Poema de sete faces e quase meia.

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E eu cheguei à última folha disto,
então tem que ser um poema rotundo.
Quase escreverei em prosa. Falarei sobre destituídos,
falarei sobre Raimundo e o vasto mundo.

Falarei sobre escravos e votos de cabresto,
falarei sobre a Bíblia e sua ilusão.
Discutirei o mercado chinês com seu governo.
Entenderei e atenderei a pedidos da multidão.

E esquecerei de mim, neste último poema.
Fazendo rimas ricas, vestindo-me como um boçal.
Analiso Fiódor Dostoiévski, desfruto do seu dilema.
Serei explicado a alunos por um intelectual.

Qualquer poema é igual, nada me preocupa.
Escreverei desaforos à Academia Brasileira de Letras.
Direi a verdade, estou sucumbindo à loucura.
Então olhai minha obra, homenageai-me numa estatueta.

Por que Drummond tem e eu não?

- William Philippe 24.10.15

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