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Naquela mesma noite, Rafael ainda estava no pub com os amigos, tentando aproveitar a noite e esquecer o que Thiago havia contado. Ele alternava entre conversas descontraídas e longos goles na caipirinha. Mas, cada vez que pensava em Eduardo e na imagem dele com outra pessoa, a irritação voltava.

Por volta das nove e meia, Rafael foi ao banheiro para lavar o rosto e, ao sair, viu uma nova mensagem de Eduardo no celular.

Eduardo: "Oi, Rafa. Tô te esperando aqui. Tudo bem?"

Rafael suspirou, ainda ressentido, e resolveu não responder. Thiago o viu mexendo no celular e, percebendo seu humor, puxou conversa:

— E aí, ainda tá pensando naquela foto? — perguntou, meio cauteloso.

— Cara, não queria estar, mas é inevitável — respondeu Rafael, tentando manter a voz neutra. — A gente não é nada sério, mas… eu achava que a gente tava numa boa, sabe? Meio exclusivo.

— Às vezes é só coisa da tua cabeça, Rafa. Eduardo parece ser um cara sério, né? — comentou Gustavo, tentando aliviar o clima.

— Até pode ser, mas é complicado. Não sei se vale a pena investir se ele não vê as coisas da mesma forma — desabafou Rafael, pegando o copo e esvaziando o último gole da bebida.

Ele sentou-se de volta à mesa, decidido a focar apenas nos amigos e na noite. Mas, alguns minutos depois, viu mais uma mensagem de Eduardo.

Eduardo: "Rafa, eu não queria incomodar. Não precisa vir se não quiser, só me avisa que tá bem."

— Olha só quem não sai do seu pé — provocou Victor ao ver Rafael olhando para o celular.

Rafael riu, mas de um jeito amargo. A verdade é que ele estava com saudade de Eduardo, mesmo tendo o visto hoje de manhã, mas a mágoa ainda falava mais alto.

— Ah, deixa ele. Se eu responder, vou acabar indo lá, e talvez eu só precise de espaço.

— Tá certo! Então aproveita, relaxa e vamos beber — disse Gustavo, levantando o copo para um brinde.

— Isso aí, sem neura! — completou Thiago.

Enquanto Rafael tentava focar na noite e evitar pensar em Eduardo, ele sabia que, eventualmente, precisaria conversar com ele.

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Eduardo não recebeu nenhuma resposta de Rafael naquela noite. Ele ficou em dúvida se deveria ir até a casa dele ou esperar até o dia seguinte. Não queria parecer grudento ou desesperado; talvez Rafael já estivesse dormindo, cansado do treino. Decidiu, então, que o melhor seria deixar para conversar no dia seguinte e foi dormir.

Às 6:30 da manhã, o dia amanheceu nublado e com um clima levemente frio. Eduardo acordou e deu uma última olhada no celular — ainda nenhuma mensagem de Rafael. Ficou um pouco incomodado, mas resolveu deixar a questão de lado por enquanto e seguir sua rotina. Quando seu horário de trabalho terminasse, ele iria direto até a casa de Rafael para tentar entender o que estava acontecendo.

Após tomar um banho, vestir a farda e tomar café da manhã, Eduardo pegou suas coisas e saiu para o trabalho. O dia parecia arrastar-se, com o pensamento voltando várias vezes para Rafael e o silêncio dele.

Finalmente, o fim do expediente, era meio dia Eduardo saiu da delegacia e foi direto para a casa de Rafael. Ao chegar, bateu à porta e esperou, com o coração acelerado.

Rafael abriu a porta, ainda de roupão, com o rosto mostrando sinais de cansaço e ressaca, além de uma certa tensão no ar.

— Oi — Eduardo cumprimentou, tentando manter o tom leve, mas sua preocupação era evidente. — Não quis te incomodar ontem, mas… você não respondeu. Tá tudo bem?

Rafael deu um suspiro, parecendo ponderar suas palavras.

— Eu tava cansado, precisava de um tempo pra mim. — A resposta foi breve e um pouco fria, o que surpreendeu Eduardo.

— Entendo… só fiquei preocupado. Achei que a gente ia se ver, mas parece que alguma coisa te incomodou. Se tiver algo, pode me dizer.

Rafael hesitou, mas acabou soltando:

— Ontem, eu saí para beber com os meninos. Thiago comentou que te viu no aniversário, conversando bem próximo de uma mulher. Sei que não temos nada definido, mas, Eduardo, não sei o que pensar disso. Achei que a gente tava ficando sério, porra.

Eduardo ficou em silêncio por um momento, surpreso, mas logo respondeu:

— Meu amor, eu nem sei quem era aquela mulher. O som do restaurante tava meio alto, aí ela veio perguntar no meu ouvido se eu estava solteiro e pediu meu contato. Eu falei que era comprometido e nem passei meu número pra ela. Ela se conformou e voltou para o lugar de onde veio. Pode perguntar a quem tava lá. — Você já não entendeu que eu gosto de você? Eu quero você, só você, amor.

Rafael sentiu que Eduardo estava sendo sincero e logo desviou o olhar, envergonhado, enquanto sua expressão suavizava.

— Eu só… senti que talvez estivesse ficando mais envolvido do que você. E talvez eu tenha agido de forma exagerada. Desculpa por te ignorar.

Eduardo se aproximou, tocando levemente o rosto e a cintura de Rafael.

— Não precisa se desculpar. Sabe que pode contar comigo pra tudo, inclusive pra esclarecer qualquer coisa que te incomode.

Rafael olhou para ele, um leve sorriso surgindo.

— Obrigado por vir até aqui, mesmo com a minha birra — respondeu, aliviado.

Eles se abraçaram, e Eduardo beijou a cabeça de Rafael, apertando-o com mais força, como se quisesse dissipar de vez as tensões e inseguranças.

— Você já almoçou? — Eduardo perguntou, saindo do abraço, tirando o colete e o chapéu que usava e sentando-se no sofá com Rafael.

— Ainda não. Tô com uma ressaca grande. E você, já almoçou? — perguntou Rafael.

— Também não. Já tomou alguma coisa pra melhorar a ressaca?

— Já sim. Vou pedir alguma coisa pra gente comer — Rafael disse, pegando o celular. — Que tal uma macarronada?

— Pode ser — Eduardo respondeu, e então se inclinou, beijando o queixo de Rafael e seguindo para a boca, iniciando um beijo calmo e profundo, explorando a boca dele, finalizando com uma leve mordida em seu lábio e selares no pescoço.

— Tava com saudade de sentir sua boca na minha — Eduardo falou, sorrindo bobo e soprando de leve nos lábios de Rafael.

— Eu também — Rafael respondeu, dando um selinho. — Vou tomar banho. Quando a comida chegar, você pega?

— Pego sim. Vou só buscar uma roupa no carro, pra não ficar assim o dia todo — Eduardo disse, levantando-se e indo em direção à porta.

Eduardo voltou e se jogou no sofá, esperando a comida chegar. Quando a campainha tocou, já imaginando que fosse o entregador, ele se levantou para atender e colocou o pedido na mesa. Logo, Rafael apareceu, com o cabelo ainda molhado. Ele pegou um suco na geladeira e colocou em um copo, enquanto Eduardo arrumava os talheres e pratos. Enquanto eles comia Rafael pergunta:

— Edu, tava pensando em ir à praia hoje. Como amanhã é domingo, a gente pode voltar no final da tarde. O que você acha? — Rafael sugeriu, com um sorriso animado.

— Acho ótimo! Vamos ficar em um hotel, ou você tem casa lá? — Eduardo perguntou, já imaginando o clima tranquilo da praia.

— Tenho uma casa lá, então a gente pode ficar à vontade. Vou arrumar minhas coisas aqui, você espera? Assim, quando a gente passar na sua casa, já seguimos direto para a praia. — disse Rafael.

— Ok, vou esperar — respondeu Eduardo, acompanhando Rafael até o quarto e se jogando na cama, observando enquanto ele arrumava as coisas.

prisão sem gradeOnde histórias criam vida. Descubra agora