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Acabamos por assistir à um filme sobre entidades que se apoderavam de outros corpos, e no final, eu sequer me lembrava do nome...

- Está com medo? - Leinad perguntou assim que entramos no carro.

Fiz que sim, ciente de que passaria a noite sozinha no meu enorme quarto.

- acha mesmo que essas coisas podem acontecer? - questionou sorrindo.

- o que?

- o corpo ser de alguém, mas o que está dentro... de repente, não ser.

Nós dois trememos. Ele ligou o carro.

- não sei Leinad... - disse, há tempos que poucas coisas me surpreendem. Se eu acreditava nessas coisas? é claro que sim.

- bom... - Leinad disse encerrando o assunto - vamos comer alguma coisa agora?

Chequei rapidamente o visor do meu celular, eu ainda tinha uma hora e alguns minutos.

- Tudo bem, aonde vamos?

- que tal... minha casa?

Engoli em seco.

- sua casa? -perguntei.

- Sim... podemos pedir uma pizza, e assistir um filme mais calmo, - ele sorriu - não quero te ver com essa carinha de assustada nunca mais... e sei que não vai conseguir dormir esta noite.

- sim mas...

- é só pra te acalmar, te fazer esquecer um pouco... - Leinad disse me interrompendo.

Meditei alguns segundos sobre o assunto, ir para a casa de um cara que eu mal conhecia? ou passar a noite assustada pensando no filme? Encarei-o, como duvidar de alguém tão gentil?

- Tudo bem, - falei - a pizza vai ser de calabresa?

- o que você quiser... anjo. - Ele disse e deu uma piscadela.

Eu estava completamente calma, até que ele entrou na rodovia. Não que eu desconfiasse de Leinad ou algo assim, mas eu gostava de me manter situada.

- Leinad... - falei.

- sim?

- Onde estamos indo?

- eu já disse anjo, na minha casa...

- e onde fica a sua casa?- perguntei.

- já estamos chegando... não se preocupe.

fiz que sim, mas a resposta dele não esclareceu minhas duvidas...Depois de alguns minutos, para minha felicidade, Leinad parou o carro em frente uma casa. Estilo colonial, de tijolos num tom avermelhado, e portas e janelas de uma madeira igualmente vermelha. Mogno sempre foi o meu tipo de madeira favorita. No segundo andar havia uma grande janela de vidro, bem a frente, e de onde estávamos dava para ver que era uma biblioteca. A porta de entrada era dupla e grande, e me lembrava o verão por algum motivo. A casa parecia uma pousada, mas depois de um tempo a encarando tive a noção de que, afinal, ela combinava com Leinad.

- Casa bonita... - falei boquiaberta.

- é... ela tem um certo charme.

Já estávamos na grande porta de entrada, quando Leinad me encarou com uma expressão meio séria e preocupada.

- o que foi?

- é que... eles podem ser um tanto intrometidos as vezes, e nunca sabem ser discretos e...

- eles quem? - perguntei.

- minha... família - ele sorriu - meus pais e irmãos.

- então... há pessoas ai? - falei, começando a me odiar por sequer suspeitar de Leinad.

Anjos na escuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora