Branco imundo.

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Pela traqueia, como lâmina
passa aquilo que não pode ser dito.
É involuntária a ânsia
do martírio escarrado e doído.

A pele branca reflete sagaz,
acompanhada do primata.
Este século me faz
querer jogar-me da escada.

Atirar à queima roupa,
— entra em labirintos de formiga!
São as moscas na sopa,
a tua decisão me intriga.

Extrai-se do inconsciente
os vocábulos mais ilegíveis.
É como a lava ardente
entrando por uma impinge.

Na bunda! Na bunda!
Da pele branca.
Este choro me inunda,
só de imaginar uma transa...

Vossos dedos entrelaçados...
Oh céus! Eu não posso suportar.
O calor em teu abraço...
Acho que estou a sufocar.

É nojento, é imundo.
É um cuspe na cereja.
Percebo que estás em outro mundo.
Percebo que dormes em outra seda.

Está entalado, não há escape.
Leva-me ao psiquiatra,
quem sabe ele te mata
empunhando uma estaca.   

- William Philippe - 13.09.15

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