prisão sem grade

31

Naquela tarde, eles não ficaram muito tempo na praia e logo decidiram ir para a casa.

— Vou acender a churrasqueira — disse Rafael, caminhando até a área de lazer ao lado da piscina.

— Eu vou preparar as carnes e colocar a cerveja para gelar — comentou Gustavo, movimentando-se em direção à cozinha. Enquanto isso, Thiago e Victor foram tomar banho para se refrescar do calor.

Gustavo observou Rafael por um momento e percebeu que ele parecia perdido em seus pensamentos. O amigo, que normalmente não era assim.

— Rafa, você tá bem? Sei lá...— perguntou Gustavo com preocupação. Ele sabia o quanto Rafael gostava de Eduardo e como esse relacionamento havia trazido uma felicidade no amigo. Era difícil para ele ver Rafael naquela situação.

Rafael suspirou, passando a mão pela cabeça e fechando os olhos por um momento.

— Olha, eu queria que nada disso tivesse acontecido, mas eu... cara, não sei o que fazer. — Sua voz tremia ligeiramente, revelando a frustração e a tristeza que tentava esconder.

Gustavo assentiu, colocando a mão no ombro de Rafael em um gesto de apoio.

— Entendo, irmão. Mas tenho certeza de que vocês vão se resolver — disse ele, tentando manter o otimismo antes de voltar a organizar a área da churrasqueira.

A tarde se desenrolou entre risadas e bebidas. Rafael, que inicialmente tentava manter o controle, acabou se entregando à bebida. As horas passaram rápido e, já embriagado, ele pegou o celular e, em um impulso, ligou para Eduardo. O telefone tocou algumas vezes antes de ser atendido.

— Alô? — A voz de Eduardo soou fria e distante do outro lado da linha.

— Edu... — Rafael murmurou com a voz embargada. — Volta pra mim...

Houve um silêncio tenso antes de Eduardo responder, visivelmente irritado:

— Pelo amor de Deus, Rafael. Vou desligar.

— NÃO, Edu... por favor, volta comigo — implorou Rafael, a dor em sua voz era evidente.

Eduardo não disse mais nada, apenas desligou a chamada, deixando Rafael com o coração ainda mais pesado.

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Eduardo estava em casa, deitado em sua cama. O telefone na mão, os pensamentos confusos e a raiva misturada ao desejo. Passou a mão pelo rosto e soltou um suspiro longo.

— Rafael, não me faça me arrepender... — murmurou para si mesmo, enquanto tentava se distrair colocando um filme para assistir. A verdade, porém, era inegável. Ele queria Rafael ali, ao seu lado, na cama. Sentir o calor do jogador, beijar cada centímetro de seu corpo e marcá-lo com suas mordidas. Mas, naquele momento, tudo que ele tinha era saudade e o vazio ao seu redor.

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Na manhã seguinte, Rafael acordou com a cabeça latejando, resultado da bebedeira da noite passada. O telefone ao lado da cama vibrava incessantemente, e ele, ainda com os olhos entreabertos, pegou o aparelho.

— Que porra! — resmungou, ao ver o nome de Edivaldo, seu assessor, piscando na tela.

— Oi? — atendeu Rafael com a voz ainda rouca de sono.

— Rafael, você viu o que está rolando nas redes? Precisa fazer um vídeo esclarecendo essas fofocas agora — disse Edivaldo, sem rodeios.

— A essa hora, Edivaldo? — retrucou Rafael, passando a mão pelos cabelos ainda molhados de suor.

— Já passou do meio-dia. Agiliza! Isso pode prejudicar sua imagem e sua próxima renovação de contrato. — E antes que Rafael pudesse protestar, Edivaldo desligou.

Rafael se jogou para trás, encarando o teto com uma mistura de frustração e arrependimento. As lembranças da noite anterior voltaram em flashes: o churrasco, as piadas, a cerveja que parecia interminável e, por fim, a chamada desesperada para Eduardo. O desespero ecoava em sua mente: “Volta pra mim...”. Apertou os olhos, tentando afastar a vergonha.

Levantou-se, arrastando os pés até o banheiro. Ligou o chuveiro, deixando a água fria escorrer sobre sua pele, clareando seus pensamentos e dando-lhe o impulso que precisava. Hoje, a verdade seria exposta.

Se vestiu, pegou o celular e, com um suspiro pesado, sentou-se na poltrona da sala. Rafael abriu o Instagram e iniciou uma transmissão ao vivo.

— Oi, pessoal. Eu sei que muitos de vocês devem ter visto as notícias e as fotos que circularam por aí — começou, mantendo o olhar fixo na câmera, embora estivesse inseguro — Quero ser sincero com vocês, porque acho que não adianta mais esconder.

Tomou um segundo para respirar fundo e prosseguiu:

— Nos últimos meses, vivi algo que nunca imaginei. Eu conheci uma pessoa que me fez sentir algo verdadeiro, Sim, essa pessoa é mais do que um amigo para mim. E...nos afastamos recentemente, por motivos que não vou entrar em detalhes agora, mas que são meus e dele. Mas por isso acabei descontando na cachaça, dando nisso.

A transmissão foi acompanhada de centenas de comentários que se atualizavam rapidamente. Rafael se esforçava para não desviar o olhar.

— Quero que vocês saibam que estou disposto a consertar as coisas e fazer as pazes com ele, não apenas por causa da pressão, mas porque ele significa muito para mim. Se isso mudar nosso futuro, só o tempo dirá. Obrigado pelo apoio de sempre.

Rafael encerrou a live, sentindo- se nervoso. Olhou para o celular por um instante e, sem pensar duas vezes, mandou uma mensagem curta:

Rafael: “Viu minha live? Precisava que você soubesse disso por mim. Podemos nos encontrar hoje? Quero conversar pessoalmente.”

Eduardo, que acompanhava a transmissão com, não conseguiu evitar o sorriso sutil que surgiu em seus lábios. Por mais que a dor do passado recente ainda estivesse lá, a confissão de Rafael trazia uma faísca de esperança?

Eduardo: “Vi, sim. Vamos nos encontrar. Acho que está na hora de resolvermos isso.”

Rafael soltou um suspiro de alívio e deixou o celular de lado. Talvez finalmente teria Eduardo de volta.