Destinos Cruzados

38

Terminou

Yarin

🥀

O dia de acabar com tudo chegou mais rápido do que o que eu esperava e isso não era nada bom.

Significava que o tempo que tinha com ele acabava hoje e que a hora de o decepcionar chegou.

Eu e Alana, combinamos que seria ao final da tarde, depois das aulas de ambas e das tarefas.

Na sorveteria onde eu o conheci...

Alana: está pronta? - entrou em meu quarto levemente.

Yarin: Sim! Vamos. - digo mas faço sinal negativo com a cabeça. Já que isso eles não podem ver através do celular.

Alana: dessa vez, eu pago sorvete. - ela disse e veio me abraçar em silêncio me reconfortando.

Saímos juntas até ao nosso destino e escolhemos uma mesa estratégica.

Enquanto aguardavamos nosso pedido, TK apareceu e olhou para mim de um jeito ameaçador.

Por sorte Alana também percebeu a sua presença e fingiu naturalidade como se nada fosse.

Os nossos pedidos são entregues...

2 bolas de sorvete de morango com calda de leite condensado... Irónico.

O meu coração apertava mais e mais a cada segundo quando eu percebia que a hora de acabar com tudo estava cada vez mais próxima.

Estava quase terminando o sorvete quando Alana me alertou que ele estava se aproximando.

Quando senti o seu perfume atrás de mim, cheirei por uma última vez e comecei a falar com ela como se não soubesse da presença dele.

Yarin: e eu só quero que me escute e me compreenda, sem me julgar. - começo a falar para Alana. - no início era tudo realmente lindo e ainda é. Ele tentando me conquistar desde coisas simples até às grandiosas e significativas. E eu realmente fui conquistada! Eu gostei de cada pedacinho desse tempo, ainda que não tenha sido uma eternidade, foi perfeito.

Suspiro pesadamente.

Yarin: eu fui conquistada, e me sentia realmente amada. Mas... - pauso, engulo em seco e tomo coragem para continuar - já não é mais a mesma coisa. Eu não sei. Eu não menti quando disse que o amava. Mas de um tempo para cá parece que o sentimento foi indo embora e ficou apenas um carinho, sabe?

Alana: yarin... - ela finge que me alerta e eu finjo que não percebo, mas vejo o seu olhar e posso sentir que o estrago já foi enorme.

Yarin: calma, ainda não terminei. - fecho os olhos e continuo - Eu não quero mais algo sério com ele, não, pois não o quero enganar. Prefiro deixar tudo na amizade que tenho a certeza que será ótima também... E de certa forma, sinto culpa, pois eu realmente me sentia bem com ele, mas quando soube que tinha que seguir o meu futuro fora do país, foi quando tudo começou a desabar. Espero que ele possa me compreender. - abro os olhos quando termino de falar e sinto ele se aproximar mais.

DK: você é uma falsa, sonsa, mentirosa. - ele fala com desdém - como pode me enganar e ser tão baixa? A vida boa nessa favela estava sendo boa não é? Agora que não precisa mais de mim, diz que não sente mais nada. Você é igual a todas as outras, interesseira.

Escuto tudo calada e sinto o meu rosto começar a ficar molhado e quente ao decair das lágrimas.

DK: espero que você ainda se foda muito na sua vida de merda. - escuto ele se afastar e as cadeiras e mesas serem arrastadas.

Choro, choro como um verdadeiro bebê, choro tanto que se torna difícil respirar.
Puxo o ar mas ele não vem, sinto os tremores em meu corpo e tudo fica abafado.

Alana: xiii - me abraça com força e me acalma. - está tudo bem. - continua - eu só não entendo, se já não gosta dele, porque está chorando assim, ele te machucou com as palavras? - dessa vez ela atua como uma boa prima e ajudante que é.

TK me olha e sorri de um jeito estúpido ao mesmo tempo que acena a cabeça para mim.

Alana: vou pagar e vamos para casa, tudo bem? - aceno com a cabeça que sim e ela saí.

TK: muito bem, lindinha. Está seguindo muito bem! - ele fala para mim enquanto passa para a saída.

Alana me leva até casa e entra no meu quarto comigo. Pega em meu celular e coloca na cama e fica comigo pelos próximos minutos me aturando a chorar.

Me acalmo e faço silêncio um tempo depois.

Alana: adormeceu. - fala baixo comer estivesse falando sozinha mas era para escutarem através do celular. - que maluquice você fez.

Deixamos o celular onde estava e saimos do fininho do meu quarto indo para longe para conseguir falar.

Yarin: já está. - sussurro triste.

Alana: você é tão forte. - me abraça - o resto vai ser fácil, eu juro.

Yarin: não vou aguentar ficar aqui muito tempo...- confesso.

Alana: só mais uns dias e você já pode ir.

Yarin: ele ficou muito ruim? - pergunto com remorsos.

Alana: eu vou ser sincera. Nunca vi o Derick assim, nem quando aconteceu aquilo com os pais...

Yarin: merda. - começo a chorar mais, outra vez.

O que resumiu o restante dos dias...

Choro

E mais choro.

As minhas idas para a faculdade eram por pura pressão.

Ele já não estava mais presente na entrada quando eu saía e chegava.

Ele já não estava comigo...

🤍