"21"

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Depois de convencer mamãe de que eu havia demorado por causa da pizza, subi para o meu quarto e me joguei na cama, sem nenhum pingo de sono. Aquilo tudo estava muito estranho, um bebê, uma foto minha... o que mais faltava para eu entender que ele era encrenca? Eu tinha que tomar cuidado, Daniel não estava ali para me proteger.

Fui para minha escrivaninha, precisava desabafar!


Daniel...

As coisas aqui estão bem complicadas e assustadoras, se lembra do Leinad? ele não é tão perfeito quanto parece, na verdade, minhas desconfianças são de que ele sequer seja perfeito... Estava em sua casa, ele havia me deixado sozinha na sala, quando uma mulher entrou e me deu um bebê, eu não sei o por quê, mas estou com medo de descobrir... E isso não foi a unica coisa de estranho que aconteceu hoje, Leinad tinha uma foto minha na estante de seu quarto. Só pode ser duas coisas: Ou ele planejara aquele encontro na lanchonete, ou ele é uma pessoa super possessiva... as duas coisas me parecem ruins, não sei o que fazer. Eu estou com medo Daniel. Você não vai voltar não é? o pior de tudo é que sei a resposta, e ela me destrói todos os dias, ela me lembra todos os dias que a culpada disso tudo sou eu. Mas Daniel, meu amor, te amar foi a melhor coisa que já me aconteceu, e eu nunca vou me arrepender disso... Mesmo que dentro de mim não exista mais nada além de dor e solidão. Você é o meu anjo, e eu sinto muito a sua falta.

Com todo o amor do mundo, sua Analu;

A carta foi para a gaveta junto com suas inúteis colegas, e sei que chorei até pegar no sono.

Acordei já era de manhã, o dia estava claro como geralmente não era em Londres. O sol brilhava bem alto no céu, eu sabia disso pois dava para ver de minha janela. Me levantei e troquei de roupas, meu cabelo estava de bom humor por algum motivo. Tudo estava bem.

- Analu... - uma voz familiar disse.

Me virei calmamente, Daniel me encarava com o sorriso mais lindo estampado no rosto.

- Daniel -tentei gritar, mas minha voz tinha sumido - Daniel eu te amo, eu te amo muito!

Corri e o abracei, seu corpo tocando o meu, seus grandes braços em torno de mim, seu cheiro me invadindo.

- Eu senti sua falta anjo. - ele disse sorridente.

- E eu a sua!

Então o beijei, e eu estava inteira novamente. Lagrimas começaram a escorrer em meu rosto.

- Eu estou aqui Anjo, - ele disse baixinho em meu ouvido - eu estou aqui...

- Daniel, promete que não vai sumir de novo?

Ele me encarou sério, seus olhos estavam claros, coisa difícil de acontecer. Um sentimento estranho começou a surgir.

- Promete Daniel? - questionei.

- Eu te amo Analu... Nunca se esqueça disso. - ele passou a mão em meus cachos.

- Daniel,por que não me responde? - a essa altura eu já estava chorando ainda mais.

- Eu estou aqui Anjo, estou com você,eu não vou em bora... estou com você.

Suspirei aliviada, meu coração se acalmando aos poucos.

- Onde você esteve? - perguntei.

- Aqui. - Ele apontou para o meu peito.

- Eu senti tanto a sua falta! - comecei a soluçar durante o choro, como um bebê.

- não chore, eu estou aqui agora...

Nos beijamos novamente, mas as lagrimas não paravam de rolar.

- Eu conheci uma pessoa... - falei.

- sei disso meu anjo.

- leu as cartas? - perguntei.

- todas elas. - ele sorriu.

Seus olhos estavam tão serenos, tão doces.

- Leinad não é o que eu pensava... você sabe quem é ele?

Daniel fez que não.

- Não sei o que fazer! - confessei.

- talvez você só esteja olhando pelo angulo errado...

- não importa, agora você está aqui! nada mais importa...

O rosto de Daniel ficou sério, totalmente indecifrável.

- O que foi? -perguntei.

- Eu estou aqui. -ele sorriu - nada mais importa...

- sim!

Daniel me puxou para um beijo, e assim que nossos lábios se tocaram meu coração acelerou.

De repente senti o colchão de baixo do meu corpo, e os cobertores quentes me cobrindo, senti meu rosto no travesseiro e o pijama, ainda sem ser substituído por uma roupa adequada. Abri os olhos, ainda era noite e eu estava sonhando. Comecei a chorar tão alto que segundos depois, mamãe entrou no quarto.

- O que foi meu amor? -ela disse vindo me abraçar.

Continuei chorando sem dizer nada.

- Não chore anjo, eu estou aqui... shh... eu estou aqui... - Mamãe dizia enquanto me embalava com sua voz doce.


Anjos na escuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora