouvir sem interromper, sem me pressionar.
— Eu achava que estava sendo realista, que seria melhor nos afastarmos antes que as coisas ficassem piores, mas agora vejo que só fui covarde.
Ele respira fundo, olhando pela janela por um segundo antes de voltar a me encarar.
— Eu não vou mentir, Sn. Aquilo me machucou. Muito. — Sua voz é firme, mas sem rancor. — Eu estava em meio a gravações, entrevistas... E ainda assim, só conseguia pensar no que aconteceu entre a gente.
Seus olhos se suavizam um pouco, como se as lembranças fossem boas, apesar de tudo.
— Eu pensei em te procurar — ele continua. — Mas estava com medo de que você não quisesse mais me ver.
As palavras dele me atingem como uma onda de culpa. Eu deveria ter feito mais. Eu deveria ter ficado.
— Tom, eu queria ter ficado. Eu sei que não pareceu, mas queria. Eu só... Não soube como lidar com tudo. A sua vida estava se tornando um furacão de compromissos e fama, e eu fiquei com medo de me perder no meio de tudo isso.
Ele me olha com um sorriso triste.
— Eu te entendo, Sn. E sei que a minha carreira tornou tudo mais complicado. As viagens, as filmagens... Mas eu estava disposto a fazer dar certo.
Sinto um nó na garganta ao ouvir isso. Tom sempre foi dedicado, com tudo. Com os fãs, com a família, com os amigos. E eu? Eu fugi.
— Eu só queria que soubesse que lamento muito por não ter sido mais forte. Eu nunca deixei de me importar com você. E se eu pudesse voltar para aquele dezembro, eu faria tudo diferente.
Ele balança a cabeça devagar, seus olhos brilhando com algo que não consigo decifrar.
— Sn, não podemos voltar no tempo. — Ele sorri, um sorriso pequeno, mas gentil. — E, de certa forma, acho que as coisas aconteceram como tinham que acontecer. Mas agradeço por me dizer isso. Acho que precisava ouvir.
Por mais doloroso que seja, sei que ele tem razão. Não podemos mudar o passado. E talvez não possamos voltar a ser o que éramos, mas ao menos agora existe uma paz que antes não havia.
— Você ainda é importante para mim, Tom — digo, minha voz suave, mas cheia de verdade. — Sempre será.
Ele sorri, um sorriso que me aquece apesar do frio lá fora.
— Você também, Sn. Mas agora eu tenho um voo para Los Angeles amanhã — ele diz, rindo suavemente, referindo-se a algum novo projeto que já deve estar começando.
Eu rio junto, embora o momento seja um pouco amargo. É isso. Ele tem sua vida, e eu tenho a minha. E talvez, dessa vez, seja o suficiente.
Nos despedimos com um abraço longo, cheio de memórias, e eu o assisto sair do café, sabendo que o que tivemos foi real. Não importa o que o futuro traga, sempre haverá um pedaço de mim que vai guardar esse dezembro.
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Preferences e Imagines Marvel
FanfictionO universo Marvel é vasto, cheio de heróis lendários, vilões imponentes, e histórias que ultrapassam as fronteiras do tempo e espaço. Mas hoje, é a sua vez de fazer parte desse mundo. Aqui, você não é apenas um observador; você está no centro da açã...