capítulo 32 - Sorriso

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Eu não tive tempo de pensar em algo que me tirasse daquele infortúnio, somente vi minha vida passar de frente aos meus olhos muito lentamente, num solavanco desajeitado peguei um objeto que encontrei mais perto de mim e o arremeçei contra ela.

Cármen caiu no chão segurando a faca com mais força, seus glóbulos estavam vermelhos e seu lábio tremia intensamente, eu não tive reação, seu ódio era explanador num nível atômico, seu corpo começou a vibrar de raiva enquanto eu ainda tentava entender qual seria o motivo de seu ataque.

Senti uma mão agarrar meu tornozelo e arrastar para o chão, eu bati feio e ela aproveitou para subir em cima de mim e tentar me esfaquear, com toda a força que tinha me sobrado eu segurei suas duas mãos que estavam juntas agarradas a faca.

A ponta afiada dela estava no meio dentre nossos corpos e era instável, eu queria poder chamá-la a razão mas ela se pronunciou primeiro.

—Porquê você está resistindo!?? Disse tremendo e empurrando a faca em minha direção —Porquê caralhos você teve que aparecer aqui!!! Você não deveria ter entrado nesse jogo sua puta desgraçada, eu te odeio é por isso que você tem que morrer, morra e desapareça tal como apareceu sua vadia!!

—E eu não tenho alguma culpa!?? Eu só estou aqui porque ele me sequestrou!! E mesmo que não fosse o caso você não tem nada com ele!! Disse num tom exuberante tentando empurrar a faca.

—Cala boca! Eu estava indo muito bem antes de você aparecer!! Esse é o meu lugar por direito depois de tudo o que eu fiz por ele, ele é meu e só meu! E não é você quem vai impedir isso. Sua força aumentou.

Não fiquei para escutar mais nenhuma merda do que ela estava falando e dei uma ajoelhada em sua barriga, ela gemeu de dor largando a faca segurando sua barriga no lugar dela.

Me levantei rápidamente chutando o objeto em qualquer canto do quarto, Cármen me olhou em fúria desenfreada ela tentou se levantar mas eu a derrubei predendo seus pulsos com minhas mãos.

O jogo tinha virado e agora eu era quem queria respostas.

—Me diga Cármen quem mandou você?

—Ninguém me mand-ela tentou falar porém eu lhe dei um belo tapa que fez seu rosto virar para outro lado.

—Não minta! Pela pouca interação que tivemos pude perceber que você não passa de uma boneca iludida que é manipulada facilmente! Então quem?!! Continuei a pressionado.

Sua boca se abria e fechava num "o", acho que ela pensava se deveria ou não contar a verdade para mim, vendo que ela não saía dessa espiral dei um grande aperto em seus pulsos fazendo ela quase gritar para eu parar.

Nesse momento meus olhos estavam mais frios e impassíveis com sua disputa insignificante, era tão patético a forma desajeitada como ela tentou me matar, ela era uma tola por pensar que conseguiria me matar assim tão facilmente, a garotinha fraca que existiu aqui já não habita mais em mim.

Cármen tentou uma última jogada na tentativa de me fazer sair de cima dela me empurrando todavia foi falha porque eu não me mexi como ela pretendia.

—Não faça coisas estúpidas Cármen..... Eu dei um breve sorriso para ela —Em vez disso.... Respirei fundo agarrando até o seu último fio de cabelo com força em minhas mãos —Faça isso! Falei levantando sua cabeça e depois batendo com força no chão de mosaico.

Sorri feliz para ela que me olhou espantada e com medo, muito medo para dizer a verdade, sem dar mais tempo para ela raciocinar voltei a enterrar sua cabeça no chão frio, o estalo de seu crânio batendo violentamente contra o concreto era assustador mas também muito encantador ao meu ver, depositei toda minha força nos golpes, cada um vinha com uma raiva abismadora.

Não sei se era pela adrenalina mas eu estava amando ver seu choro se intensificando a cada batida no chão, sem eu perceber ela já tinha perdido a noção consciência devido ao impacto de minhas investidas porém eu não parei continuei porque eu sabia que ela ainda podia sentir a dor indo até ao fundo de sua mente e ela não poder fazer nada contra isso era mais divertido.

O sangue respingado no solo formou uma poça negra com bordas vermelhas escarlate , minhas mãos também detinham alguns resquícios do líquido sendo seguido de meu rosto que permanecia impassível e indiferente a mulher quase morta debaixo de mim.

Seu dedo ainda se mexia, eu acho que deve ser alguma contração muscular ou algo do tipo, seu cabelo estava ensopado e manchado pelo sangue, seus olhos semicerrados e sua boca tinha ficado seca e num tom quase azul, eu tinha feito aquilo com ela mas diferente de sentir nojo de mim mesma eu me sentia viva, se eu não tivesse me defendido eu quem estaria no lugar dela totalmente esfaqueada.

Soltei suas mechas banhadas em sangue vendo que meus dedos haviam sido machucados durante o processo, algumas gotas de sangue estavam escorrendo dentre eles e eu ainda não tinha sentido nenhum remorso no que tinha feito com Cármen.

—Hahaha. Ri desajeitada , levanto a cabeça para o teto tentando respirar com mais calma— ela está morta? Questionei para eu mesma verificando o pulso dela.

Incrível! Ela ainda está viva de alguma forma, não sei se deveria ficar feliz ou acabar o trabalho que eu tinha começado, dei de ombros erguendo minhas pernas do chão que estava sujo por causa dela.

Pense Maya. Roteirei indo de um lado para o outro do quarto.

Meu pé bateu no cabo da faca que ela tinha trazido consigo e uma luz de ideia se acendeu na pouca sanidade mental que me restava.

Peguei no objeto passeando ele dentre minhas mãos calejadas.

Minha querida Cármen você não sabe com quem se meteu....


....

Eu cambaleava dentre as paredes me arrastando praticamente para não cair, passei dentre os corredores até chegar na sala onde Vicent me esperava, eu andei o máximo que pude com cara de sofrimento.

—Vicent.... Disse com lágrimas nos olhos de comover até a pessoa mais desalmada —Por favor me ajude.... Pedi caindo no chão.

Pelos gritos que se seguiram ao meu desmaio pude ouvir Vicent gritando como um louco por seus serventes.

—MAYA!! senti seus passos pesados até meu corpo caído no chão me segurando em seu colo.

Acho que ele notou o sangue em minhas mãos e começou a tremer enquanto me perguntava o que tinha acontecido.

—Minha princesa, o que foi? Quem fez isso com você? Ele acariciou minha bochecha.

—Cármen.... a faca..... Disse debilitada caindo num sono profundo.


...

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