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Rafael Torres

Senti meu coração bater forte e o suor escorrer pelo rosto. Aplausos e gritos ecoavam pelo estádio. Era o fim de um grande jogo. A partida foi intensa, mas consegui garantir a vitória com um gol.

Saindo do campo, fui pro vestiário. O time já entrou comemorando, todo mundo gritando e rindo. Tomei um banho rápido e, quando saí do chuveiro, cumprimentei uns caras.

- Já tá indo, Rafael? Não vai com a gente, não? Vamos pra uma boate comemorar mais uma de muitas vitórias - falou o Victor.

- Vou pra casa, se der eu passo lá. Falou, qualquer coisa a gente se vê.

Saí do vestiário e fui pro estacionamento. Tinha fã, câmera, flash, todo mundo me seguindo com perguntas: "Como foi a partida de hoje?", "Não vai comemorar com o time?", "É verdade que você tá com a xxx?"

Ignorei as perguntas, tirei foto com alguns fãs, assinei umas camisas e entrei no carro. A noite tava bonita, a cidade iluminada. Dei uma passada no drive-thru, peguei um lanchão, liguei o som e fui cantando até chegar em casa.

Chegando, deixei o lanche na bancada e fui pro quarto tomar outro banho, dessa vez com mais calma. Botei uma roupa maneira, passei perfume e fui comer meu lanche. Terminei e joguei o resto no lixo. Me joguei no sofá, peguei o celular, mas logo me bateu um tédio. Peguei as chaves do carro de novo e fui pra boate.

Os caras já tavam doidão. Sentei perto deles e pedi uma bebida. A gente tava numa parte mais reservada, aí dei um gole generoso na minha bebida e comecei a dar uma olhada ao redor. Foi quando vi uma mulher, gata demais. Ela olhou de canto e deu um sorrisinho, percebendo que eu tava olhando. Me afastei dos caras e fui até ela.

A música tava alta e as luzes piscavam, quase hipnotizando a galera que dançava na pista. Com um sorriso no rosto, fui em direção à mulher. Eu já tava acostumado com o peso da minha presença, desde que virei jogador famoso. O olhar dela era intenso, do jeito que eu gosto.

Ela se inclinou um pouco, segurando um drinque colorido e com um olhar curioso. Parei a poucos centímetros dela, mantendo um ar relaxado, mas com o olhar fixo no dela. Dei um sorriso, todo charmoso, mas antes de dizer qualquer coisa, meu celular vibrou no bolso. Ignorei por um segundo e voltei a atenção pra mulher.

- E aí, tudo bem? Não pude deixar de te notar aqui - falei, com um olhar meio sugestivo.

Ela sorriu. - Sei que você notou. Não é todo dia que um jogador famoso aparece na boate.

Eu tava prestes a continuar a conversa quando o celular vibrou de novo. Dei uma olhada de relance e vi que era o Gustavo, um dos caras do time.

- Só um momento, preciso atender essa - falei, revirando os olhos, meio irritado.

- Fala, Gustavo, o que rolou?

- Cara, não sei como, mas invadiram tua casa. Levaram umas coisas.

- O quê? Como assim, porra? Tô saindo agora.

Voltei pra onde a moça tava. - Desculpa, mas nosso encontro vai ter que ficar pra outra hora - falei e me afastei rápido, nem esperei ela responder. Nem falei com os caras, só saí correndo em direção ao carro e fui direto pra casa.

Quando cheguei, o Gustavo já tava lá com a polícia. Me aproximei, ainda meio eufórico.

- Você é o Rafael Torres? - perguntou o policial.

Assenti. - Sou eu, sim. O que aconteceu? Como eles entraram?

- Ainda estamos investigando. Não parece um furto comum. Dá uma olhada aí e vê se tá faltando algo de valor. Amanhã, passa na delegacia pra registrar o boletim. Vamos analisar tudo com mais calma.

- Certo - falei, passando a mão no cabelo e olhando ao redor. Fui conferir se algo tinha sumido.

Depois de verificar tudo, falei que tava tudo no lugar, o que só me deixou mais confuso.

- Rafael, se lembrar de qualquer coisa, entra em contato. Vamos fazer o possível pra achar quem fez isso - disse o policial, antes de sair.

Me sentei no sofá, agitado e frustrado. Como alguém entrou na minha casa? E por que não levaram nada?

- Fica calmo, a polícia vai resolver isso. Você vai ficar bem? - perguntou o Gustavo.

- Vou, sim. Valeu, não se preocupa.

- Beleza, então. Vou nessa. Falou, irmão.

O Gustavo saiu, me deixando sozinho, ainda pensando no que tinha acontecido. Minha casa era bem protegida, não tinha como alguém entrar tão fácil.

Resolvi deixar tudo como tava. Amanhã eu chamava alguém pra limpar. Fui pro quarto, tomei outro banho e me joguei na cama. Que dia longo.

prisão sem gradeOnde histórias criam vida. Descubra agora