Poemas à Morte - 7

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Refrangia-me, ela, por sorte
em estado oculto a vislumbro.
O reflexo de sua pele era morte,
o seu olhar destroçara o mundo.

A alma dela havia evocado
o meu nome em vias sórdidas.
Eu pressentia o perigo, abstrato
era o brado: — Vai embora!

Por trás do mastro me encobria,
sentia o sopro gélido pelas costas.
Sobre o altar se via
a dama da noite, saudosa.

Aproximei-me — temente —, perguntei-lhe:
— Quem és tu, grandiosa?

— Eu sou a vida e eu sou a morte,
sou o que o diabo teme.
— Eu sou o fio de corte,
sou quem suga do ventre.

Ela me buscara para o fim,
trazia, consigo, em seu inventário
sangue de querubim.
Gritos ressoavam no palácio.

Sua foice partira o chão,
por baixo dos tecidos, avistava:
o sangue corria, então
a morte se matara?

O que entrou em minh'alma
era quente como sangue.
Algo, por dentro, sugava-me,
dei-me à morte em um instante.

- William Philippe 30.08.15

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