prisão sem grade

19

Depois que Rafael saiu do apartamento de Eduardo, foi direto para o centro de treinamento (CT). O treino, como sempre, foi puxado, o que já não era novidade para ele. Após a sessão, o treinador reuniu o time para discutir algumas propostas e objetivos.

Depois do treino, Rafael foi almoçar com os colegas Thiago e Gustavo. Após o almoço, eles decidiram passar no shopping para comprar algumas coisas.

Ao passar por uma joalheria, Rafael se lembrou de Eduardo, mas logo espantou o pensamento. "Preciso parar de ser tão emocionado," pensou, tentando focar no momento com os amigos. Em seguida, eles foram até a loja da Calvin Klein.

— Olá, boa tarde! O que vão querer levar hoje? — cumprimentou a atendente com um sorriso.

— Boa tarde, acho que vou levar umas cuecas — respondeu Gustavo, rindo.

— Já que estamos aqui, vou aproveitar também — Thiago disse, rindo e trocando olhares divertidos com os amigos. Rafael acompanhou a risada deles.

Depois, eles foram até a Louis Vuitton.

— Ei, o que vocês acham desse óculos? — perguntou Rafael, experimentando um modelo no rosto.

— Achei estiloso! — comentou Thiago, que estava provando um tênis.

— É bonito mesmo — Gustavo respondeu, já pronto e esperando o grupo depois de ter pago suas compras.

— Vou levar o óculos, o boné e esse tênis — Rafael decidiu. — Bora dar uma passada lá na Prada. Tenho uma jaqueta encomendada para pegar.

Na Prada, Rafael pegou sua encomenda, e eles decidiram parar em uma cafeteria para tomar um sorvete e descansar um pouco.

Já eram umas 16:30 quando saíram do shopping. Rafael havia combinado de sair com os amigos naquela noite, já que Eduardo ia para um aniversário. Com sorte, se Eduardo voltasse cedo, eles ainda poderiam se ver.

Eram cerca de 18:00 quando Rafael estava jogado no sofá assistindo algo na TV. Pegou o celular e mandou uma mensagem no grupo.

Rafael: "Vai ser onde hoje?"

Victor: "No pub, aquele que a gente já foi."

Thiago: "Aquele é bom, curto lá."

Gustavo: "Qual é esse? Não lembro."

Rafael:  "Aquele quase no centro."

Gustavo: "Ah, sim! Então tá combinado."

Rafael se levantou, desligou a TV e foi para o quarto. Entrou no banheiro e tomou um banho demorado. Ao sair, vestiu apenas uma toalha e seguiu para o closet, onde escolheu uma roupa confortável: bermuda preta, camisa branca, jaqueta e tênis branco. Para completar o visual, colocou uma corrente, relógio e pulseira. Passou perfume, conferiu a hora e viu que já eram 18:40, então avisou os amigos que já estava a caminho.

Rafael: "Já tô saindo, a gente se encontra lá."

Guardou o celular no bolso, pegou a chave do carro e saiu para o local combinado. A viagem demorou cerca de 35 minutos. O pub era agradável, com música ao vivo e um ambiente animado, mas eles haviam reservado uma mesa em uma área um pouco mais tranquila.

Enquanto esperava os outros, Rafael mexia nas redes sociais. Gustavo chegou primeiro, encontrando Rafael, e os dois ficaram batendo papo. Alguns minutos depois, Victor chegou.

— Bora pedir? Eu vou de whisky — disse Gustavo.

— Bora. Vou pedir uma caipirinha — respondeu Rafael.

— Vou de cerveja, vou pedir o mesmo pro Thiago — comentou Victor.

Pouco depois, Thiago chegou, cumprimentou todo mundo e sentou-se. As cervejas de Victor e Thiago já estavam na mesa, só faltavam as bebidas de Rafael e Gustavo. Depois de tomar um gole de cerveja, Thiago olhou para Rafael e disse:

— Rafa, eu não ia falar nada, mas no caminho pra cá um amigo me pediu carona, e deixei ele em um restaurante. Ele disse que ia num aniversário de um conhecido, e de longe eu vi uma cena… achei que era o Eduardo. Ele estava conversando e sorrindo com uma mulher. Achei estranho e tirei uma foto pra confirmar.

Thiago tirou o celular do bolso e mostrou a foto para Rafael. Era Eduardo, e uma mulher estava falando ao seu ouvido, os dois bem próximos.

— Eita, porra — disse Victor.

— Vixe… — Gustavo reagiu.

— Olha, não quero causar nada entre vocês. Fiquei na dúvida se devia contar, mas achei que seria pior se escondesse.

Rafael se encostou na cadeira e deu um gole na caipirinha, claramente irritado.

— A gente não tem nada sério, só estamos ficando — disse, mas não conseguia esconder o ciúme.

— Vai ver é só um mal-entendido. Talvez ela só estava pedindo alguma informação, sei lá — tentou amenizar Gustavo.

— Mal-entendido só se for minha pica. Eu sei que a gente não tem nada sério, mas poxa… eu tô gostando dele de verdade — desabafou Rafael.

— Acontece — comentou Victor, tentando consolar.

— Foi mal, não era pra te deixar chateado — disse Thiago, com um toque de arrependimento.

— Sem problema. Vamos beber e aproveitar a noite — respondeu Rafael, tentando disfarçar o incômodo e relaxar.

A conversa seguiu um tom mais leve, e eles tentaram deixar o assunto de lado enquanto aproveitavam a noite juntos.

Eram quase nove horas da noite quando Eduardo mandou uma mensagem para Rafael.

Eduardo: "Já cheguei. Quer vir pra cá? Ou eu vou aí?"

Rafael estava um pouco bêbado, mas nada que o impedisse de saber exatamente o que estava fazendo. Ele olhou para a mensagem de Eduardo no celular, ponderou por um momento e, ainda irritado, decidiu ignorá-la. Sentia que, se tentasse conversar agora, provavelmente acabaria falando coisas das quais se arrependeria depois.