CAPÍTULO 2.

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Rayza sentou-se em um banco da praça, que por sinal era muito perigosa, por ser próxima ao ponto de tráfico do Alemão, mas, foi ali que ela havia marcado com Victória, então foi ali que ela ficou sozinha, durante uns cinco minutos.

A tristeza que havia em seu olhar desapareceu por um instante, na hora em que avistou a amiga, um pequeno sorriso abriu em seus lábios, foi o primeiro daquelas duas semanas de problemas, esse sorriso, obviamente era consequência de saber que a amiga estaria com ela, e também por causa da roupa que ela estava vestida - Victória era daquelas meninas que não se envergonhavam de vestir-se vulgarmente, e era assim que ela estava vestida, um cropped com um enorme decote em renda, e as costas em uma tela transparente, uma "calcinha jeans", pelo menos, era o que mais parecia, um tênis com estampa de oncinha, e uma bolsinha de couro com alças sobre o ombro direito.

- Sim, amiga... Explica ai o porque dessa tristeza, que eu não estou entendendo, e não, não diga que é por causa da sua mãe, saiba que onde ela estiver, estará olhando para você, e não quer que ela te veja triste, não é?! - disse Victória, gesticulando na mesma agilidade em que falava.

- Como se já não bastasse, minha mensalidade na faculdade está atrasada, tenho 48 horas para efetuar o pagamento, além disso, ainda não me recuperei pela perca da minha mãe, acho que nunca vou me recuperar. - desabou Rayza entregando-se aos prantos.

- Não amiga, não chore. Levanta esse rosto e olhe pra mim - Victória se levantou e continuou - Ta vendo minha bolsa de couro? Pois é, custou apenas 750,00 reais. Ta vendo meu óculos? 475,00 reais. E você não acha que eu paguei isso tudo, ou acha?

- Não, não acho, mas, onde você quer chegar com isso? - Rayza perguntou.

- Eu vou te contar uma coisa, mas jura que vai guardar segredo eternamente?

- Juro, pode me falar!

- Eu fiz e faço programas, pago todas minhas dívidas e ainda sobra dinheiro, você tem que entrar nisso também! - Victória disse, fazendo uma expressão de otimismo.

- Como assim? Eu não posso, nem vou conseguir... - disse Rayza, ainda chorando!

- É a sua única opção... Bom, se você quiser, te levo pra conhecer um carinha agora mesmo.

- Mas... - é interrompida pela companheira.

- Mas nada, você faz isso, ou para de estudar... Você que escolhe!

- Você tem razão, é a minha única opção... Se eu quiser ser médica, vou ter que fazer isso, vamos? - respondeu Rayza, enquanto levantava do banco com agilidade.

Ela achava que estava preparada... Talvez realmente estivesse.

- Assim que eu gosto de ver.

Rayza não sabia para onde Victória estava a levando, a paisagem só piorava, debaixo do morro, aquela escadaria aparentava não ter fim - típico das favelas - e a cada degrau a situação piorava... Traficantes armados agredindo a comunidade, barulho de tiro para todos os lados, e coisas ainda piores.

- Vick, pra onde você está me levando? - perguntou Rayza, preocupada.

- Relaxa, menina. Já chegamos! - respondeu Victória, enquanto batia na porta de uma casa que estava prestes a desmoronar.

- De quem é essa cas... - a porta se abriu e uma morena, de cabelos afro e olhos pretos, saiu na porta.

- E ai Chilena, "de boa"? O Alemão tá na área? - perguntou Victória!

- Espera ai - fechou a porta, e mesmo do lado de fora, foi possível escutar os gritos - Oh Alemão, a Victória tá aqui na porta com uma "mina" ai.

- Manda ela entrar, ué. - respondeu uma voz rouca e assustadora, supostamente do tal Alemão.

O que essa voz tinha de rouca e assustadora, tinha de sedutora.


Um final nada feliz!Onde histórias criam vida. Descubra agora