99 - Peter Parker

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"Eu juro por Deus que, quando eu voltar para casa, nunca mais deixarei você ir embora

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"Eu juro por Deus que, quando eu voltar para casa, nunca mais deixarei você ir embora."

***

Eu sempre soube que havia algo de especial em Peter Parker. A forma como ele sorria, como se carregasse o peso do mundo nos ombros e, ao mesmo tempo, fosse o mais leve de todos nós. Eu via o garoto atrás da máscara, aquele que tentava ser o herói de todos, mas que, quando estava ao meu lado, só queria ser ele mesmo. E, talvez por isso, eu tivesse me apaixonado por ele, de uma maneira tão simples e inevitável quanto o céu se tinge de rosa ao pôr do sol.

Hoje, tudo parecia... diferente. A noite caía devagar sobre Nova York, as luzes piscando na cidade abaixo de nós, enquanto o vento frio me abraçava. Eu estava deitada sobre um dos edifícios que ele sempre me levava. Não era o mais alto, mas era nosso. Cada tijolo, cada fresta naquele telhado, parecia guardar segredos que só nós dois sabíamos.

— Você está pensativa hoje — a voz suave e já familiar ecoou atrás de mim, e eu não precisei me virar para saber quem era. Peter se aproximou, sentando ao meu lado com a suavidade de quem está em casa. Seu ombro roçou o meu, um toque leve que fez meu coração acelerar.

— Estava esperando você — murmurei, sem desviar o olhar do horizonte, onde as últimas faíscas do dia se extinguiam.

Ele sorriu, um daqueles sorrisos que ele me reservava, aquele sorriso que sempre me fazia sentir que eu era a única pessoa no mundo capaz de arrancar dele aquele gesto sincero.

— Eu estava preso em algumas... missões — ele disse com uma piscadela. — Mas agora estou aqui.

— Finalmente — suspirei, virando-me para olhá-lo. Seu cabelo estava um pouco bagunçado, provavelmente de toda a ação de mais cedo, mas seus olhos brilhavam como sempre, duas estrelas perdidas no céu escuro. — Pensei que talvez tivesse encontrado algo mais interessante pra fazer.

Peter riu baixo e balançou a cabeça.

— Nada é mais interessante que você.

Havia algo no jeito que ele disse aquilo, algo que fez com que todas as dúvidas e inseguranças que eu guardava dentro de mim por tanto tempo começassem a se desfazer. Eu sempre soube que o mundo era perigoso para ele, que a cada noite, cada salto entre prédios, havia a chance de que ele não voltasse. Mas, de alguma forma, quando estávamos juntos, todos esses pensamentos pareciam distantes, como se nada mais pudesse nos tocar.

— Você sabe que eu me preocupo, né? — Minha voz saiu mais suave do que eu esperava. Não queria soar fraca, mas era difícil esconder o medo que eu sentia cada vez que ele se jogava nas batalhas contra vilões e perigos que pareciam impossíveis.

— Eu sei — ele respondeu, mais sério dessa vez. — Mas eu estou aqui agora. E sempre vou estar. Prometo.

— Você sempre faz promessas — comentei, tentando esconder o sorriso que ameaçava se formar.

Ele se aproximou um pouco mais, seus dedos roçando os meus de forma quase hesitante.

— E eu sempre cumpro.

Olhei para nossas mãos, tão próximas, mas ainda assim sem se tocarem de verdade. Por que era tão difícil para nós atravessar essa barreira? Nós dois sabíamos o que sentíamos, mas sempre havia algo — a responsabilidade, o medo de perder alguém importante, o peso do mundo sobre nossos ombros — que nos impedia de dizer tudo que queríamos.

— Eu queria que fosse mais fácil — confessei, finalmente deixando as palavras escaparem. — Eu queria que, por uma vez, fosse simples, sem toda essa coisa de heróis, vilões e salvar o mundo.

Peter inclinou a cabeça, e seu olhar suavizou.

— Eu também queria isso. Queria poder te dar mais... ser mais. Mas eu sou assim, você sabe.

Eu sabia. E era isso que me assustava. Ele era Peter Parker, mas também era o Homem-Aranha. E amar alguém como ele significava aceitar que, em muitos momentos, ele não estaria lá, não porque ele não quisesse, mas porque ele tinha um dever maior, um chamado que não podia ignorar.

— Mas e se... se um dia você não voltar? — A pergunta escapou antes que eu pudesse me segurar. Eu sabia que era uma questão difícil, mas era uma que eu carregava comigo a cada noite em que ele saía para lutar.

Ele se mexeu desconfortavelmente, seus olhos fixos nos meus.

— Eu vou voltar. Sempre.

— Você não pode prometer isso — eu sussurrei. — Você não pode prometer algo que não tem como controlar.

Peter respirou fundo e, antes que eu pudesse processar, ele pegou minha mão com a dele, finalmente atravessando aquela linha invisível que parecia sempre nos separar. Seu toque era quente, reconfortante, e eu senti meus músculos relaxarem instantaneamente.

— Talvez eu não possa prometer isso. Mas o que eu posso prometer é que, enquanto eu estiver aqui, com você, vou fazer o meu melhor pra estar presente, pra te proteger. E isso é tudo que eu tenho pra te dar.

A sinceridade em sua voz me desarmou completamente. Tudo que eu conseguia fazer era olhar para ele, perdida em como alguém tão forte e ao mesmo tempo tão vulnerável podia fazer meu coração bater desse jeito. E antes que eu percebesse, eu estava me inclinando para mais perto, minha respiração se misturando à dele.

Nosso beijo foi suave, quase hesitante no início, como se nenhum de nós quisesse quebrar a magia do momento. Mas, aos poucos, a hesitação se desfez, e tudo que restou foi a certeza de que, naquele instante, éramos apenas nós dois. Não havia vilões para derrotar, nem cidades para salvar. Apenas eu e Peter, sob um céu cheio de estrelas, caindo uma a uma, como se soubessem que estávamos ali para assistir.

Quando finalmente nos separamos, nossas testas ainda estavam encostadas, e eu podia sentir o calor de sua respiração no meu rosto.

— Eu não quero que isso acabe — confessei em um sussurro.

— Nem eu — ele respondeu, os olhos fixos nos meus. — Eu queria poder parar o tempo, ficar aqui com você para sempre.

— Se você tivesse esse poder, o que faria? — perguntei, curiosa.

Ele sorriu, aquele sorriso que fazia o mundo parecer um lugar mais leve.

— Eu viveria dias simples com você. Acordaríamos juntos, tomaríamos café, e eu te levaria para ver todos os lugares que eu amo nesta cidade. E depois... depois eu só te abraçaria até o sol se pôr.

Eu ri suavemente, balançando a cabeça.

— Isso soa perfeito.

— É o que eu quero — ele murmurou, sua mão apertando a minha levemente. — Simples. Só nós dois.

Eu sabia que a realidade seria sempre mais complicada do que isso. Haveria lutas, sacrifícios, momentos de incerteza. Mas, naquele instante, enquanto o vento soprava suave e as estrelas brilhavam lá no alto, eu escolhi acreditar que o amor, nosso amor, poderia ser o bastante para nos guiar através de tudo.

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