sexta feira foi um dia absolutamente chato, era cedo quando mamãe já corria pela casa desesperada.
- Sabe o que os pais de Nathaniel gostam de comer? - ela perguntou.
- Não faço a menor ideia mãe...
O que era verdade, primeiro por que Daniel não tinha pais, e segundo por que eu não sabia quem ele iria levar para fazer esse papel idiota.
- então farei o que eu quiser!
- tudo bem, faça o que achar melhor! quem teve essa ideia boba foi você...
Mamãe me olhou feio.
- O que Brighton fez com você?
- Mãe, tenho que ir trabalhar ok? divirta-se preparando o jantar.
Dessa vez fui andando até o restaurante, era manhã e o tempo estava ótimo...Eu ainda tinha uma tarde inteira para me preparar para o jantar catastrófico.
Como o de costume, me preparei com a touca e o avental e fui para a cozinha, o cheiro de peixe cru pairava por lá.
Às cinco da tarde eu já não aguentava mais ver Sushi na minha frente, e fiquei extremamente grata por ser liberada mais cedo, aparentemente naquele dia o movimento não ia bem. Jessy se ofereceu para me dar uma carona, mas recusei de imediato, por mais que eu quisesse sair do restaurante, eu não queria chegar em casa tão cedo... por que isso significaria ouvir mamãe reclamando até as sete e meia, que era quando os "pais" de Daniel chegariam.
Em vez disso fui direto para a casa de Lucy, minha melhor amiga, nas horas de aperto eu a tinha e ela tinha a mim... eramos inseparáveis, eu tinha total certeza que uma linha tênue nos unia. Aquela amizade iria durar até o fim da vida, no meu caso (para sempre).
Depois de quinze minutos andando, finalmente cheguei ao local desejado. Foi Lucinda quem atendeu a porta.
- Analu... - ela disse calmamente, o mesmo rosto que Lucy, porem possuía uma expressão fria, uma expressão que Lucy jamais teria - O que faz aqui?
- ai Lucinda... Analu veio me ver! - Lucy disse empurrando a irmã para o lado e vindo me abraçar - Pare de ser grossa! mamãe vai adorar saber que você anda tratando mal as visitas de novo.
Lucinda bufou e subiu as escadas correndo, seus longos cabelos loiros estavam soltos, e fizeram "ondas" a medida que o vento os acertava.
- Não liga pra ela amiga... - Lucy continuou - ela mudou muito desde... desde... bem, no dia da lua de sangue ela estava normal, lembro que nos deitamos na grama para ver e ela estava legal... e então depois daquilo ela mau olha na minha cara, e quando olha é para reclamar sobre algo... de qualquer forma, deve ter brigado com alguém ou é uma TPM que se recusa a partir.
- que estranho... - falei, e era mesmo, desde a lua de sangue, podia ser apenas uma coincidência ou um engano de Lucy, mas era uma data estranhamente especifica - de qualquer forma, posso ficar aqui até seis e meia?
- A vida inteira se quiser. - ela disse sorrindo.
Subimos para o quarto dela, a pintura lilás era impecável, eu já havia por lá estado milhares de vezes, e mesmo assim nunca me cansava daquele tom perfeito... (eu tinha uma enorme queda pela cor lilás). Ficamos conversando sobre absolutamente nada até seis e meia, depois disso Lucy me levou para casa, sim, ela tinha carteira de motorista, e eu não, e dai?
- Analu... - mamãe disse assim que passei pela porta - eu pensei em fazer algo bem simples para agrada-los, lasanha para o jantar, e podemos comer peixe com batata frita, o que acha?
-Ta ótimo mãe, maravilhoso.
- Pare já de ser sínica garota! não esqueça que sou sua mãe.
ergui os braços em sinal de inocência.
- posso ir me arrumar agora?
Ela se virou e começou arrumar a mesa, corri e a abracei por traz.
- estou brincando mãe, ta tudo ótimo! de verdade, não se preocupe.
Ela sorriu, e senti a tensão dela diminuindo, eu a entendia, depois do meu "sequestro" ela ficara uma mãe super protetora, e tinha motivos para isso.
Tomei banho e me troquei, eu poderia simplesmente escolher qualquer roupa, mas eu queria estar bonita para Daniel... coloquei um vestido vermelho estilo ciganinha e me maquiei, o suficiente para estar apresentável.
Minutos depois a campainha tocou, mamãe me olhou feio antes de abrir a porta, e eu sabia o que aquilo significava, era um "se comporte" pelos olhos.
John e Iris sorriam ao lado de Daniel, será que não haviam considerado a hipótese de minha mãe notar que Iris era tão nova quanto eu?
- Entrem por favor, - mamãe disse educadamente.
Fitei Daniel por um momento, o que ele estava pensando? ele andou até mim e pegou minha mão.
- Anjo. - disse e apertou minha mão - você está linda!
- Por que não vamos comer? - falei - estou faminta...
isso não era de todo uma mentira, mas não era esse o motivo pelo qual eu queria que todos jantassem o mais rápido possível, a questão era que eu queria acabar com aquela situação rapidamente. Todos pareceram concordar.
Sentamos à mesa, John e Iris continuavam sorridentes sem saber o que fazer, aparentemente nunca haviam presenciado uma situação daquelas, na verdade nenhum de nós já havia presenciado, exceto Daniel que parecia totalmente familiarizado com aquilo.
- A lasanha está ótima Anna... - disse John depois de um tempo.
Mamãe assentiu, seus olhos brilhando indicaram o quanto estava nervosa.
- Ela é sua madrasta? - ela perguntou para Daniel apontando para Iris.
- Sim... - ele sorriu - Meu pai se casou com ela à algum tempo.
- Bom, vamos ao que interessa. - John interrompeu - Acho que os dois já são jovens e estão mesmo na idade de conhecer pessoas e... - ele suspirou - namorar.
- Eu gosto de sua filha, - Daniel continuou, havia um nervosismo fofo em sua voz - Eu gosto de verdade dela, - ele sorriu e então olhou para mim - Eu estou total e completamente apaixonado por ela...
- E eu por ele... - falei, mais para Daniel do que para mamãe.
E de repente estávamos oficialmente namorando, assim que esse pensamente invadiu minha cabeça acabei sorrindo, o que resultou numa piscadela de Daniel. Iris nos encarava friamente, eu ainda não conseguia entender o que ela tinha contra mim. Mas eu não estragaria minha noite, que durante todo o dia achei que seria uma catástrofe, pensando no por que de Iris me odiar, já que isso não mudaria em nada minha vida.
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Anjos na escuridão
FantasyA vida de Analu parece perfeita, um namorado que a ama, um trabalho de que gosta, realizando finalmente a meta de tirar sua carteira de motorista... E principalmente, os anjos e demônios em paz entre si. Mas o que ela não contava era que uma revira...