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O relógio marcava oito horas da noite quando Rafael chegou ao bar, tentando parecer tranquilo, mas com aquele nervosismo em seu sorriso. Eduardo, já estava sentado em uma mesa um pouco mais afastada, no canto do bar, já o esperava com uma cerveja pela metade. Quando os olhares dos dois se cruzaram, Eduardo acenou e sorriu, o que fez Rafael sentir um pequeno alívio. Caminhou até a mesa, cumprimentando-o com um toque de mão que, sem que nenhum dos dois admitisse, teve algo de especial.

— Chegou na hora certinha, hein? — Eduardo brincou, se inclinando na cadeira.

— Pois é, não queria te deixar esperando — Rafael respondeu com um sorriso tímido, enquanto puxava a cadeira e se sentava. A atmosfera do bar era boa, confortável para um primeiro encontro: o som baixinho e poucas pessoas.

— Pedi uma cerveja pra você também, espero que não se importe — Eduardo disse, apontando para o copo que o garçom tinha trago a pouco tempo

— Que isso, tá ótimo. Preciso de uma pra relaxar — Rafael respondeu, levando o copo aos lábios. Ele deu um gole, e por alguns segundos os dois ficaram em silêncio, as vezes seus olhares se cruzavam. Parecia que ambos estavam tentando, encontrar o ponto certo para começar a conversa.

— Então... como foi o treino hoje? O técnico continua pegando pesado? — Eduardo perguntou, tentando quebrar o gelo.

— Ah, nem te falo... O técnico botou a gente pra suar. Quer que a gente chegue no próximo jogo com sangue nos olhos. Mas faz parte, né? — Rafael falou, dando de ombros. — E você? Como foi o seu dia de folga?—

Eduardo sorriu, inclinando a cabeça levemente.

— Só aproveitei pra resolver umas coisas de casa e almoçar com uns amigos. Nada muito emocionante. Mas, confesso que fiquei pensando nesse encontro o dia todo — Eduardo respondeu, seus olhos brilhando com uma sinceridade que pegou Rafael de surpresa. Rafael sentiu um leve rubor no rosto, e uma sensação de alívio.

— Pô, eu também. Acho que foi por isso que o treino passou tão rápido hoje — Rafael respondeu com uma risada nervosa. Os dois trocaram olhares que diziam mais do que qualquer palavra.

A conversa fluiu com naturalidade, como se fosse a coisa mais fácil do mundo para eles. Falaram de futebol, com Eduardo fazendo algumas perguntas curiosas sobre a rotina de um jogador profissional, enquanto Rafael explicava com entusiasmo sobre o esporte. Eduardo contou algumas histórias do trabalho na delegacia, tentando não entrar em muitos detalhes para não quebrar o clima, mas o suficiente para que Rafael se interessasse. As histórias eram uma mistura de comédia e drama.

A conversa naturalmente se tornou mais pessoal. Eduardo se inclinou um pouco para frente, apoiando os cotovelos na mesa.

— E você, Rafa? Como é que foi cair nesse mundo do futebol? Sempre foi seu sonho ou aconteceu por acaso?

Rafael deu uma risadinha antes de responder.

— Ah, sempre foi o que eu quis. Desde moleque, ficava jogando na rua, fazendo gol com duas pedras como trave. Meus pais sempre apoiaram, então, Não foi fácil, sabe? Mas acho que nada é... E você, sempre quis ser policial?

Eduardo balançou a cabeça e deu uma risada leve.

— Na verdade, não. Queria ser jogador, igual você, acredita? Mas aí percebi que eu era péssimo com a bola no pé. Resolvi então seguir por um caminho que me parecia mais... possível. E não me arrependo, mesmo com os dias difíceis — ele respondeu, com um olhar pensativo. Havia uma sinceridade na voz dele. Enquanto ele falava, Rafael não desviava o olhar por nada.

Ambos já estavam no auge do alcoolismo, deixando-os mais descontraídos e soltos. Mas não bêbados ao ponto de não saber o que estavam fazendo.
— Você falou que já tentou jogar bola, né? — Rafael disse, com um sorriso travesso. — Agora fiquei curioso. Seu desempenho em campo, não deve ser tão ruim assim.

Eduardo riu, balançando a cabeça.

— Ah, pode acreditar, era ruim, sim. Sempre fui o cara que ficava correndo atrás da bola e chutava pra fora quando chegava perto do gol. Acho que minha vocação sempre foi mais pra polícia do que pra atacante — ele respondeu, com uma risada.

— Não sei não, acho que eu podia te ensinar uns truques. Quem sabe, né? Com um bom treinador, até dá pra te colocar em campo — Rafael brincou, dando uma piscadinha.

— Opa, olha aí, já tô ganhando aulas particulares de futebol? Se isso é uma tentativa de me impressionar, você tá indo bem — Eduardo retrucou, com um sorriso que mostrava que ele estava gostando do rumo que a conversa tomava.

Rafael riu, e as brincadeira, e conversas continuou. Até que..
—Boa noite, senhores. Licença, mas o bar já fechando.

—Oh desculpa chefe, já vamos sair. Só vamos pagar a conta. Fala o Eduardo

Já era meia noite, ambos se empolgaram tanto na conversa que não percebeu a hora passar. Rafael se voluntariou para pagar a conta, mas Eduardo negou. Então racharam a conta.

Já lá fora. — Obrigado pelo convite, acho que tô mais relaxado. Fala Eduardo

— Que nada pô, qualquer dia nós marca de novo. Falou vou indo.

— Falou Rafa, nós se ver— Eduardo

Deram um toque de mãos, e um abraço de lado. Então ambos foram para suas casas, depois daquela noite, digamos que confortável e legal.

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Me esqueci de falar as idades deles
O Rafael tem 25 anos. O Eduardo tem 29.

prisão sem gradeOnde histórias criam vida. Descubra agora