Daniel entrou no mercado exatamente dezessete minutos depois, sei disso pois foram os dezessete minutos mais longos de minha vida. Assim que ele me viu seus olhos brilharam... e eu tive certeza do quanto ele me amava, sempre desposto a sair de onde quer que seja para me salvar, e sempre feliz pelo simples fato de eu estar bem... eu queria poder um dia, ser a metade do que ele é para mim, eu quero poder agradecê-lo verdadeiramente, e não só com palavras.
Ele me abraçou, mas foi um abraço rápido, então me pegou pelo pulso e puxou até seu carro... Não era bem o que eu imaginava que ele fosse fazer, mas levando em conta as circunstancias, era até um ato compreensível...
- o que acha que estava fazendo? - Daniel disse gravemente assim que pegamos a rodovia.
- Eu precisava fazer alguma coisa... eu vim tentar procurar alguma pista, alguma coisa que nos leve a saber o que houve com Dominic, John e Lucinda...
- e por que você veio procurar justo o Mike?
- Felipe disse que ele ia ajudar, eu só precisava fazer algumas perguntas e... no fim ele deu em sima de mim e Felipe foi arrastado para fora, ai ficamos sozinhos, eu empurrei ele e ele me prensou na parede e... - suspirei tentando pegar folego - emfim, isso não importa.
- Ele fez o quê?
- de que parte você está falando exatamente?
- Mike deu em sima de você?
- mais ou menos, ele só disse umas coisas mas não foi nada de mais...
- ah meu Deus! - ele disse - por que é que tudo tem que dar errado para mim?
(foi uma pergunta retórica, por isso sequer o respondi)
- do que está falando Daniel? por favor, esse cara é só um idiota convencido.
- ele era meu melhor amigo... eu o conheço mais do que conheço a mim mesmo, sei que ele jamais machucaria você, mas se ele disse qualquer coisa que simbolize uma atração, mesmo que pequena, por favor, você tem que me dizer...
- Ele não disse nada... - menti.
- tem certeza?
- sim, eu tenho certeza...
Ele assentiu, mas eu sabia que ele não tinha acreditado, eu mentia muito mau... isso era fato.
Quando paramos na porta da minha casa, Daniel me encarou por um momento antes de massagear a ponte do nariz.
- Eu desmaiei o Mike, eu fiz isso sozinha... você não acha isso legal?
- não... você não faz esse tipo de coisa, você faz a idiotice e espera que eu te salve... é esse o roteiro, tem sido assim desde sempre, então tem que continuar sendo! você não desmaia o vilão, você é a parte boba da historia, você é a pessoa que sempre está no lugar errado, na hora errada! você faz pessoas como eu abrirem mão da própria felicidade só por ter um rostinho bonito... e quer saber? eu estou cansado disso!
- Daniel... - eu disse horrorizada - eu... eu sinto muito...
- é, eu sei! você sempre sente muito... nunca é sua culpa, eu já estou vacinado com relação a pessoas assim! eu conheci milhares iguaizinhas a você... e sabe o que aconteceu com elas? elas morreram por que não tinham um idiota para rodear elas o tempo todo.
A essa altura eu já estava chorando, lagrimas pesadas rolavam de meus olhos.
- um rostinho bonito não é... já entendi.
dizendo isso desci do carro rapidamente.
- vê se fica longe de problemas, eu não vou mais proteger você!
- eu não preciso que me proteja! vá em bora daqui...
Entrei em casa correndo e subi para o quarto, entre os soluços do meu choro eu tentava mandar uma mensagem para Lucy, mas acabei por deitar na cama e chorar descontroladamente até pegar no sono.
Quando acordei no dia seguinte, recebi a noticia de que Lucinda havia sido encontrada, corri até a casa de Lucy o mais rápido que pude, mal tive tempo para pensar nas coisas horríveis que Daniel havia me dito, e isso foi bom, pois eu acho que não suportaria novamente aquela dor, na verdade eu tinha certeza disso. Assim que cheguei na porta da casa dela, a primeira coisa que vi foi o Civic preto, fiz a melhor cara que consegui e entrei sorrindo, de fato Daniel estava na sala conversando com um dos policiais, ele me viu assim que entrei, e notei que seus olhos estavam mais melancólicos do que nunca, pensei em mostrar a ele que estava mal também, mas eu não ia fazer isso, não depois do que ele havia dito, então sorri ao ver Lucy e a abracei "Alegremente"... Ele me encarava do outro lado da sala, fingi nem tê-lo notado.
- eu estou tão feliz que você esteja aqui, com Lucinda e você eu me sinto completa novamente! - ela disse enquanto me guiava pela mão até perto de Daniel, na verdade eu não havia notado onde estávamos indo até que fosse tarde de mais. - ainda bem que seu namorado a encontrou perto do...
- Ex... - falei secamente.
Daniel me encarou e fez que não com um olhar de quem pede desculpas.
- Ex? -Lucy perguntou - mas eu pensei que... tá, que seja!
Eu estava prestes a chamar Lucy para longe dali quando a mãe dela pediu sua ajuda, assim que ela se afastou eu me preparei para afastar também mas fui interrompida por Daniel, que me segurou pelo pulso.
- Nós temos que conversar... - ele disse me fitando com aqueles olhos negros.
- Não tenho nada para falar com você, agora me deixa em paz... - falei e puxei meu braço, embora eu ainda quisesse continuar ali.
- mas eu tenho muito para falar, eu posso começar pedindo desculpas...
- não quero ouvir nada!
- Você tem que me ouvir Analu!
- Não Nathaniel... ! me deixe em paz... - falei me afastando, ele andou atrás de mim.
- você... costumava me chamar de Daniel. - disse pegando meu pulso novamente.
- me solta! - falei novamente.
- algum problema por aqui? - um policial que estava na sala perguntou nos encarando, Daniel soltou meu pulso.
- Nenhum... - ele disse secamente e saiu xingando baixinho.
- Eu não fui com a cara desse garoto, e não gostei nada da forma que ele falou com você... tome aqui o meu numero, se ele voltar a te incomodar é só me ligar...
Agradeci e fui a procura de Lucy, eu queria me despedir e voltar para minha cama, onde eu poderia chorar o dia todo sem ser interrompida...
Frank ia me demitir com certeza, e a escola logo constataria minha mãe de minhas faltas absurdas, mas nada daquilo importava naquele momento, nada realmente importava naquele momento.
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Anjos na escuridão
FantasyA vida de Analu parece perfeita, um namorado que a ama, um trabalho de que gosta, realizando finalmente a meta de tirar sua carteira de motorista... E principalmente, os anjos e demônios em paz entre si. Mas o que ela não contava era que uma revira...