"42"

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Sorri para Daniel ao abrir a porta, ele também estava sorrindo, o que era estranho, porque ele raramente aparecia em público de forma tão serena e descontraída.

Ele me deu um leve beijo nos lábios e me encarou com o sorriso torto.

- O que foi? - perguntei.

- Eu amo você. - respondeu de imediato.

- Eu também amo você, mas... está tudo bem?

- tudo bem, meu Anjo.

- então...? quer entrar?

- Na verdade, tenho outros planos para hoje.

- Eles não incluem luta, certo?

- incluem você e eu, juntos. Só nós.

- Gostei. Para onde vamos? sua casa?

- Não, eu estava pensando em irmos a um lugar especial.

- defina lugar especial.

Daniel sorriu e balançou a cabeça.

-ok, preciso me trocar? - perguntei.

- Está perfeita assim.

- você está estranho...

- você não viu nada, Anjo.

Peguei minha bolsa e entrei no carro. Me lembrei das vezes em que eu me questionaria se era seguro ou não andar por ai com Daniel, e me dei conta de que hoje, eu iria para qualquer lugar sem sequer perguntar onde.

Ele estacionou o carro numa rua estranhamente familiar a mim. Só me lembrei do porquê, quando entramos na lanchonete na qual Mariana e eu estivemos a um tempo atrás. A lanchonete na qual eu encontrara Leinad pela primeira vez.

- Você se lembrou... - sussurrei.

- é claro. - Daniel disse - eu não me esqueceria nem se eu quisesse.

O encarei um tanto perplexa... Como é que eu podia ter tanta sorte? como é que eu podia ser a namorada do melhor cara do mundo?

- Eu me lembrei desse lugar porque foi aqui que aconteceu um dos momentos mais marcantes da minha vida. - Ele continuou enquanto se sentava em uma das banquetas - Quando a vi novamente depois de todo aquele tempo, foi como voltar a viver. Tudo voltou de uma só vez, e eu tive a total certeza de que você é minha. Você é minha como o meu corpo é o meu corpo, e a minha alma é a minha alma.

Sorri, ainda o encarando, paralisada com a grandiosidade daquele momento.

- Eu quero que me diga, preciso que me prometa que vai ser minha para sempre. - Daniel estendeu a mão para tocar a minha - prometa que vai ser a minha Analu, porque eu prometo ser seu para sempre. Por toda a minha vida.

Entrelacei os dedos nos dele e dei um breve sorriso.

- Sou sua. - sorri - pra sempre... e mesmo que eu quisesse, não poderia mudar isso. Sou sua antes mesmo de te conhecer.

Daniel se levantou e pegou algo em seu bolso, era o colar de pedra que ele ficara de me devolver quando nos despedimos em Brighton. Ele se aproximou para colocá-lo em meu pescoço.

- Eu prometo amar você - começou enquanto amarrava o colar - respeitar você, cuidar de você durante todos os dias da minha vida. Eu vou proteger você, sempre e em todo momento. Vou beijar você a maior quantidade de vezes que eu puder por segundo, e vou fazê-la feliz.

Fitei os olhos de Daniel, estavam claros, serenos... perfeitos. Tudo estava, na verdade.

- Eu amo você, meu Daniel.

Sequer havia me dado conta de que todos os que estavam na lanchonete haviam presenciado toda a cena,e agora eles aplaudiam de pé. Alguns casais se abraçavam, lembrando-se, muito provavelmente, do quanto eram sortudos por terem um ao outro.

- E já pode beijar a noiva. - gritou alguém do fundo da lanchonete.

Daniel colou os lábios aos meus tão depressa que me fez perder o ar. Foi um beijo calmo, e como musica de fundo tínhamos os aplausos que aumentaram ainda mais.

Nós estávamos casados. Podia não ter sido perante a igreja, com um padre celebrando, e minha família toda para assistir. Mas estávamos casados, e eu era incapaz, mesmo se fizesse todo esforço do mundo, de imaginar um momento mais feliz que aquele.

Daniel me carregou do carro até a sala de sua casa, segundo ele "tradição é tradição".

- Você é sempre tão cheio de surpresas - falei entre risos.

-As vezes é necessário ser.

- Tenho a impressão de que nunca saberei tudo sobre você...

- Nunca saberá tudo sobre mim. - afirmou.

- se eu souber, terá que me matar?

- é um bom palpite.

Sorri.

- Adoro quando você sorri... - ele disse, fitando minha boca.

- Que bom... porque você geralmente é o motivo dos meus sorrisos.

Daniel sorriu, parecia não saber o que dizer.

- Vem ser minha agora?

Sequer pensei duas vezes, corri para os braços de Daniel e lhe dei um longo beijo.

- Acredito que a melhor coisa que você saiba fazer é beijar... - murmurei - meu Deus, você é incrível.

- Sinto lhe informar que está errada, meu Anjo.

- estou?

Um sorriso perverso surgiu em seus lábios.

- consigo pensar em pelo menos mais algumas coisas nas quais eu sou muito bom.

- Então prove.

- Eu não acredito que se casaram sem mim! - Mariana gritou.

- foi meio repentino. - explicou Daniel pela milésima vez.

- Ainda acho que foi vacilo da parte de vocês. - completou Felipe.

- mesmo que fosse um casamento na igreja eu não convidaria você. - falei revirando os olhos.

- ha há... engraçadinha.

Todos riram.

- Mas fico muito feliz que tenham finalmente se resolvido, - disse Megan - claro que eu queria ter estado presente, mas só de saber que estão felizes já é o suficiente.

Megan havia assumido o lugar de mãe protetora em minha vida, parecia que após a morte de John, ela havia se encontrado no dever de cuidar de mim. E eu estava até gostando disso.

- Obrigada. - respondeu Daniel - deviam seguir o exemplo de Megan e parar de tempestade em copo de água.

- minha melhor amiga se casou sem sequer me convidar! - Mariana gritou novamente.

Daniel e eu trocamos um olhar que por si já dizia tudo: "Lá vamos nós outra vez"...

- e Mike? como ele está com o exercito? - perguntei.

- Mike tem a sua própria maneira de fazer as coisas... desapareceu a alguns dias, mas ele logo volta.

Estávamos na sala de Mariana, todos espalhados nos sofás e no chão, e me dei conta de que eu tinha tudo. Éramos então uma família, e desde que estivéssemos unidos, tudo estaria bem.

Não era um felizes para sempre, mas se isso era real, era o mais perto que podíamos chegar.

Anjos na escuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora