A dor se intensificava a cada minuto, e o ambiente ao meu redor parecia se tornar um borrão de rostos preocupados e vozes apressadas. O efeito do remédio amenizava um pouco o desconforto, mas não o medo que crescia dentro de mim. Maite segurava minha mão com força, como se quisesse me ancorar ali, impedir que eu me perdesse no pânico que ameaçava me consumir.
— Estou aqui, amor... — ela sussurrou, beijando minha testa molhada de suor. — Você está indo muito bem.
Os médicos estavam prontos. O parto precisava acontecer o mais rápido possível para evitar que a bactéria chegasse à nossa bebê. O tempo corria contra nós. Eu queria que Maria Paula estivesse segura, mas, ao mesmo tempo, o pensamento de tê-la fora de mim antes da hora me assustava.
A sala era fria, as luzes fortes me cegavam um pouco, e o nervosismo me fazia tremer. Maite não soltava minha mão em nenhum momento. Seus olhos estavam marejados, mas ela tentava se manter forte por mim, por nossa filha.
— Está tudo bem, amor, estamos quase lá — repetia, sua voz trêmula, mas firme.
Ouvia as vozes dos médicos e enfermeiros dando instruções. Meu coração batia acelerado. Senti que eles fizeram todo os procedimentos da cesárea, então, um alívio repentino quando finalmente a tiraram de mim. Ela estava livre de qualquer forma de se infectar ali.
Por um instante, o tempo parou.
Esperei, prendi a respiração, aguardando o som que todas as mães sonham em ouvir naquele momento. Mas o choro não veio imediatamente.
— Por que ela não chorou? — minha voz saiu fraca, mas cheia de desespero.
Maite olhou para os médicos, buscando uma resposta. Eles estavam concentrados em nossa bebê, e meu coração se apertou. Meu corpo todo tremia, a exaustão se misturando com o medo.
Segundos depois, um choro fraco e baixinho ecoou pela sala.
Eu solucei de alívio, lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Maite também chorava, mas logo seu olhar mudou ao ver as enfermeiras e os médicos agirem rapidamente. Maria Paula precisava ser levada para a UTI neonatal.
— Mas... e o meu bebê? — minha voz falhou. Eu sabia que aquilo poderia acontecer, mas não estava preparada para ver minha filha ser levada sem ao menos tê-la em meus braços. Sem aquele momento que eu sempre imaginei: sentir sua pele contra a minha, olhar em seus olhinhos, vê-la ali, frágil e perfeita, nossa pequena.
Maite se levantou no instante em que as enfermeiras pegaram nossa bebê. Eu vi o dilema no olhar dela. Ela me olhou, depois para Maria Paula sendo levada, e então para mim de novo.
Ela não sabia o que fazer.
— Amor... — sua voz saiu embargada.
Eu não queria que ela me deixasse, mas o medo falou mais alto. E se levassem minha filha para longe? E se algo acontecesse? Pensamentos irracionais tomavam conta da minha mente, e eu precisava de alguém ali para garantir que nossa bebê estava segura.
Segurei a mão de Maite, mesmo sem forças, e pedi baixinho:
— Vai com ela, por favor. Não deixa ela sozinha. Eu fico bem, mas preciso que você vá...
Os olhos dela brilharam de angústia, mas ela assentiu, abaixando-se para me dar um beijo na testa.
— Eu te amo. Eu vou ficar com ela e te trazer notícias. Fica tranquila, amor.
Eu a vi sair atrás das enfermeiras, o coração apertado por não poder estar junto. Minha bebê, tão pequenininha, tão indefesa, longe de mim.
A dor física se misturava com a dor emocional. Não era assim que eu imaginei esse momento. Eu queria o nosso instante juntas. Eu queria minha filha comigo.
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Olá, férias! SAVIRRONI
FanfictionDulce Maria é uma jovem brasileira cheia de sonhos e paixão. Sua maior admiração é pela atriz mexicana Maite Perroni, conhecida por seu talento e carisma. Desde a adolescência, Dulce é uma fã incondicional, acompanhando todos os passos de Maite. Sua...